São Paulo – O Bradesco é um dos maiores conglomerados financeiros da América Latina, com mais de 90 mil funcionários. Só no ano passado lucrou R$ 15,3 bilhões, crescimento de 26% em relação a 2013. A grandeza é tanta que acabou de anunciar a compra do sexto maior banco atuante no país, o HSBC, somente com o dinheiro do caixa, sem precisar emitir ações.
Mas, mesmo com todos esses índices de fazer inveja a qualquer empresa do mundo, a instituição financeira insiste em não conceder auxilio-educação aos seus trabalhadores. A negativa é uma queixa recorrente entre os empregados do banco, que se sentem desvalorizados. “Eu queria estudar, mas não posso pagar a mensalidade com o que eu ganho”, relatou um bancário do Prime durante a greve da Campanha Nacional 2015. “Seria uma forma de demonstrar valorização se o Bradesco concedesse bolsas de estudo”, acrescentou um colega.
A política de carreira fechada praticada pelo Bradesco, que contrata apenas profissionais dos níveis hierárquicos mais baixos e iniciais para desenvolvê-los internamente ao longo do tempo, seria mais um bom motivo para investir na formação dos empregados. Além disso, os funcionários do HSBC, recém-adquirido, possuem o direito.
O dirigente sindical Marcio Vieira destaca que o auxílio-educação é uma antiga reivindicação dos bancários, que cobram uma mesa de negociação para aprofundar a discussão do tema. “Não possuir uma política definida para concessão de bolsa de estudos é um retrato arcaico e conservador dessa diretoria que recebe bônus vultosos anualmente. E Fundação Bradesco não é universidade, então essa desculpa não convence!”
Os bancários têm agora, à disposição, a Faculdade 28 de Agosto, do Sindicato. “Trabalhadores de outros bancos puderam se inscrever para o vestibular de Administração, já que contam com o auxílio-educação. Mais uma vez, o Bradesco ficou devendo”, reforça o dirigente.