(Atualizado às 15h33)
O Banco Santander anunciou nesta quarta-feira 29 que obteve lucro líquido gerencial de R$ 14,550 bilhões em 2019 no Brasil, um crescimento de 14,7% em relação ao ano passado. Esse resultado do banco espanhol no Brasil representa 28% do seu lucro mundial, a maior fatia de seus ganhos em todo o planeta. O lucro mundial, também anunciado nesta quarta em Madri, foi de 8,252 bilhões de euros.
O resultado global do Santander caiu 18% em relação a 2018 em razão da grande queda na sua filial na Grã Bretanha, em razão do Brexit. Pela ordem, do total do lucro líquido do banco espanhol 28% vieram do Brasil, 15% da Espanha 13% da Europa continental, 11% do Reino Unido, 9% do México,7% dos Estados Unidos e 6% do Chile.
No quarto trimestre, o lucro do Santander no Brasil foi de R$ 3,726 bilhões, aumento de 9,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo análise realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o resultado no Brasil foi positivamente impactado pela entrada de créditos tributários no montante de R$ 3,3 bilhões e pelas receitas de serviços e tarifas. A rentabilidade (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado – ROE) foi de 21,3%, com alta de 1,4 pontos percentuais em doze meses.
“A cada trimestre recebemos a notícia sobre o crescimento do lucro do banco Santander no Brasil. E isso se repete faz anos. O resultado é uma consequência do trabalho árduo realizado por bancários e bancárias, que se desdobram para realizar as tarefas que se acumulam”, afirmou o secretário de Assuntos Socioeconômicos e representante da Confederação nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o banco, Mario Raia.
“O resultado que surge de uma equação que tem entre suas variáveis a redução de pessoal, o aumento de agências e o crescimento constante do lucro são trabalhadores sobrecarregados e propensos ao adoecimento. O banco precisa parar com as demissões e contratar novos funcionários para recompor o quadro e atender melhor e mais rapidamente seus clientes”, criticou o dirigente da Contraf-CUT.
Um exemplo dos problemas de atendimento no Santander é o que ocorreu em Blumenau (SC), onde a principal agência do Santander foi fechada pelo sindicato após trabalhadores terem sofrido ofensas e ameaças de clientes que reclamaram do tempo de espera para atendimento.
A holding encerrou o ano com 47.819 empregados, com fechamento de 193 postos de trabalho em relação a dezembro de 2018. No quarto trimestre houve redução de 1.663 postos de trabalho no banco. Foram abertas 45 agências em doze meses (11 no último trimestre do ano).
A receita com prestação de serviços e a renda das tarifas bancárias cresceu 8,1% em doze meses, totalizando R$ 18,7 bilhões. As despesas de pessoal mais PLR subiram 1,4%, atingindo R$ 9,5 bilhões. Assim, no ano de 2019, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 196,8%.
“O constante aumento de receita com tarifas bancárias mostra que não apenas os funcionários, mas os clientes também sofrem com sanha por lucro do Santander no Brasil”, observou Mario Raia.
A Carteira de Crédito Ampliada do banco teve alta de 11,9% em doze meses e 5,8% no trimestre, atingindo R$ 432,5 bilhões. As operações com pessoas físicas cresceram 17,2% em doze meses, chegando a R$ 155,3 bilhões, impulsionado por crédito consignado (25,6%), crédito imobiliário (14,7%) e cartão de crédito (13%). A Carteira de Financiamento ao Consumo, originada fora da rede de agências, somou R$ 58,2 bilhões, com crescimento de 16,3% em relação a 2018. Do total desta carteira, R$ 41,3 bilhões (87% da carteira) referem-se a financiamentos de veículos para pessoa física, apresentando aumento de 17,2% no período.
O crédito pessoa jurídica voltou a crescer em doze meses, alcançando R$ 138,5 bilhões, com variação de 12,9% em doze meses. O segmento de pequenas e médias empresas cresceu 15,4%, e o de grandes empresas cresceu 11,9%. Desconsiderando-se o efeito cambial, o crescimento seria 10,5% em doze meses. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias ficou em 2,9%, com queda de 0,2 pontos percentuais, enquanto as despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) subiram 26,7%, somando R$ 16,1 bilhões.
Veja abaixo a tabela com o resumo da análise do Dieese, ou, se preferir, leia o documento na íntegra.
Fonte: Fetec-CUT/CN, com El País e Valor