RBA
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez pronunciamento à Nação hoje (9) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Ele recebeu parlamentares, sindicalistas e lideranças políticas antes de subir ao caminhão de som. “A luta de Lula é a luta do povo”, disse a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao começar o ato. “Lula está livre, mas agora temos de lutar pela sua inocência”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana.
Lula foi libertado nesta sexta-feira (8), após 580 dias de detenção na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba.
A Justiça expediu alvará de soltura, atendendo pedido da defesa do ex-presidente motivado pela decisão do Supremo Tribunal Federal, que derrubou, na quinta-feira (7), a execução de pena após condenação em segunda instância.
Lula foi recebido do lado de fora da PF por uma multidão de apoiadores e seguiu para a Vigília “Lula Livre”, um acampamento militante montado nas proximidades da PF, que denuncia a prisão política do petista.
No seu discurso na Vigília Lula Livre ontem o ex-presidente criticou os patrocinadores do processo inquisitório que o levou à prisão política e que ajudou Jair Bolsonaro a vencer a eleição de 2018.
Lula chamou de “mentirosos” os integrantes da Força-Tarefa da Lava Jato – incluindo procuradores do MP e delegados da PF – além dos desembargadores do TRF4, por o terem colocado na cadeia mesmo sem culpa e sem prova. “Eles tentaram não prender um homem, tentaram matar uma ideia. O problema é que uma ideia não se mata, não desaparece”, destacou.
“É ridículo chamar Lula e a esquerda e um defensor de ditadura e amigo de milicianos de faces da mesma moeda”, disse há pouco o ex-candidato à presidência pelo Psol e coordenador do MTST Guilherme Boulos, em frente à sede do sindicato. “Meu Deus do Céu?!”, exclamou, “vamos ver as coisas como elas são. O Bolsonaro é ligado a milicianos. Ameaçou um jornalista de cana (Glenn Greenwald, do Intercept); ele trata a imprensa como lixo; criminaliza os movimentos sociais; é forçar demais”.
“Estamos no dia zero da reconstrução de um Brasil melhor”, afirmou a diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cibele Vieira, uma das petroleiras que aguarda a chegada de Lula no sindicato. “Precisamos recompor uma frente nacional de luta em defesa da soberania”.
O escritor Fernando Morais disse há pouco para o repórter Jô Miyagi, do Seu Jornal, da TVT, que a liberdade de Lula é uma vitória do PT, da esquerda, da vigília e sobretudo da civilização. “A liberdade de Lula envolve um simbolismo que lembra o escritor Gilberto Freyre prevendo a Revolução de 30. É um novo Brasil que vem aí”.
Elisa dias Caetano, 16 anos, estudante; Morgana Ribeiro da Silva, 30 anos, autônoma; e Gerson Edson Ribeiro Alves, 29 anos, motorista de aplicativo, que participam da Juventude Socialista, disseram à reportagem da RBA que se surpreenderam com a quantidade de pessoas que encontraram no sindicato. “Está vindo muita gente da nossa organização, de São Paulo, de todos os estados”, afirmou Gerson.
“Este é o primeiro dia do resto de nossas vidas”, afirmou o jornalista Palmério Doria à RBA, enquanto aguarda o pronunciamento de Lula dentro do Sindicato. “A gente tem um fator fundamental para prosseguir, que é a alegria. Esse pessoal não aguenta a alegria”, disse em referência ao governo de Jair Bolsonaro. “Se usarmos esse combustível, a gente enfrenta qualquer dificuldade no percurso.”
Com informações de Paulo Donizetti de Souza e Cláudia Motta, da RBA.