Ex-presidente afirma que publicação da Abril tentou 'cartada final' para derrotar Dilma. 'Se perceberem que a gente não perdeu o sono, eles é que vão ficar acordados a noite inteira, vão ter azia'
por Redação RBA
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou no dia (30) novo vídeo no qual sugere que a população seja indiferente às tentativas da revistaVeja de prejudicar o PT. Ele afirma que não se pode mais enxergar a publicação do Grupo Abril como uma fonte de informação e classificou a reportagem divulgada às vésperas de eleição como o “melhor panfleto” a favor de Aécio Neves (PSDB), adversário de Dilma Rousseff (PT) no segundo turno.
“Se você olhar a Veja como uma revista de informação, você fica muito nervoso pela quantidade de mentiras. Agora, se você olhar a Veja como um panfleto da campanha do Aécio, você sofre menos”, afirma. Ele avalia que a reportagem que tentava associá-lo, junto com Dilma, a um esquema de corrupção na Petrobras foi a “cartada final” da revista na tentativa de evitar uma nova vitória petista, a quarta seguida. “Na verdade, ela deu um instrumento para a campanha do Aécio trabalhar na imprensa escrita e na imprensa televisada.”
A edição de Veja começou a circular na sexta-feira prévia ao segundo turno, um dia antes da data de distribuição normal da revista. A capa com os rostos de Lula e Dilma foi xerocada em várias cidades brasileiras, e distribuída como panfleto pró-Aécio. No sábado alguns dos maiores diários do país repercutiram a suposta denúncia, que recebeu ainda reportagem de seis minutos na última edição do Jornal Nacional antes da abertura das urnas. A Globo levou ao ar o conteúdo a respeito mesmo depois de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determinava que o PT tivesse direito de resposta na revista, acusada de promover uma manipulação de informação com fim de prejudicar o curso das eleições.
“A Veja se definiu ideologicamente. Já há muito tempo. Ela odeia o PT, odeia os governos do PT. E nós, em vez de ficarmos nervosos, irritados, não”, afirma Lula. “A gente tem que ver que a Veja é uma revista de oposição ao governo. Pronto, acabou. A gente vai sofrer menos, não tem azia. Quando souberem que a gente não fica nervoso vão ter azia. Porque quando alguém faz uma maldade dessas querem que a gente fique nervoso, que a gente perca o sono, que a gente não durma. Se perceberem que a gente dormiu, que a gente não perdeu o sono, eles é que vão ficar acordados a noite inteira, vão ter azia, vão ficar muito mal.”
No vídeo, o segundo divulgado após o resultado eleitoral, Lula voltou a falar do ódio de parte da população ao PT. Na véspera, o ex-presidente criticou a postura de intolerância a pobres que ascenderam socialmente nos governos dele e de Dilma, afirmando que mais generosidade e menos preconceito seriam positivos ao Brasil. “Toda vez que aparece alguém disposto a cuidar dos setores mais marginalizados da sociedade, daqueles que trabalham, daqueles que vivem de salário, do pequeno empreendedor, da classe média, tem gente que não gosta. Tem gente que fica com ódio.”
Ao final, Lula lamentou ainda as tentativas de deslegitimar a vitória obtida por Dilma. Logo em seguida à confirmação da reeleição surgiram nas redes sociais mensagens que pediam uma intervenção militar contra a presidenta constitucional e um impeachment pelo Congresso, versão ecoada também por parlamentares de oposição ao PT.
“Democracia é o que estamos vivendo hoje. Todo mundo tem o mesmo direito. Todo mundo pode votar e escolher o seu candidato, e todo mundo tem que aceitar o resultado porque isso é democracia. Democracia não vale só quando a gente ganha. Se fosse assim era muito fácil ser democrata.”