Escrito por: Igor Carvalho - CUT
As reais intenções do governo golpista de Michel Temer ficam evidentes a cada nova declaração de membros de sua equipe. Nesta semana, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmou que a reforma trabalhista preparada por sua pasta pretendia elevar o limite da jornada diária de trabalho para 12 horas.
Imediatamente após as declarações do ministro do Trabalho, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, saiu em defesa da medida. “Continuamos defendendo as 44 horas semanais, mas uma empresa que vai fazer uma obra de infraestrutura em Rondônia ou no Pará leva milhares de trabalhadores, 10 mil ou 12 mil, que não vão para lá para trabalhar 8 horas por dia. O cara vai para lá para ganhar dinheiro e trazer para a família. Ele vai para lá para trabalhar 10 ou 12 horas por dia, e a Justiça não permite. Mesmo que o trabalhador queira, a Justiça fala que só pode fazer duas horas extras”, afirmou o dirigente da entidade patronal.
Porém, o ministro teve que recuar de suas declarações e afirmou, em entrevista à rádio Estadão, afirmou que tal medida “seria voltar à escravidão”. O desmentido vem um dia após mais uma grande manifestação em São Paulo contra o golpe que levou Michel Temer ao poder.
Segundo a Folha de S. Paulo, o governo está preocupado com o crescimento das manifestações que pedem o imediato afastamento de Michel Temer da presidência. As declarações de Nogueira, antecipando detalhes da reforma trabalhista, podem servir para que a população compreenda mais rapidamente as reais intenções dos golpistas.
"O presidente me ligou, me orientou a reafirmar que o governo não vai elevar a jornada de 8 horas nem tirar direitos dos trabalhadores", afirmou Nogueira, justificando seu recuo.
O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, alerta a população para as manobras do governo Temer. "É preciso estar atento com esses discursos. Eles falam em algo absurdo como as 12 horas de jornada para nos assusta, depois recuam para 10 horas e fica parecendo que vencemos. Nós lutamos pela redução da jornada de trabalho, não aceitaremos que mexam em nossos direitos", finalizou o dirigente.