Na nota, a entidade reitera que não compactua com nenhum ato ilícito na gestão de fundos e que defende a apuração de todas as responsabilidades. "A ANAPAR espera que as investigações em curso consigam separar o joio do trigo e que os responsáveis por eventuais desvios sejam punidos conforme prevê a lei, sem julgamentos precipitados por parte da imprensa".
Confira abaixo a íntegra da nota:
"Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (ANAPAR), em face da Operação Greenfield da Polícia Federal, que apura perdas da ordem de R$ 8 bilhões na Funcef, Petros, Previ e Postalis, vem a público esclarecer que não compactua com nenhum ato ilícito na gestão de fundos e que defende a apuração de todas as responsabilidades.
Foi com grande preocupação que a ANAPAR viu o encaminhamento de um expressivo número de nomes de pessoas ligadas a fundos de pensão levadas em condução coercitiva ou em prisão preventiva hoje pela manhã pela PF, em diversas cidades brasileiras. Sabemos da fragilidade da governança em determinados fundos de pensão e lutamos por um sistema com alto padrão nas regras de governança e de gestão, com adoção de rígidos procedimentos, com a certificação de processos de tomadas de decisão e não apenas de pessoas.
No entanto, como entidade que luta pelos direitos dos participantes, realizando várias denúncias de gestão temerária e problemas de governança em fundos à Previc, alerta que nem todo resultado negativo de investimento é fruto de desvios, de má fé. “Continuamos na defesa do sistema e dos interesses dos participantes, mas devemos saber separar o que é gestão temerária e o que é resultado conjuntural” afirma Cláudia Ricaldoni, vice-presidente da ANAPAR.
Apesar de haver diversos fatores que afetam os resultados dos planos de benefícios, a discussão fácil, muito incentivada por aqueles que não conhecem o sistema, é apontar como causa a má gestão dos investimentos. Entretanto, o fato de um determinado investimento não apresentar o retorno desejado, por si só não significa má gestão. Lembramos que sempre existe o “risco do negócio” inerente a todo investimento. Todos sabem que nem todo investimento realizado terá a rentabilidade esperada e é exatamente por isto que nossa legislação aponta para a diversificação dos investimentos, de forma a permitir que eventuais perdas sejam compensadas por ganhos em outros investimentos.
A única forma possível de identificar com clareza a causa de resultados é fazer uma imersão nos planos de benefícios, verificando desde a precificação dos passivos até a carteira de investimentos existentes, passando pela elaboração e acompanhamento da política de investimentos e pelas regras de governança existentes para a tomada de decisões.
A ANAPAR espera que as investigações em curso consigam separar o joio do trigo e que os responsáveis por eventuais desvios sejam punidos conforme prevê a lei, sem julgamentos precipitados por parte da imprensa. A entidade, por meio da diretoria, presta solidariedade ao presidente da ANAPAR, Antônio Bráulio de Carvalho, exposto pela imprensa ao ser levado para prestar depoimento em virtude de sua atuação como diretor de Planejamento e Controladoria da Funcef.
A espetacularização das ações envolvendo fundos de pensão não contribui em nada para a estabilidade do sistema, prejudicando a imagem das entidades fechadas de previdência complementar e mais ainda os participantes, o que, no momento atual, interessa aos bancos privados, aos especuladores do sistema financeiro e aos políticos oportunistas que tentam enfraquecer a representação dos participantes na gestão do que é NOSSO! "