A Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) participou nesta quarta-feira 8 na Câmara dos Deputados, junto com a Contraf-CUT e com a Fenae, do lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, formada por deputados e senadores e que já é parte da estrutura formal do Congresso Nacional. As sedes de três bancos públicos federais (BB, Caixa e Banco da Amazônia) e dois estaduais (BRB e Banpará) estão situadas na base territorial da Federação.
Dirigentes da Fetec-CUT/CN e dos sindicatos filiados de todas essas instituições financeiras públicas participaram do lançamento da Frente, que aconteceu durante o Seminário em Defesa dos Bancos Públicos, no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Teve também a presença de parlamentares de diversos partidos, lideranças e entidades de movimentos sociais e representantes de centrais sindicais.
“A luta em defesa dos bancos públicos é uma questão estratégica para o povo brasileiro. A Caixa Econômica tem atuação crucial na construção de moradias e no mercado imobiliário, o que significa manter aquecido o setor de construção civil, que tem alta capacidade de geração de emprego, fundamental para combater o desemprego e gerar renda no país. O Banco do Brasil é imprescindível para a agricultura, seja do agronegócio ou da agricultura familiar, para a produção de alimentos a custos mais acessíveis e em quantidade suficiente para toda a população brasileira. Os bancos regionais, como o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste, são fundamentais para o desenvolvimento daquelas regiões”, afirma Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN, quer participou do seminário e do lançamento da Frente.
“Sabemos que sem os investimentos dessas instituições financeiras públicas, o Norte e Nordeste perderão ainda mais, uma vez que os bancos privados estão concentrados no Sudeste e transferirão todos os recursos e ganhos de capital obtidos naquelas regiões para o sudeste e sul do país. Portanto, a população brasileira precisa entender a necessidade de defender os bancos públicos como ação estratégica para o país”, acrescenta Cleiton.
O presidente da Fetec-CUT/CN considera tão importante quanto os bancos públicos para o atual momento que o Brasil atravessa “vencer esse governo fascista na luta contra a reforma da Previdência. As pesquisas mostram que a população brasileira rejeita essa proposta do governo. Vamos intensificar essa luta, derrotando a reforma da Previdência e garantindo que as empresas públicas, bancos e todas as estatais, continuem desempenhando papel importante para o desenvolvimento do país e a favor da população brasileira”.
Participaram também os membros da Aliança Latino-americana em Defesa dos Bancos Públicos da Uni Américas Finanças da Argentina, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Peru.
Privatização só visa lucro
Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), iniciou sua fala com a lembrança da privatização da Vale, que resultou em duas tragédias. “Essas privatizações visam apenas o lucro, são voltadas apenas para o lucro. O resultado disso foi que a Vale destruiu muitas vidas”, comentou.
Por isso, para a presidenta da Confederação, hoje a população brasileira entende a importância das empresas públicas e a população brasileira sabe o que representa uma privatização de empresas de serviços públicos básicos. “O financiamento da agricultara familiar depende dos bancos públicos. Se isso for para os bancos privados, o alimento vai chegar mais caro na mesa do trabalhador. Se os bancos públicos acabarem, muitas cidades pequenas do Brasil vão ficar sem agências, pois os bancos privados só estão aonde o dinheiro está. O trabalhador tem que saber que vai pagar mais caro no financiamento da sua habitação. A gente precisa falar claramente com a população o que representa a entrega do patrimônio brasileiro e dizer que estão juntos com os trabalhadores na luta em defesa dos interesses do povo brasileiro.”
Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, as privatizações são prejudiciais para o crescimento do país e só beneficiam os ricos. “Com a privatização, o Estado perde uma grande ferramenta de desenvolvimento. Se a Caixa deixar de existir, por exemplo, quem vai fazer financiamento habitacional para uma família que ganha até dois mil reais? Só quem tiver muito dinheiro vai poder fazer. É isso que precisamos deixar claro para toda a sociedade”, afirmou.
A Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos irá analisar todos os projetos em tramitação nas duas casas legislativas, Câmara e Senado, e difundir a importância das instituições financeiras públicas para o desenvolvimento do Brasil.
Coordenada pelo senador Jacques Wagner (PT-BA) e o deputado Zé Carlos (PT-MA), ela será também um espaço para a análise de todos os fatores que envolvem as ameaças de privatização, em suas diferentes modalidades, é um canal de diálogo amplo.
Seminário “Bancos Públicos e Desenvolvimento”
Após o lançamento da Frente, especialistas em economia renomados, como Sérgio Mendonça, Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp), ex-chefe da Assessoria Especial do Ministério da Fazenda, Paulo Fernando Cavalcanti Filho (UFPb) e Luiz Fernando de Paula (UFRJ) explicaram a importância dos bancos públicos para a população e para o desenvolvimento do país, durante o Seminário “Bancos Públicos e Desenvolvimento”.
Representantes dos movimentos sociais, de entidades ligadas a bancos públicos, centrais sindicais e universidades também participaram do evento.
Fonte: Fetec-CUT/CN, com Contraf-CUT