São Paulo - Por todo o Brasil, funcionários do Bradesco e do HSBC se unem no Dia Nacional de Luta em defesa do emprego, após a aprovação de venda do banco inglês pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os bancários estão mobilizados, nesta terça-feira (21), em agências e centros administrativos, pela manutenção dos postos de trabalho e mais contratações nos dois bancos.
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Em oito de julho, o Cade aprovou a aquisição de 100% do capital do HSBC Brasil pelo Bradesco. Mas apesar da insistência do movimento sindical, não incluiu nenhuma orientação relativa à manutenção dos postos de trabalho no processo de fusão.
O Dia Nacional de Luta ocorre na véspera da negociação entre a direção do Bradesco e as Comissões de Organização dos Empregados (COE) dos dois bancos. A reunião será nesta quarta-feira 22 na sede do Bradesco, em Osasco, na grande São Paulo.
Reunidos na Contraf-CUT, na manhã de hoje, os representantes dos trabalhadores preparam a pauta de negociação a ser discutida com o banco e relataram os problemas relacionados à fusão.
O presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, fez uma análise da conjuntura atual e afirmou que o momento exige resistência e mobilização não só entre os funcionários do HSBC e do Bradesco, mas de toda a categoria.
“Todas as incorporações geram nos trabalhadores um sentimento de insegurança, e neste momento, em que há um governo golpista com projetos contra os trabalhadores, a situação é ainda pior. Feita a absorção de um banco por outro, gradativamente o número de empregados vai encolhendo. Já vimos este filme e esperamos não ter que passar por isso novamente. A Contraf está pronta para resistir e lutar pelos empregos no HSBC e Bradesco. Já fizemos muitas reuniões com os bancos para evitar as demissões e vamos ampliar nossas mobilizações”, ressaltou.
Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ressaltou que os bancários não devem entrar no “jogo competitivo” que os bancos sempre querem impor aos funcionários, e que a unidade da categoria é vital.
“O sistema financeiro nacional está muito concentrado. Na fusão do Itaú com o Unibanco eles fizeram muitas demissões, incentivando os bancários a competir entre si, para ver quem continuava no emprego. Não podemos entrar neste jogo, porque isso só fortalece o banco. O Bradesco se comprometeu com o movimento sindical a não fazer demissões, mas está fazendo. Mais do que nunca, temos que lutar”, disse.
Postos de trabalho
No primeiro trimestre deste ano, o Bradesco cortou 1.466 postos de trabalho. E no levantamento anual, os cortes já somem 3.581 empregos a menos, entre março do ano passado, e o mesmo período deste ano.
“É imperdoável a onda de demissões que o Bradesco está promovendo. Não podemos compactuar com este aumento assustador de corte de postos de trabalho. Neste processo de fusão com o HSBC, os bancários precisam estar unidos”, avaliou o coordenador da COE do Bradesco, Gheorge Vitti.
Ao comprar o HSBC, o Bradesco terá mais 21 mil trabalhadores. Apenas em Curitiba, onde se concentram os centros administrativos do banco inglês, são 8 mil funcionários. Durante a reunião das COEs, os bancários curitibanos expressaram a preocupação com os empregos, que também é dividida com a administração da cidade, a prefeitura de Curitiba tem se reunido com o banco para discutir a incorporação e os impactos na economia da região.
“Nossa prioridade só pode ser emprego. Neste período de dúvidas quanto ao futuro, temos de garantir que não haja demissões em massa, além de avançar nas negociações de direitos. Tem uma frase de uma campanha nacional dos bancários que resume como deve ser nossa luta: “Juntos somos fortes”, concluiu Sergio Siqueira, diretor da Contraf-CUT e integrante da COE HSBC.