A Comissão, que assessora a Contraf-CUT nas negociações com a empresa, fez uma avaliação do Dia Nacional de Luta contra a Reestruturação realizado em 24 de março. Segundo relatos dos representantes de sindicatos e federações que integram a CEE, a adesão foi significativa com paralisações de atividades em muitos locais de trabalho.
“Os depoimentos dos empregados mostraram que a preocupação está instalada diante das medidas de enfraquecimento da empresa e de desrespeito à categoria que estão sendo tomadas unilateralmente pela diretoria. O movimento também mostrou que a mobilização precisa ser ampliada para tornar-se mais fortalecido”, ressalta a coordenadora da CEE/Caixa, Fabiana Matheus.
Falta de diálogo e transparência
As medidas de reestruturação na Caixa foram anunciadas pela presidente Miriam Belchior em 10 de março, sem qualquer diálogo com os trabalhadores. No mesmo dia, uma mensagem do Conselho Diretor foi repassada aos trabalhadores informando sobre o início do processo, mas sem grandes esclarecimentos. “Desde então, o clima é de apreensão nas unidades de todo o país, com empregados amedrontados”, conta Dionísio Reis, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e membro da CEE/Caixa.
Fenae e Contraf-CUT já encaminharam ofício à Miriam Belchior reivindicando a suspensão imediata da reestruturação em todo o país e a abertura de diálogo com a categoria. “ A Caixa precisa respeitar mais a categoria que só engrandece ao banco. Uma decisão que mexe com postos de trabalho e direitos dos trabalhadores não pode ser tomada sem que os protagonistas sejam ouvidos. Por isso tomamos a providência de encaminhar o ofício”, esclarece Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae.
“Queremos transparência nesse processo, que foi planejado e iniciado sem nenhum debate com as representações dos trabalhadores. Isso só mostra a falta de respeito com a qual essa direção da empresa trata os empregados”, acrescenta Fabiana Matheus.
Judicialização
Paralelo à mobilização, entidades sindicais estão buscando outras frentes para paralisar a reestruturação. Uma delas é a via judicial. Depois de Brasília, outras bases já ajuizaram ações contra as medidas do banco. São elas: Alagoas, Bahia, Belo Horizonte, Ceará, Paraíba e Rio de Janeiro. “Exigimos que a Caixa trate seus empregados e empregadas com respeito. Seguiremos mobilizados em todo o Brasil para cobrar explicações e a suspensão do processo”, diz Eliana Brasil, presidenta do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e integrante da CEE/Caixa.
Mesa permanente e Conecef
A reestruturação será um dos pontos da pauta da mesa de negociação permanente, que ocorrerá no dia 14 de abril. Estarão em discussão também outras questões como jornada de trabalho e Funcef. Essa será a segunda reunião do ano. Na primeira, em 28 de janeiro, a Caixa manteve a postura intransigente, se recusando a negociar e descumprindo cláusulas acordadas nas duas últimas campanhas salariais, como destinação do superávit do Saúde Caixa, contratação de mais empregados e proposta de retomada do adiantamento odontológico.
A CEE/Caixa também debateu encaminhamentos para realização do 32º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef), que ocorrerá em São Paulo, no período de 17 a 19 de junho. Umas das propostas aprovadas é a inclusão do tema reestruturação no grupo de trabalho que debaterá também isonomia, carreira e GDP.
Seminário
Na próxima quinta-feira, 7 de abril, será realizado, em Brasília, o seminário “O Brasil e os Bancários”, no Hotel San Marco. O evento é uma inciativa da Comissão Executiva e tem por objetivo fazer um debate sobre a situação da categoria e o papel dos bancos no país. O evento terá como debatedores Emir Sader, professor da UERJ; Marcio Pochmann, professor da Unicamp; Carlos Vidotto, professor da Universidade Federal Fluminense; Felipe Miranda, da subseção Dieese-Fenae; Maria Rita Serrano, coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas e representante dos empregados no CA da Caixa; e o senador Lindbergh Farias (PT/RJ).