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11 de Novembro de 2019 às 07:17

‘Estou com mais coragem de lutar do que quando saí daqui’, diz Lula em pronunciamento histórico


RBA

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez pronunciamento à Nação hoje (9) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Ele recebeu parlamentares, sindicalistas e lideranças políticas antes de subir ao caminhão de som. “A luta de Lula é a luta do povo”, disse a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao começar o ato.  “Lula está livre, mas agora temos de lutar pela sua inocência”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana.

Lula foi libertado nesta sexta-feira (8), após 580 dias de detenção na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba.

A Justiça expediu alvará de soltura, atendendo pedido da defesa do ex-presidente motivado pela decisão do Supremo Tribunal Federal, que derrubou, na quinta-feira (7), a execução de pena após condenação em segunda instância.

Lula foi recebido do lado de fora da PF por uma multidão de apoiadores e seguiu para a Vigília “Lula Livre”, um acampamento militante montado nas proximidades da PF, que denuncia a prisão política do petista.

No seu discurso na Vigília Lula Livre ontem o ex-presidente criticou os patrocinadores do processo inquisitório que o levou à prisão política e que ajudou Jair Bolsonaro a vencer a eleição de 2018.

Lula chamou de “mentirosos” os integrantes da Força-Tarefa da Lava Jato – incluindo procuradores do MP e delegados da PF – além dos desembargadores do TRF4, por o terem colocado na cadeia mesmo sem culpa e sem prova. “Eles tentaram não prender um homem, tentaram matar uma ideia. O problema é que uma ideia não se mata, não desaparece”, destacou.

Concentração no sindicato

“É ridículo chamar Lula e a esquerda e um defensor de ditadura e amigo de milicianos de faces da mesma moeda”, disse há pouco o ex-candidato à presidência pelo Psol e coordenador do MTST Guilherme Boulos, em frente à sede do sindicato. “Meu Deus do Céu?!”, exclamou, “vamos ver as coisas como elas são. O Bolsonaro é ligado a milicianos. Ameaçou um jornalista de  cana (Glenn Greenwald, do Intercept); ele trata a imprensa como lixo; criminaliza os movimentos sociais; é forçar demais”.

“Estamos no dia zero da reconstrução de um Brasil melhor”, afirmou a diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cibele Vieira, uma das petroleiras que aguarda a chegada de Lula no sindicato. “Precisamos recompor uma frente nacional de luta em defesa da soberania”.

O escritor Fernando Morais disse há pouco para o repórter Jô Miyagi, do Seu Jornal, da TVT, que a liberdade de Lula é uma vitória do PT, da esquerda, da vigília e sobretudo da civilização. “A liberdade de Lula envolve um simbolismo que lembra o escritor Gilberto Freyre prevendo a Revolução de 30. É um novo Brasil que vem aí”.

Elisa dias Caetano, 16 anos, estudante; Morgana Ribeiro da Silva, 30 anos, autônoma; e Gerson Edson Ribeiro Alves, 29 anos, motorista de aplicativo, que participam da Juventude Socialista, disseram à reportagem da RBA que se surpreenderam com a quantidade de pessoas que encontraram no sindicato. “Está vindo muita gente da nossa organização, de São Paulo, de todos os estados”, afirmou Gerson.

Primeiro dia do resto de nossas vidas

“Este é o primeiro dia do resto de nossas vidas”, afirmou o jornalista Palmério Doria à RBA, enquanto aguarda o pronunciamento de Lula dentro do Sindicato. “A gente  tem um fator fundamental para prosseguir, que é a alegria. Esse pessoal não aguenta a alegria”, disse em referência ao governo de  Jair Bolsonaro. “Se usarmos esse combustível, a gente enfrenta qualquer dificuldade no percurso.”

Com informações de Paulo Donizetti de Souza e Cláudia Motta, da RBA.


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