Darlan Alvarenga - Do G1 em São Paulo
São Paulo - O empresário Roberto Setubal deixará a presidência do Itaú Unibanco, após 22 anos na função. A aposentadoria de Setúbal já era esperada pelo mercado e foi confirmada nesta quarta-feira (9). O novo presidente do banco será o executivo Candido Bracher, atual diretor presidente do Itaú BBA, o banco de investimentos do Itaú. Bracher é um dos acionistas minoritários do Itaú, filho de Fernão Bracher, fundador do banco BBA, comprado pelo Itaú em 2002.
A substituição ocorrerá após a assembleia de acionistas, prevista para abril de 2017. Setúbal assumirá a função de co-presidente do conselho de Administração do Itaú, em conjunto com Pedro Moreira Salles, ex-presidente do Unibanco e atual acionista do Itaú.
As ações do banco fecharam em queda de 3,2%.
Setubal é um dos acionistas do Itaú e presidente do banco fundado por sua família desde (1924). O empresário, filho do ex-prefeito de São Paulo Olavo Setubal, liderou o processo de expansão do Itaú no Brasil e na América Latina. O Itaú Unibanco é hoje o maior banco privado do país e a maior instituição financeira da América Latina.
Processo de sucessão
A substituição de Setubal já era esperada pelo mercado até o ano que vem. Pelo estatuto do banco, a idada máxima permitida para o presidente da empresa é 62 anos. Setúbal fez 62 anos em outubro.
Setubal disse sair da presidência "realizado" e "feliz". "Me sinto amplamente realizado por tudo que foi feito ao longo desses 23 anos, no qual tivemos um crescimento bastante expressivo de mais de 20% ao ano", disse Setubal ao anunciar a sua saída. Ele disse que não pensa em se aposentar e que não há planos para alterar o estatuto para elevar a idade limite para aposentadoria compulsória para membros do conselho, hoje de 70 anos.
Pedro Moreira Salles lembrou que em razão da idade de Bracher e do limite estatutário de 62 anos para a presidência da holding, o mandato do novo presidente será de 4 anos. "Igual a um mandato presidencial, o que não é pouca coisa", disse.
Novo presidente
Candido Bracher fará 58 anos em dezembro e, atualmente, exerce três funções dentro do Itaú: é diretor presidente do Itaú BBA, o banco de investimentos do grupo, diretor de Atacado do Itaú e vice-presidente da holding, que reúne as diversas empresas do grupo.
O executivo disse que pretende fazer um "trabalho de continuidade" e que buscará desenvolver "uma cultura interna digital" no banco. A gestão atual tem sido marcada por foco em aumento das receitas com serviços, maior uso da tecnologia e internacionalização.
Os banqueiros afirmaram ainda que o plano de internacionalização do Itaú Unibanco não muda com as trocas de cargos.
Os banqueiros Setubal e Salles disseram que o processo de escolha de Bracher ocorreu de forma natural e por consenso, levando em conta o conhecimento do executivo sobre os negócios da companhia e o reconhecimento interno dentro do banco.
Outras mudanças
A sucessão de Setubal desencadeou uma dança de cadeiras no comando executivo no banco. Para a diretoria de atacado, posto ocupado até então por Bracher, foi indicado Eduardo Vassimon, atual vice-presidente financeiro do grupo. Para o lugar de Vassimon, o Itaú Unibanco nomeou Caio David, atual tesoureiro do banco, que retornará ao comitê executivo do banco como vice-presidente.
A área de varejo da instituição será comandada por Marcio Schettini, substituindo Marco Bonomi, que também alcançou a idade limite para o cargo de diretor e será indicado para integrar o conselho de administração.
O banco anunciou ainda André Sapoznik para o cargo de vice-presidente e diretor das áreas de tecnologia e operações, em substituição a Marcio Schettini.