Escrito por: Érica Aragão - CUT
Terminou no último sábado (03), o “6º Encontro Nacional - Fortalecimento Político das Mulheres para a Igualdade no Mundo do Trabalho e a Autonomia Econômica”, no qual mais de 50 dirigentes sindicais debateram o feminismo no mundo sindical, diagnosticando os problemas de base e sugerindo propostas para avançar na luta das mulheres.
Com o objetivo de fortalecer as mulheres trabalhadoras para a implementação da paridade de gênero na direção nacional, inédita na Central Única dos Trabalhadores (CUT), mais de 50 dirigentes sindicais, representando mais de 20 estados, receberam na última sexta (02) os certificados de conclusão do curso “Formação Feminista”.
O curso, dividido em 6 encontros nacionais, é uma parceria entre a Secretaria de Mulheres da CUT e o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT) da Universidade de Campinas (UNICAMP).
Realizado durante dois anos, o curso abordou vários temas, entre eles, história e desenvolvimento da sociedade brasileira, as condições das mulheres na história, no mercado de trabalho, negociação coletiva, políticas públicas para mulheres e a relação da CUT e o feminismo ao longo da existência da maior central sindical da América Latina.
Durante a cerimônia de certificação, a Secretária Nacional de Mulheres Trabalhadoras da CUT, Rosane Silva, disse emocionada que quando chegou na CUT traçou o objetivo de inserir o feminismo no mundo sindical. “Tem que ser feminista para enfrentar o mundo machista e desigual fora e dentro da CUT”.
A Vice-presidenta da CUT, Carmen Foro, destacou o papel fundamental da formação. “A formação é instrumento para fortalecer a nossa liberdade, não tem liberdade se não tem conhecimento. A trajetória feminista na CUT nacional está implantada”.
Para a Secretária-geral Adjunta, Maria Godói Faria, a paridade na CUT ganhou com esta formação. “Este curso é muito mais que o fortalecimento político, é a unidade e a solidariedade destas mulheres que ajudarão a decidir os caminhos das CUTs nos próximos 4 anos em todo o país”.
Para o Coordenador Geral do CESIT, Dari Krein, o curso foi um grande aprendizado para a academia. “A nossa intenção é contribuir para a transformação da sociedade com dignidade e igualdade”, destacou ele.
Para a Coordenadora Nacional da Marcha Mundial das Mulheres, Nalu Farias, a CUT teve papel fundamental na discussão do feminismo, ampliando e potencializando em todo o país a organização das mulheres. “Foi a organização das mulheres que permitiu a gente fazer o debate do feminismo no mundo sindical”, afirmou Nalu.
Didice Godinho Delgado, primeira coordenadora da Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora, define esse curso como uma reafirmação da política de gênero na CUT e mostra o fortalecimento da organização das mulheres.
“O que eu percebi fazendo a reconstrução da nossa história é que as matrizes, sindical e feminista, que estiveram na origem de nosso trabalho, nunca deixaram de orientar a política de gênero da CUT, construindo uma síntese entre sindicalismo e feminismo. As sindicalistas presentes conhecem a realidade das mulheres trabalhadoras e têm propostas para conquistar igualdade no mundo do trabalho e dentro do mundo sindical”, finaliza Didice.
Durante o curso as mulheres foram protagonistas na construção de propostas de ações de acordo da realidade das mulheres trabalhadoras de cada ramo.
A Coordenadora do CESIT, que acompanhou todos os encontros, Marilane Teixeira, contou que foi uma “pesquisação” inédita. “As mulheres tiveram que pesquisar com ação em suas bases os problemas mais comuns entre elas, construíram coletivamente os diagnósticos e depois trabalharam proposições destacando os desafios”, explicou Marilane.
Rosane Silva lembrou que o curso se encerra justamente quando a paridade será totalmente inserida dentro da CUT. Na próxima semana, depois dos 27 Congressos Estaduais, no 12º Congresso Nacional da CUT (CONCUT), em São Paulo, será eleita a atual direção nacional, com 50% de mulheres e 50% de homens, que estará à frente da entidade nos próximos 4 anos.
“Cumpri meu objetivo de introduzir o feminismo fortemente na CUT para que as mulheres dirigentes compreendam qual é a sua luta em todos os espaços, em todos os âmbitos e empoderá-las ainda mais para a paridade que nós vamos executar a partir deste ano”, finalizou Rosane.