São Paulo - Os bancários de bancos públicos e privados entram em greve por tempo indeterminado nesta terça-feira (6), em todo o País. É a resposta que os trabalhadores decidiram dar para a proposta desrespeitosa apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na última rodada de negociação, ocorrida no dia 25 de setembro. Os bancários participam de assembleias dos sindicatos nesta segunda-feira (5) para organizar o movimento.
A categoria reivindica 16% de reajuste (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real), entre outras pautas, como o fim do assédio moral e das metas abusivas. A Fenaban ofereceu apenas 5,5%, o que representa perda real de 4% para os salários e demais verbas da categoria, já que a inflação acumulada de agostou ficou em 9,88% (INPC).
Outra proposta rechaçada pelos bancários foi o abono de R$2.500,00, o qual não se integra ao salário, incide imposto de renda, INSS e representa total retrocesso em relação aos últimos anos. Entre 2004 e 2014, os bancários conquistaram, com muita mobilização, 20,7% de ganho real nos salários e 42,1% nos pisos.
"Quem está jogando os bancários para a greve é a Fenaban", afirmou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional. "A atitude dos bancos é desrespeitosa e oportunista. Essa proposta rebaixada vem justamente do setor que lucrou R$ 36,3 bilhões somente no primeiro semestre deste ano. Com um crescimento de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A resposta dos bancários não poderia ser outra senão greve. Exploração não tem perdão", completou.
Na última sexta-feira (2) o Comando Nacional enviou um oficio à Fenaban, para oficializar a aprovação de greve nacional unificada pela categoria. Na quarta-feira (30), o Comando já havia informado à Fenaban que está disposto a retomar negociações, desde que os bancos apresentem proposta que contemple as reivindicações dos trabalhadores, mas não houve nenhuma movimentação da parte dos bancos.
"Eles querem aproveitar o momento político instável do Brasil para rebaixar a força do movimento sindical. Mas vão se decepcionar. Os trabalhadores unidos mostrarão toda sua força de mobilização na greve", ressaltou Roberto von der Osten.
As reivindicações da categoria, apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários, são muito diferentes da proposta dos bancos, os quais não apresentaram nem mesmo respostas para as demandas sociais.
Confira as reivindicações dos bancários:
Reajuste salarial de 16%. (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real)
PLR: 3 salários mais R$7.246,82
Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Proposta dos bancos rejeitada pelos bancários:
Reajuste de 5,5% (representa perda de 4% para os bancários em relação à inflação de 9,88%).
Piso portaria após 90 dias - R$ 1.321,26.
Piso escritório após 90 dias - R$ 1.895,25.
Piso caixa/tesouraria após 90 dias - R$ 2.560,23 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa).
PLR regra básica - 90% do salário mais R$ 1.939,08, limitado a R$ 10.402,22. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 22.884,87.
PLR parcela adicional - 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.878,16.
Antecipação da PLR
Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva. Pagamento final até 01/03/2016.
Regra básica - 54% do salário mais fixo de R$ 1.163,44, limitado a R$ 6.241,33 e ao teto de 12,8% do lucro líquido - o que ocorrer primeiro.
Parcela adicional - 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2015, limitado a R$ 1.939,08.
Auxílio-refeição - R$ 27,43.
Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta - R$ 454,87.
Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) - R$ 378,56.
Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) - R$ 323,84.
Gratificação de compensador de cheques - R$ 147,11.
Requalificação profissional - R$ 1.294,49.
Auxílio-funeral - R$ 868,58.
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto - R$ 129.522,56
Ajuda deslocamento noturno - R$ 90,67.
Localidades que decretaram greve:
FETEC-SP
ABC
Araraquara
Assis
Barretos
Bragança Paulista
Catanduva
Guarulhos
Jundiaí
Limeira
Mercado de Capitais
Mogi das Cruzes
Taubaté
Vale do Ribeira
São Paulo
Presidente Prudente
FETEC CN
Acre
Amapá
Barra do Graças
Brasília
Campo Grande
Dourados
Mato Grosso
Pará
Rondônia
Rondonópolis
Roraima
Sintraf RIDE
FETRAFI NE
Alagoas
Campina Grande
Ceará
Extremo Sul da Bahia
Jacobina
Paraíba
Piauí
Pernambuco
Cariri
FETRAFI MG
Belo Horizonte
Cataguases
Divinópolis
Ipatinga
Patos de Minas
Teófilo Otoni
Uberaba
Governador Valadares
Juiz de Fora
Securitários BH
FETEC PR
Apucarana
Arapoti
Campo Mourão
Cornélio Procópio
Curitiba
Londrina
Paranavaí
Toledo
Umuarama
Guarapuava
FETRAFI RJ-ES
Baixada Fluminense
Campos dos Goytacazes
Macaé
Niterói
Nova Friburgo
Petrópolis
Rio de Janeiro
Sul Fluminense
Teresópolis
Três Rios
Angra dos Reis
Espírito Santo
FETRAFI RS
Alegrete
Bagé
Camaquã
Carazinho
Caxias do Sul
Cruz Alta
Horizontina
Litoral Norte
Novo Hamburgo
Passo Fundo
Pelotas
Porto Alegre
Rio Grande
Santa Cruz do Sul
Santa Maria
Santa Rosa
Santo Ângelo
São Borja
Vale Paranhana
Vale do Caí
FETEC SC
Criciúma
Florianópolis
Videira
Vale do Ararangua
Blumenau
Concórdia e Região
Rio do Sul
São Miguel do Oeste
SP
Ribeirão Preto
Itaperuna
Joaçaba
Naviraí
Campinas
Piracicaba
Santos
Fonte: Contraf-CUT