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13 de Maio de 2016 às 13:59

“A palavra agora é Resistir”, afirma economista Airton dos Santos na 1ª Conferência dos Financiários

Evento continua nesta sexta-feira com debates em grupos sobre Emprego, Saúde e Sistema Financeiro


Crédito: Jaílton Garcia - Contraf-CUT
O economista do Dieese, Airton dos Santos, foi convidado para conduzir o debate

O segundo dia da 1ª Conferência Nacional dos Financiários, na sede da Contraf-CUT, em São Paulo, começou com uma análise de conjuntura econômica e política do Brasil. Convidado para conduzir o debate, o economista do Dieese, Airton dos Santos, afirmou, nesta sexta-feira (13), que o ministério formado pelo presidente em exercício Michel Temer é de “chorar”, e que os trabalhadores precisam resistir e agir com inteligência.

“Nós temos a tarefa de resistir, a palavra é essa agora. A melhor defesa é o ataque e temos que atacar com inteligência, tudo depende da nossa mobilização”, ressaltou o professor e coordenador da Escola Dieese de Ciências do trabalho.

O economista também disse que a classe trabalhadora tem organização suficiente para saber reagir ao momento de pressão, mas que é preciso avaliar como será a resistência. O economista teme que o radicalismo possa ser usado pela “turma de Temer” como ação negativa contra o País.

“Ainda vivemos num país democrático e voltar às ruas é essencial contra o retrocesso. Mas precisamos definir que tipo de oposição precisa ser feita. Difícil que o senado mude o resultado do afastamento de Dilma. Temos que pesar as coisas. A todo momento a grande mídia fazia campanha contra o governo do PT e as próprias pessoas beneficiadas por programas sociais acabaram comprando este discurso, como a juventude que entrou na faculdade pelo Prouni. Precisamos pensar sobre isto,” afirmou

Capital X Trabalho

O economista apresentou um panorama das mudanças econômicas no Brasil desde o século passado, quando na década de 1970 deixou suas características apenas agrícolas, para ser uma nação industrializada.

“Houve transformações sociais, crescimento das cidades, formação da classe média, com razoável controle da inflação. Mas, o Brasil patinou sempre na distribuição de renda, na rabeira mundial. A riqueza criada não era distribuída com justiça e carregamos isso conosco até hoje. O País ainda é muito injusto na participação dos trabalhadores neste processo, em contraste com uma elite que concentra a riqueza”, ressaltou.

Airton dos Santos destacou que chegada o PT ao governo federal, em 2003, tinha o objetivo de colocar em prática a Constituição de 1988, com a inclusão social e diminuição da desigualdade.  Mas o professor explicou que não é natural do sistema capitalista distribuir renda, mas sim, concentrar renda, e dificuldades surgiram.

“O governo Lula teve apoio de certa forma da sociedade, mas muita gente com o pé atrás. O cenário internacional mudou completamente com crescimento da China. Subiram os preços das commodities, o Brasil levou vantagem nisto e a riqueza foi distribuída no País entre ricos e pobres. Empresário nunca ganhou tanto dinheiro, mas com a nova crise mundial, e países crescendo menos, a lua de mel brasileira acabou.  Aí voltou o velho conservadorismo, o capital não topa perder para o trabalhador ganhar, isto que estamos vendo hoje”, explicou o professor.

Congresso conservador

Desde 1988, ano da promulgação da Constituição Brasileira, não se via um número tão expressivo de projetos tramitando no Congresso Nacional, que representem perdas e ameaças aos direitos dos trabalhadores e à democracia.

“É um congresso que provocou o povo a ficar contra o governo Dilma, que por outro lado, apesar de muitos avanços, acabou aceitando o discurso da oposição, de que os gastos com benefícios sociais estavam atrapalhando o País. Mas, 7% do nosso PIB vai para os rentistas. Este não é o problema?”, indagou o professor.

Airton dos Santos não poupou as críticas. “O símbolo de tudo isso foi nomear Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, homem do mercado financeiro. E chegamos ao um momento, que a presidenta é afastada, mesmo sem crime de responsabilidade”.

“As medidas do congresso são, predominantemente, de retirada de direitos da classe trabalhadora. Querem o retrocesso. O movimento sindical não pode deixar que isto aconteça”, concluiu o economista.

Fonte: Contraf-CUT


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