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9 de Setembro de 2020 às 07:51

Avanço da devastação na Amazônia é falta de governança, aponta especialistas


CUT Nacional

Entre agosto de 2019 e julho de 2020 o desmatamento na Amazônia aumentou 34% e é a segunda alta consecutiva nos primeiros anos da gestão do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), segundo informações de monitoramento do Inpe.

Esta é uma das denúncias que chamou a atenção para o que ocorre na região no Dia da Amazônia, celebrado no último sábado (5), uma biodiversidade que possui mais de quatro milhões de quilômetros quadrados e abrange nove países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela.

A falta de uma política ambiental que preserve a floresta tem sido criticada por países que são importantes parceiros comerciais do Brasil. Em junho, documento divulgado pelo conduzido pelo Parlamento Europeu concluiu que o governo Bolsonaro desmantelou os mecanismos de controle ambiental e, como resultado, suas ações "desafiam a confiança global" no compromisso do país em seguir os acordos internacionais.

A Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro, explica que “sofremos diariamente com os impactos da política destruidora do governo Bolsonaro e seu ministro Ricardo Salles”.

“Isso nos coloca cada dia mais distante do enfrentamento necessário para cuidar das questões de mudanças climáticas. Isso sem falar nos ataques da entrega do território amazônico aos interesses financeiros e estratégicos dos Estados Unidos”, afirma.

Em 2014, o Brasil era reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um exemplo que o mundo deveria seguir no combate ao desmatamento.  A entidade atribuía o resultado ao sucesso das políticas de preservação das florestas na primeira década dos anos 2000, com o governo Lula.

O descaso de Bolsonaro com a preservação da Amazônia é bastante evidente, tanto que em outubro de 2019, em um evento a investidores na Arábia Saudita, afirmou que "potencializou" as queimadas na Amazônia brasileira ocorridas nos últimos meses por discordar da política ambiental de governos anteriores.

Outro dado assustador são os de queimadas, segundo números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mais de 6.800 incêndios na região amazônica em julho, um aumento de 28% em relação ao mesmo mês do ano passado. A maioria desses incêndios se deu a partir de ação ilegal para limpar áreas a fim de explorar atividades de mineração e agropecuária de extensão.

“Estamos sofrendo cotidianamente com a política criminosa de Bolsonaro. Continuaremos denunciando os ataques contra os povos da Amazônia e resistindo as tentativas de apropriação e destruição desse território comandada por um governo entreguista e golpista”, afirma Daniel Gaio, secretário de Meio Ambiente da CUT.

Papel da Amazônia é a manutenção do ciclo das águas

Consequência da devastação da floresta, a perda de água é uma ameaça silenciosa, tanto para o meio ambiente como para as pessoas. Estudo do WWF-Brasil e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), publicado na revista científica Water/MDPI revela que, em média, foram perdidos 350 quilômetros quadrados de área coberta por ambientes aquáticos por ano desde a década de 1980 – áreas úmidas como várzeas, mangues e lagos.

Os impactos nessa redução da água afetam diretamente as populações tradicionais e indígenas, a produção de alimentos e de energia, e a biodiversidade e também têm a ver com a falta de água que afeta outras regiões do país. É que a Amazônia bombeia para a atmosfera a umidade que vai se transformar em chuva nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

O presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Pedro Blois, resume as consequências: “quanto maior o desmatamento, menos umidade e, assim, menos chuva. E sem chuva, os reservatórios ficam vazios e as torneiras secam”.

A quantidade de água liberada pela floresta amazônica, em forma de vapor d’água para a atmosfera, sendo transportada pelas correntes de ar é o que chamamos de “rios voadores da Amazônia”, e representa 20% de todo volume vertido nos oceanos. Assim, é papel da região a manutenção do ciclo das águas em todo o planeta.

 “Transição Ecológica e Políticas Ambientais: contribuições aos municípios brasileiros”

A cartilha “Transição Ecológica e Políticas Ambientais: contribuições aos municípios brasileiros”, elaborada pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Diretório Nacional do PT, com apoio da Fundação Friedrich Ebert, será lançada para a Amazônia nesta terça-feira (8), às 20h30, em ato virtual. E isso remete à reflexão sobre a governança ambiental para a região, hoje gravemente afetada pelo desmatamento crescente, queimadas, dizimação dos povos da floresta, destruição das riquezas minerais e hídricas.

Serviço:

Ato virtual: Lançamento na Amazônia da cartilha – “Transição Ecológica e Políticas Ambientais: contribuições aos municípios brasileiros”

Data: 8 de setembro

Horário: 20h30

Transmissão: redes sociais @ptbrasil


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