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29 de Janeiro de 2020 às 09:24

Santander lucra R$ 14,5 bi em 2019, aumento de 14,7%, o que significa 28% do lucro mundial

Banco espanhol alcança no Brasil a maior fatia do resultado global, o dobro do que obtém na Espanha, graças aos juros e tarifas exorbitantes praticados aqui


Crédito: Andrea Comas/El País
Ana Botin, presidenta mundial do Santander, anuncia o resultado em Madri

(Atualizado às 15h33)

O Banco Santander anunciou nesta quarta-feira 29 que obteve lucro líquido gerencial de R$ 14,550 bilhões em 2019 no Brasil, um crescimento de 14,7% em relação ao ano passado. Esse resultado do banco espanhol no Brasil representa 28% do seu lucro mundial, a maior fatia de seus ganhos em todo o planeta. O lucro mundial, também anunciado nesta quarta em Madri, foi de 8,252 bilhões de euros.

O resultado global do Santander caiu 18% em relação a 2018 em razão da grande queda na sua filial na Grã Bretanha, em razão do Brexit. Pela ordem, do total do lucro líquido do banco espanhol 28% vieram do Brasil, 15% da Espanha 13% da Europa continental, 11% do Reino Unido, 9% do México,7% dos Estados Unidos e 6% do Chile.

No quarto trimestre, o lucro do Santander no Brasil foi de R$ 3,726 bilhões, aumento de 9,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo análise realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o resultado no Brasil foi positivamente impactado pela entrada de créditos tributários no montante de R$ 3,3 bilhões e pelas receitas de serviços e tarifas. A rentabilidade (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado – ROE) foi de 21,3%, com alta de 1,4 pontos percentuais em doze meses.

“A cada trimestre recebemos a notícia sobre o crescimento do lucro do banco Santander no Brasil. E isso se repete faz anos. O resultado é uma consequência do trabalho árduo realizado por bancários e bancárias, que se desdobram para realizar as tarefas que se acumulam”, afirmou o secretário de Assuntos Socioeconômicos e representante da Confederação nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o banco, Mario Raia.

Descaso com trabalhadores e clientes

“O resultado que surge de uma equação que tem entre suas variáveis a redução de pessoal, o aumento de agências e o crescimento constante do lucro são trabalhadores sobrecarregados e propensos ao adoecimento. O banco precisa parar com as demissões e contratar novos funcionários para recompor o quadro e atender melhor e mais rapidamente seus clientes”, criticou o dirigente da Contraf-CUT.

Um exemplo dos problemas de atendimento no Santander é o que ocorreu em Blumenau (SC), onde a principal agência do Santander foi fechada pelo sindicato após trabalhadores terem sofrido ofensas e ameaças de clientes que reclamaram do tempo de espera para atendimento.

A holding encerrou o ano com 47.819 empregados, com fechamento de 193 postos de trabalho em relação a dezembro de 2018. No quarto trimestre houve redução de 1.663 postos de trabalho no banco. Foram abertas 45 agências em doze meses (11 no último trimestre do ano).

A receita com prestação de serviços e a renda das tarifas bancárias cresceu 8,1% em doze meses, totalizando R$ 18,7 bilhões. As despesas de pessoal mais PLR subiram 1,4%, atingindo R$ 9,5 bilhões. Assim, no ano de 2019, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 196,8%.

“O constante aumento de receita com tarifas bancárias mostra que não apenas os funcionários, mas os clientes também sofrem com sanha por lucro do Santander no Brasil”, observou Mario Raia.

Carteira de crédito

A Carteira de Crédito Ampliada do banco teve alta de 11,9% em doze meses e 5,8% no trimestre, atingindo R$ 432,5 bilhões. As operações com pessoas físicas cresceram 17,2% em doze meses, chegando a R$ 155,3 bilhões, impulsionado por crédito consignado (25,6%), crédito imobiliário (14,7%) e cartão de crédito (13%). A Carteira de Financiamento ao Consumo, originada fora da rede de agências, somou R$ 58,2 bilhões, com crescimento de 16,3% em relação a 2018. Do total desta carteira, R$ 41,3 bilhões (87% da carteira) referem-se a financiamentos de veículos para pessoa física, apresentando aumento de 17,2% no período.

O crédito pessoa jurídica voltou a crescer em doze meses, alcançando R$ 138,5 bilhões, com variação de 12,9% em doze meses. O segmento de pequenas e médias empresas cresceu 15,4%, e o de grandes empresas cresceu 11,9%. Desconsiderando-se o efeito cambial, o crescimento seria 10,5% em doze meses. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias ficou em 2,9%, com queda de 0,2 pontos percentuais, enquanto as despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) subiram 26,7%, somando R$ 16,1 bilhões.

Veja abaixo a tabela com o resumo da análise do Dieese, ou, se preferir, leia o documento na íntegra.

Fonte: Fetec-CUT/CN, com El País e Valor


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