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São Paulo – O Brasil registrou 377 mortos pela covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, em março, são 137.272 vítimas, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Já o número de infecções chegou a 4.558.068, com o acréscimo de 13.439 casos confirmados em um dia. Às segundas-feiras, os dados da covid-19 tendem a receber menos notificações, devido ao menor funcionamento de entidades de medicina diagnóstica nos fins de semana.
Isso, sem contar com a ampla subnotificação que afeta o país. O Brasil é um dos países do mundo que menos testa para a covid-19. De acordo com dados do último mês, apenas 6% da população já havia passado por algum tipo de exame diagnóstico.
A média móvel das últimas três semanas segue em torno de 800 mortes por dia. No início de setembro, houve um recuo nas fatalidades, já que nas 12 semanas anteriores, as mortes estavam acima das mil por dia, em média. De fato, os últimos sete dias, registraram leve aumento em comparação com o período anterior.
A pandemia de covid-19 é a maior tragédia sanitária da história da humanidade em mais de 100 anos, após a Gripe Espanhola de 1918. Já são mais de 31 milhões de infectados em todo o mundo e, no mínimo, 961 mil mortos. A subnotificação, que é severa no Brasil, também afeta outros países.
Um exemplo de subnotificação está em curso na Europa. O continente foi duramente afetado antes do Brasil, entre fevereiro e maio. Naquele período, as curvas epidemiológicas de países como Itália, Espanha e Inglaterra registravam uma mortalidade mais severa do que a ciência pode perceber com a continuidade da pandemia.
O fato se explica em razão da baixa disponibilidade de testes no início do surto. A primeira onda impactou o continente de forma veloz, por isso, alta mortalidade em relação ao número de casos. Agora, a Europa se prepara para uma segunda onda, que deve atingir os países nos próximos meses.
O número de casos por dia na Espanha e França, por exemplo, já supera os registrados no início da pandemia. Entretanto, com menor mortalidade. Cientistas apontam como explicações uma maior contaminação entre jovens, além de muito mais testes disponíveis.
Em meados de 2019, a Universidade Jons Hopkins, referência em epidemiologia no mundo, sediada nos Estados Unidos, elaborava um estudo teste sobre um novo vírus. O patógeno foi “apelidado” de Síndrome Pulmonar Associada ao Coronavírus (Caps). Poucas semanas depois, a China anunciava ao mundo o novo coronavírus (Sars-Cov-2).
A “previsão” não se trata de um simples exercício bem-sucedido de futurologia. No modelo de estudos da universidade, o vírus teria início em criadouros de porcos brasileiros e rapidamente se espalharia pelo mundo, com potencial de 65 milhões de vítimas. Estudos como este são comuns para epidemiologistas, que possuem a intenção de se antecipar a cenários mais graves para ajudar a mitigar efeitos mais catastróficos.
Estudos assim passaram a ser mais comuns, já que a disseminação de novos vírus possui relação com irresponsabilidades humanas cometidas contra o meio ambiente. Entre os principais fatores, apontados em texto do Jornal da USP, assinado pela jornalista Fabiana Mariz, estão: “destruição de habitats naturais, manuseio de carne sem os protocolos de higiene, consumo de animais silvestres, criação intensiva de animais domésticos e mudanças climáticas”.
Para o biólogo e professor da USP Marco Mello, “se temos um maior contato com animais – seja por meio da caça ou da criação – e não tomamos as devidas precauções sanitárias, os patógenos vencem mais uma barreira também”. A covid-19 não foi novidade, continua. “Febre amarela, ebola e HIV são exemplos de spillover (vírus transmitidos de animais para humanos) e que já causaram muitas mortes”.