RBA
Fabio M. Michel
No boletim desta terça-feira (2) sobre a situação da pandemia de covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde afirmou que 1.262 novas mortes foram oficialmente registradas em decorrência da infecção nas últimas 24 horas. É o maior número de óbitos contabilizados em um só dia desde a chegada do novo coronavírus ao país, em fevereiro.
O recorde negativo anterior foi em 21 de maio, com 1.188 mortes em 24 horas. O Brasil totaliza agora 31.199 óbitos e está, na prática, a um dia de ultrapassar a Itália – com 33.530 – em número de vítimas. Quando isso ocorrer, o país passará a ser o terceiro do mundo em total de mortos pela covid-19 e ficará atrás apenas do Reino Unido (atualmente com 39.451 mortes) e Estados Unidos (104.043).
Em número de novos casos registrados, também recorde, foram 28.936 de ontem para hoje. Agora o país soma 555.383 casos confirmados. Cerca de 223 mil pessoas contraíram o vírus, mas se recuperaram da doença.
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) Carissa Etienne alertou hoje que a curva de contaminação do novo coronavírus nas Américas segue em crescimento acentuado e que “os governos deveriam pensar duas vezes” antes de decidir flexibilizar as medidas de isolamento, que seguem sendo a atitude mais eficaz para conter a contaminação. “Pensem duas vezes antes de flexibilizar medidas de distanciamento social. O distanciamento social continua sendo nossa melhor estratégia para conter a propagação do vírus”, declarou a especialista, em entrevista coletiva pela internet.
Por sua vez, ao sair do Palácio do Planalto na manhã de hoje, Bolsonaro atendeu ao pedido de uma apoiadora para que dissesse uma mensagem de conforto para as famílias em luto pelos seus mortos: “A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”, afirmou, sem esboçar nenhuma estratégia para enfrentar a pandemia. Completaram-se 18 dias que o governo não tem ministro da Saúde, desde a saída de Nelson Teich.
O estado de São Paulo registrou 327 mortes causadas por coronavírus nas últimas 24 horas, o maior número em um dia desde o começo da pandemia, e acumula 7.994 óbitos, também segundo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde. O número de novos casos também foi o mais alto da crise de covid-19: 6.999, totalizando 118.295 pessoas contaminadas no estado, que segue sendo o epicentro da doença no país. A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 73,5% no estado e de 85,3% na Grande São Paulo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
A expansão da contaminação, na região metropolitana da capital e também no interior e litoral, já era esperada, mas não foi suficiente para fazer o governador João Doria (PSDB) desistir de anunciar, na semana passada, um plano de flexibilização por regiões, a partir desta segunda-feira (1º). No primeiro dia da reabertura, o índice de isolamento foi de 47% no estado e de 49% na capital.