Agências bancárias amanhecem repletas de adesivos e cartazes alusivos à greve em Curitiba, Paraná, nesta terça-feira (30). (Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo)
Do G1, em São Paulo
São Paulo - Os bancários de bancos públicos e privados decidiram entrar em greve a partir desta terça (30), por tempo indeterminado, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Sindicatos de todos os estados confirmaram adesão à greve, além do Distrito Federal (veja abaixo como está a adesão à greve nos estados).
Nesta manhã, agências amanheceram com adesivos colados nos vidros, indicando a paralisação.
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, informou que a greve será iniciada apenas em agências bancárias. Caixas eletrônicos, serviços de teleatendimento e centros administrativos continuam funcionando.
Porém, segundo Cordeiro, existe a possibilidade de estender a greve a outros setores se as negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) demorarem. "A nossa greve sempre começa pelas agências bancárias. A cada dia que passa que isso [acordo entre a categoria e os bancos] não ocorre, a greve tende a crescer e atingir setores mais estratégicos", diz Cordeiro.
Paralisação pelo país
Quem procurou as
agências bancárias do Acre se deparou com adesivos de "greve bancária" afixados nas entradas das instituições. A categoria decidiu, em assembleia no dia 25, aderir ao movimento nacional.
No Amapá, além das reivindicações nacionais, os trabalhadores cobram em âmbito estadual o aumento no efetivo de servidores e do número de agências nos municípios do estado, segundo o Sindicato dos Bancários (Sintraf), que afirma que 7 cidades amapaenses não têm acesso a serviços bancários. Os caixas eletrônicos, o atendimento via telefone e a finalização de depósitos estão mantidos. O sindicato ainda frisou que o pagamento de servidores públicos será efetuado.
No Amazonas, clientes lotaram agências de Manaus em busca de atendimento. Usuários criticaram a falta de informação. Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários do Amazonas (SEEB-AM), Nindberg Barbosa, todas as agências do Centro de Manaus já aderiram ao movimento. "Por enquanto, as agências dos bairros [na capital] vão continuar fazendo atendimento à população. Foi decidido começar com as do Centro para não prejudicar muito a população, já que hoje [terça] é dia de pagamento", explicou.
Os bancários da Bahia aderiram à greve nacional, segundo informações do sindicato da categoria. O G1 percorreu algumas regiões da cidade, como o Centro, Comércio e Avenida Sete, e todas as agências bancárias estão fechadas nesta terça-feira. Há pelo menos um representante do sindicato em cada unidade. Os terminais de autoatendimento funcionam normalmente.
O Sindicato dos Bancários do Ceará informou, nesta terça-feira (30), que a greve deve ser “forte” em Fortaleza e no interior do estado. “Nosso objetivo é que seja forte e rápida para minimizar os danos para a população”, disse o diretor executivo do sindicato, Clércio Morse, que espera dar celeridade as negociações com o movimento grevista.
Em Goiás, bancários também decidiram entrar em greve. Segundo Sérgio Luiz Costa, presidente do Sindicato dos Bancários do Estado de Goiás, existem cerca de 500 agências, além de outros 300 postos de atendimento conveniados. Em todas as unidades, somente os caixas de autoatendimento irão funcionar.
Os bancários de
Mato Grosso também entram em greve e o atendimento interno nas agências deverá permanecer interrompido por tempo indeterminado, de acordo com o Sindicato dos Bancários do estado (SEEB-MT). Segundo José Guerra, presidente do Sindicato, atualmente o estado possui seis mil bancários e 360 agências, sendo que a maioria delas não deve abrir durante a greve. Para quem está preocupado com o vencimento das contas, uma dica do sindicato é que elas podem ser pagas pela internet, casas lotéricas, além de supermercado e agências dos correios.
Em Mato Grosso do Sul, também houve adesão. Segundo o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Campo Grande e Região (Seebcgms) os bancários dessa área de representação decidiram aderir ao movimento nacional em uma assembleia geral realizada no dia 25 de setembro. Já na região sul do estado, o presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Dourados e Região, Janes Estigarribia, aponta que nos 13 municípios em que a entidade atua, pelo menos 49 agências devem permanecer fechadas.
Os
bancários do Estado do Maranhão também entraram em greve. “A greve é em todo território nacional, com previsão de adesão de todas as agências no Maranhão. O grau de adesão vai depender da mobilização dos bancários”, disse o presidente do Seeb-MA, José Maria Nascimento.
Em Belo Horizonte, agências também amanheceram fechadas. Ainda no estado de Minas Gerais, o Sindicato dos Empregados dos Estabelecimentos Bancários de Montes Claros e região confirmou que funcionários de 14 municípios aderiram à greve. Trabalhadores de Uberlândia e Uberaba também aderiram ao movimento. Em Divinópolis, mais da metade das agências não abriram as portas. Bancários de Governador Valadares e região, no Leste de Minas, também aderiram à greve, além dos trabalhadores da Zona da Mata.
Em Santarém, no Pará, segundo o sindicato que representa a categoria, os funcionários de bancos públicos e privados vão aderir ao movimento grevista. “Como a categoria bancária tem a consciência coletiva, todas as agências serão paralisadas. O que vai ficar funcionando são somente os auto atendimentos de todas as agências. Tanto o banco público quanto o banco privado vai ser paralisado”, informou o diretor do Sindicato dos Bancários em Santarém, Joacir Pereira.
Em Sergipe, o único banco que não está participando do movimento grevista é o Banese. Os trabalhadores da instituição decidiram aceitar a proposta feita pelos banqueiros. Com isso, as agências do banco estadual estarão funcionando normalmente. O presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe (Seeb/SE), José Souza, diz que ainda não é possível calcular qual o quantitativo de adesão do movimento nas demais instituições financeiras.
Na Paraíba, pelo menos 160 agências bancárias, integrantes da base do sindicato, vão parar por tempo indeterminado, segundo o presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques. Ele garantiu que os bancários vão manter o serviço de compensação de cheques e o abastecimento dos caixas eletrônicos. “O autoatendimento vai ficar aberto para saques. Hoje, 86% dos serviços são feitos no autoatendimento”, comentou.
Em Pernambuco, as agências bancárias da região central do Recife estão fechadas. O sindicato da categoria promove, ao longo do dia, atos na frente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Nordeste, na Avenida Conde da Boa Vista, e no Banco do Brasil, na Avenida Rio Branco. Aderiram ao movimento 55% das agências bancárias do estado, segundo o sindicato.
Os bancários do Piauí também iniciaram nesta terça uma greve por tempo indeterminado. O presidente do sindicato, Arimatéa Passos, afirma que durante a greve apenas os terminais de autoatendimento estarão funcionando. "São cerca de três mil bancários ativos no estado, mais da metade estão lotados em Teresina, e esperamos a adesão de todos. Os funcionários estão reunidos nas portas dos bancos e não vamos trabalhar atᄅ que haja negociação."
No Rio de Janeiro, bancários estavam concentrados desde o início da manhã na sede do sindicato e no entorno das Avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, no Centro, para iniciar a paralisação da categoria. Segundo os bancários, os funcionários explicavam para os clientes do auto-atendimento, que formavam filas nas agências nesta manhã, sobre o movimento grevista.
No Rio Grande do Norte, a adesão no estado foi tomada por unanimidade em assembleia realizada no dia 23 na sede do sindicato, em Natal. Na segunda-feira, o Procon do Rio Grande do Norte notificou o Sindicato dos Bancários do estado para garantir efetivo mínimo de 30% de funcionários trabalhando durante o período de greve.
Pelo menos 500
agências do Rio Grande do Suladeriram à greve dos bancários. Conforme a assessoria de imprensa da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), os 38 sindicatos que representam a categoria no estado recusaram uma proposta feita pelas direções de bancos. Em Porto Alegre, o Sindicato dos Bancários (SindBancários), que representa os trabalhadores da capital e mais 12 municípios, aprovou também um calendário de mobilização para os próximos dias. Ao todo são 24.793 mil bancários em todo estado.
Os servidores
bancários de Roraima também aderiram à greve. De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários do estado, Adalton Andrade, a greve atinge todas as agências do estado, sendo que 30% dos serviços continuam sendo oferecidos, conforme a legislação.
Os bancários das regiões de Florianópolis, Blumenau, Chapecó e Criciúma, em Santa Catarina, também aderiram à greve nacional. O atendimento presencial nas agências não está sendo feito. Na região de Lages, na Serra de Santa Catarina, haverá a assembleia dos trabalhadores na noite desta terça para decidir se vão aderir à paralisação.
No Tocantins, bancários do iniciaram a paralisação geral das atividades após decisão em assembleia realizada na sede do Sindicato dos Bancários do Tocantins (Sintec-TO) em Palmas. Segundo informações do Sintec-TO dos 89 votantes, 79 votaram foram a favor da paralisação.
Reivindicações dos bancários
Os trabalhadores que decidiram pela greve pedem reajuste salarial de 12,5%, além de piso salarial de R$ 2.979,25, PLR de três salários mais parcela adicional de R$ 6.247 e 14º salário. A categoria também pede aumento nos valores de benefícios como vale refeição, auxílio creche, gratificação de caixa, entre outros.
Além do aumento de salário e benefícios, os bancários também pedem melhores condições de trabalho com o fim de metas consideradas abusivas, combate ao assédio moral, igualdade de oportunidades, entre outras demandas.
No sábado (27), o Comando Nacional dos Bancários confirmou o indicativo de greve mesmo após uma nova proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). As instituições financeiras elevaram o reajuste de 7% a 7,35% para os salários, enquanto o aumento no piso da categoria foi de 7,5% para 8%. No entanto, os novos índices foram considerados insuficientes pelos bancários em reunião realizada em São Paulo.
Em 2013, os trabalhadores do setor promoveram uma greve de 23 dias, que foi encerrada após os bancos oferecerem reajuste de 8%, com ganho real de 1,82%. A duração da greve na época fez a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) pedir um acordo para o fim da paralisação, temendo perdas de até 30% nas vendas do varejo do início de outubro.