São Paulo – Mesmo com resultado extremamente positivo em 2015, quando registrou o maior lucro de sua história (R$ 15 bilhões), o Bradesco segue passando a tesoura nos postos de trabalho. A bola da vez agora é a Cidade de Deus, concentração do banco onde está ocorrendo uma série de demissões.
“O Sindicato monitora as demissões e já observamos que em março o volume é superior à média. Não é possível que mesmo com um resultado tão vistoso, o banco não valorize os trabalhadores que construíram esse sucesso. Em 2015, o lucro foi 16,4% maior que o do ano anterior. Somente com a receita de prestação de serviços e tarifas, o Bradesco cobre em 134,7% sua despesa de pessoal”, diz o dirigente sindical e funcionário do Bradesco Marcelo Peixoto.
Marcelo lembra que no ano passado o banco extinguiu 2.659 vagas, encerrando 2015 com 92.861 funcionários. Apenas no quarto trimestre de 2015, em comparação com o trimestre anterior, o banco eliminou 835 empregos. “Além dos trabalhadores demitidos, sofre também o cliente, que vê o atendimento piorar, e o bancário que permanece na instituição, que vê crescer a já enorme sobrecarga de trabalho a qual está submetido. A rotina nas agências e departamentos está insuportável. Faltam funcionários e o banco precisa repor estes cartuchos com urgência”.
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O dirigente sindical João Paulo acrescenta que o banco está em vias de comprar as operações do HSBC no Brasil por R$ 5,2 bilhões. “Alegar que está cortando custos, ao mesmo tempo em que apresenta um lucro líquido gigantesco e se prepara para adquirir o HSBC, não pode servir como justificativa para qualquer demissão. É preciso reforçar que, em mesa de negociação, o Bradesco se comprometeu em não realizar demissão em massa por conta da incorporação do HSBC”.
“O Sindicato questionou o banco quanto aos cortes na Cidade de Deus, que por sua vez ficou de apresentar um levantamento, mas ainda não o fez. Vamos também solicitar uma reunião para debater o problema. Não aceitaremos tamanha falta de respeito com os trabalhadores. Exigimos o fim imediato das demissões”, conclui João Paulo.
Felipe Rousselet - SEEB/São Paulo