Agendada para o período de 11 a 18 de novembro, a eleição do representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, com direito a voz e voto, configura-se como histórica. O objetivo é criar um espaço de intervenção dos bancários nas instâncias de gestão da empresa, de modo a torná-la cada vez mais democrática e transparente.
Na condição de reivindicação antiga do movimento nacional dos empregados, a eleição de um conselheiro representante está baseada no entendimento de que os empregados têm todo o direito não só de gerir o patrimônio da Caixa, mas também de acompanhar e fiscalizar os atos da administração da empresa.
A eleição para escolha do conselheiro representante está prevista pela lei 12.353, de 28 de dezembro de 2010, sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e regulamentada pela presidenta Dilma Rousseff. A medida dispõe sobre a participação dos trabalhadores em órgãos de administração das empresas públicas ou sociedades de economia mista controladas pela União, direta ou indiretamente.
A luta das entidades sindicais e associativas dos empregados, representadas pela Contraf/CUT e pela Fenae, foi decisiva para que essa conquista fosse sacramentada no âmbito da Caixa, uma das únicas empresas públicas federais que ainda não realizou o pleito.
Experiência ímpar
Na Caixa, uma única e curta experiência de diretor representante ocorreu entre os anos de 1995 e 1998. Essa experiência não foi consolidada porque, na época (governo FHC), a Caixa estava sob a permanente ameaça de desmonte e de privatização. O cargo foi ocupado por José Carlos Alonso, cuja posse se deu em 8 de maio de 1995. Esse processo, no entanto, foi postergado pela administração do banco o máximo que pôde, mesmo depois de aprovado em acordo coletivo.
A gestão de Alonso à frente do Direp contou com o apoio da maioria das entidades associativas e sindicais do país, sendo adotada desde o início uma postura crítica em relação à forma desvirtuada e autoritária adotada pelas sucessivas direções da Caixa. Entre as dificuldades impostas para o trabalho do Direp, a falta de estrutura para o Gabinete foi uma das maiores. Isso impediu que fossem cumpridos muitos dos compromissos assumidos com os empregados.
Como diretor representante, Alonso defendeu a valorização dos empregados, lutou por transparência na fixação de diretrizes para a atuação da Caixa e buscou garantir fiscalização rigorosa dos atos da administração, visando coibir a má gestão dos recursos. Foi fundamental para esse trabalho a edição do boletim “Carta do Direp”, que periodicamente trazia informações sobre temas que mexiam com o cotidiano profissional de todos os empregados.
Conselho de Administração
As entidades representativas conclamam todos os empregados a participarem das eleições para a escolha do representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, a principal instância decisória do banco.
O voto será facultativo, direto, secreto e por meio eletrônico, bastando para isso entrar no SISRH – 4.1. Serão escolhidos o titular e seu suplente, com disputas entre diversas chapas. O importante, nesse caso, é reafirmar a luta para que a Caixa priorize seu papel social e sua natureza de banco público.
Para Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Fenae, a escolha de um representante dos empregados para o Conselho de Administração é vital para acelerar o processo de democratização da gestão da Caixa. É nessa instância, segundo ela, onde são tomadas as decisões estratégicas, acrescentando: “Daí ser necessário que os empregados elejam um representante realmente comprometido com os seus interesses”.