Folha de São Paulo
Fabiano Maisonnave
Além do fazendeiro, há mandados de prisão contra quatro irmãos apontados pela polícia como autores da chacina, todos considerados foragidos: Glaucimar Francisco Alves, Alan Alves, Marlon Alves e Cosme Francisco Alves. A Folha não localizou os advogados de defesa do fazendeiro e dos demais suspeitos pelos crimes.
De acordo com a investigação, os assassinatos da ativista, de seu marido, Claudionor Amaro Costa da Silva, 43, e do amigo Milton Lopes, 38, na madrugada da última sexta-feira (22) foram motivados pelo interesse do fazendeiro em tomar a área onde os três viviam dentro do assentamento Salvador Allende, ligado ao MAB e a outros movimentos sociais. A região está na área de influência da usina de Tucuruí, no rio Tocantins.
Os três foram mortos na residência do casal com arma branca. Dilma Silva foi encontrada degolada sobre a cama.
Dois dias depois, no domingo (24), os corpos de três funcionários do fazendeiro foram encontrados carbonizados, em um local a 14 km de distância da primeira chacina. Nesse caso, de acordo com as investigações, a motivação foi o pagamento de dívidas trabalhistas.
Segundo a polícia, que criou uma força-tarefa para investigar os crimes, o fazendeiro tem atuação em grilagem e estava construindo uma pista de pouso para o uso do narcotráfico. O suposto mandante também é suspeito de agiotagem, receptação e roubo a banco.
Em entrevista à Folha, o coordenador nacional do MAB, Iury Paulino, 33, elogiou a rapidez da polícia. Ele disse que as investigações ainda não estão concluídas, mas coincidem com a avaliação do movimento social de que Dilma Silva morreu por causa de sua atuação política.
O dirigente afirmou que, apesar de ameaças constantes aos dirigentes do MAB, a líder assassinada não havia recebido ameaças específicas recentes nem havia solicitado proteção policial.