Não houve nenhuma mudança no que foi apresentado no último dia 9 de setembro, oferta que está muito distante das reivindicações dos trabalhadores, que incluem reposição da inflação do período (9,62%) mais 5% de aumento real, entre outras demandas de saúde, condições de trabalho, segurança, igualdade de oportunidades e garantia de emprego, temas que os banqueiros simplesmente desprezaram até agora.
A resposta dos bancários e das bancárias é a luta. A greve nacional da categoria chegou ao seu 10º dia com muita força. Nesta quinta-feira (15), 12.608 agências e 49 centros administrativos tiveram as atividades paralisadas em todo o Brasil. Diante da intransigência da Fenaban, a paralisação vai crescer ainda mais, avisa Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários.
“Os banqueiros agem com total descaso ao tentar impor perdas de 2,39%, já que insistem em não repor a inflação, e ainda, desvalorizar os bancários, sem atender às demais reivindicações. É inadmissível que o setor que continua a lucrar tanto, mesmo em tempos de crise, opte por um papel tão nefasto de falta de responsabilidade social com seus funcionários e com a economia do país. Nossa resposta está nas ruas, nas agências, com a nossa greve aumentando. Continuamos dizendo a cada bancário: Só a luta te garante”, ressalta Roberto.
“Isso tem nome: desrespeito. Mais uma vez, os banqueiros chamaram o Comando para uma negociação sem levar nenhuma novidade para a mesa”, condena o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira. “A greve vai crescer até ter uma nova proposta, que inclui reajuste digno e manutenção do emprego para a categoria”, completa Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
Lucros exorbitantes X Desemprego
Com os lucros nas alturas, os cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) lucraram R$ 29,7 bilhões no primeiro semestre de 2016, mas, por outro lado, houve corte de 7.897 postos de trabalho nos primeiros sete meses do ano. Entre 2012 e 2015, o setor já reduziu mais de 34 mil empregos.
A população também paga o pato com a ganância dos banqueiros. A taxa de juros do cheque especial bate recordes a cada mês. De acordo com dados do Banco Central, chegou a 318,4% ao ano, no mês de julho (última pesquisa divulgada). No cartão de crédito, os números são ainda piores, com taxa de juros de 470,7% ao ano.
Principais reivindicações dos bancários:
- Reajuste salarial: reposição da inflação (9,62%) mais 5% de aumento real.
- PLR: 3 salários mais R$ 8.317,90.
- Piso: R$ 3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
- Vale alimentação no valor de R$ 880,00 ao mês (valor do salário mínimo).
- Vale refeição no valor de R$ 880,00 ao mês.
- 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$ 880,00 ao mês.
- Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
- Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
- Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.
- Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
- Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
- Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).