Por Alex Rodrigues
Em mais um episódio da devastação dos direitos da classe trabalhadora, agora a direção do Banco do Brasil (BB) anunciou reestruturação com fechamento de 402 agências e a transformação de outras 379 em postos de atendimento, bem como a redução milhares de postos de trabalho.
A reestruturação do BB não prejudica apenas os empregados, mas sim o País. A transformação de agências em postos de atendimento reduz os serviços prestados e reduz o número de bancários. Ou seja, a medida mexe com a vida dos trabalhadores/as, e afeta toda a população brasileira, que ficará cada vez mais, a mercê do mercado financeiro.
De acordo com o noticiado, o banco lançará plano de aposentadoria incentivada que pode alcançar até 18 mil funcionários, ou seja, esses milhares de trabalhadores poderá deixar o BB ao longo de 2017, o que impacta diretamente no tempo de espera para atendimento nas agências e mesmo em caixas automáticos.
Ora, a redução das longas filas são um dos itens mais cobrados das instituições financeiras pela sociedade e institutos de defesa do consumidor e com essa reestruturação a situação se agravará ainda mais.
É preciso compreender que essa reestruturação no Banco do Brasil significa a continuidade das políticas do atual governo, Michel Temer (PMDB), onde destroça os direitos da classe trabalhadora conquistados nos últimos 60 anos. Além de alterar a Constituição Federal para congelar o orçamento público pelo período de 20 anos, congela o desenvolvimento do país, promove o sucateamento da Previdência, Educação e Saúde públicas e dos demais serviços públicos.
E para tornar o desmonte, ainda maior, avança, a passos largos sobre o patrimônio brasileiro, com projetos que tira a exclusividade da Petrobras na exploração do Pré-Sal, privatiza as estatais e os bancos públicos.
O Banco do Brasil, assim como a Caixa Econômica e demais bancos públicos, cujo, o principio constitucional para sua existência é o atendimento ao interesse coletivo, contribuindo com desenvolvimento econômico e social do Brasil, atuando diretamente em situações pouco atrativas aos bancos privados, que precisa estar ao alcance do povo, agora sofre com medidas que fogem totalmente a esse principio constitucional.
E isso é perigoso, pois a alteração da principal função dos bancos públicos só interessa ao capital privado e a um sistema financeiro extremamente concentrado, visto que, além de tornar ainda mais exaustiva a jornada de trabalho, elevar as longas filas e dilapidar conquistas dos bancários que permanecerão, ainda, há o fato de que a sociedade em futuro próximo não enxergará o Banco do Brasil como uma instituição que atende o interesse coletivo, mas um banco de mercado como qualquer outro.
Então, ficará fácil para os políticos, que tomaram o poder de assalto, entregar através da privatização, mais um patrimônio do Brasil, sob alegação de não atender ao principio constitucional que autorizou a sua criação.
E surge a indagação qual interesse o atual governo está defendendo, visto que todas as medidas até agora adotadas, economicamente falando, apenas tende a elevar ainda mais a crise brasileira. As análises de redução da atividade econômica para o próximo ano comprovam isso.
Com essa reestruturação do Banco do Brasil e possivelmente da Caixa Econômica Federal, c0m clara intenção de torna-los ainda mais em bancos de mercado e, conforme já mencionado, alterando seu principio constitucional de existência, o governo irá reduzir significativamente o acesso ao crédito produtivo, botando mais uma pitada de maldade na dilapidação dos direitos dos trabalhadores e consequentemente na elevação da crise.
Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que os bancos públicos estão na mira do governo Temer, agora não resta mais. Em uma só tacada, o Governo fecha agências, reduz postos de trabalho, e vai, totalmente, na contramão da história que vinha acontecendo com a Instituição na última década.
Mas é preciso compreender que não está em jogo apenas as questões corporativas referentes aos direitos dos bancários do BB e demais bancos públicos. Estamos diante do avanço de políticas neoliberais, já vista em décadas anteriores, que retiram direitos da classe trabalhadora, desemprega, reduz postos de trabalho e aumenta a desigualdade social.
A questão que se coloca é se nós trabalhadores ficaremos “sentado em berço esplendido” assistindo o sucateamento e o desmonte do Estado Brasileiro por um governo que não foi eleito pelo povo.
É preciso relembrar que fazemos parte da classe trabalhadora que com suor e muito trabalho produz todas as riquezas desse país. Não podemos aceitar que a conta da crise de um sistema falido e corrupto caia sobre nossos ombros.
Não resta outra opção, senão voltarmos às ruas e fortalecer as mobilizações dos movimentos sociais que já estão na luta. O momento exige coragem e a consciência de que apenas a luta e a unidade da classe trabalhadora poderão frear todos os retrocessos que estão postos.
Alex Rodrigues é mestre em políticas públicas, advogado, formado em economia e diretor do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso.