Negociadores da GM e do sindicato já retomaram as negociações.
Trabalhadores da montadora faziam piquetes fora das fábricas da GM, exibindo placas declarando a greve. Durante a paralisação, os membros do sindicato receberão US$ 250 por semana do fundo de greve sindical.
"Não vamos tolerar isso", disse Terry Dittes, vice-presidente da UAW encarregado pelo relacionamento da entidade com a GM, a jornalistas em Detroit. "Este é nosso último recurso."
Em comunicado no domingo (15), a GM afirmou que sua oferta aos trabalhadores da UAW incluiu mais de US$ 7 bilhões em investimentos, 5.400 empregos, a maioria novos, aumentos de salário, benefícios melhores e ratificação de bônus contratual de US$ 8 mil. "Negociamos de boa fé e com senso de urgência", afirmou a montadora.
O principal negociador do UAW disse que a proposta veio apenas duas horas antes do prazo final da greve e culpou a montadora pela mobilização desta segunda.
"Se tivéssemos recebido essa proposta no início do processo, talvez fosse possível chegar a um acordo provisório e evitar uma greve", escreveu Terry Dittes em uma carta à GM no domingo.
A greve vai paralisar rapidamente as operações da GM na América do Norte e pode atingir a economia dos EUA. Uma paralisação prolongada também vai gerar dificuldade para os trabalhadores por causa da redução de salário durante a greve.
Os trabalhadores da GM fizeram uma greve em 2007 que durou dois dias durante negociações contratuais. A paralisação mais significativa ocorreu em Flint, no estado do Michigan, em 1998, que durou 54 dias e custou à montadora mais de US$ 2 bilhões.
A UAW tem confrontado a GM para interromper o fechamento de fábricas de veículos em Ohio e Michigan, além de uma instalação de montagem em Detroit. O sindicato afirma que os metalúrgicos merecem salários maiores depois de anos de lucro recorde da montadora na América do Norte.
A GM argumenta que os fechamentos das fábricas são respostas necessárias às mudanças no mercado e que os salários e benefícios do UAW são caros em comparação com as fábricas de automóveis não sindicais concorrentes nos estados do sul dos EUA.
A greve vai testar tanto a UAW quanto a presidente-executiva da GM, Mary Barra, em um momento em que a indústria de veículos americana está enfrentando desaceleração de vendas e aumento de custos com o desenvolvimento de veículos elétricos.
Kristin Dziczek, vice-presidente de indústria, trabalho e economia do Centro de Pesquisa Automotiva, afirmou que greve vai também causar fechamentos de unidades no Canadá e no México por causa do alto nível de integração da produção. "Isso terá um efeito grande sobre a economia", disse.
A GM tem 12 fábricas de veículos, 12 fábricas de motores e transmissões e uma série de outras instalações como estamparia nos EUA.
A UAW definiu a GM como primeira montadora com quem quer concluir negociações trabalhistas.
A greve tornou-se rapidamente uma questão política, pois tanto o presidente dos EUA, Donald Trump quanto os democratas, que querem derrubá-lo em 2020, opinaram. Trump e os democratas veem os votos dos membros do UAW no Centro-Oeste como críticos para a vitória.
(Publicado na Folha de São Paulo)