Crédito: Mauricio Morais - Seeb São Paulo
Depois das manifestações, bancários entregam cartas para diretoria do banco
A Contraf-CUT, federações e sindicatos realizaram nesta terça-feira (27) um ato nacional em frente à Torre Santander, em São Paulo, seguida da entrega para a diretoria do banco de cerca de 25 mil cartas de clientes, onde se solidarizam com a luta pelo fim das demissões e cobram "a redução de tarifas e a contratação de mais bancários". Houve também entrega de uma carta das entidades reforçando a solicitação de uma reunião com o presidente do Santander Brasil, Jesús Zabalza.
A grande manifestação, que contou com a participação de dirigentes sindicais de todo o país, foi a apoteose da Jornada Nacional de Luta contra as demissões do Santander, indicada pela Comissão de Organização dos Empregados (COE) e deflagrada pelos sindicatos no último dia 12.
Solidariedade dos clientes
"Ao longo de duas semanas, houve protestos, leitura de manifesto e coleta de assinaturas de clientes em inúmeras agências do banco em todo o país, como forma de pressionar o banco a parar as dispensas, contratar mais funcionários, melhorar as condições de trabalho e o atendimento ao público", afirmou o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.
As cartas endereçadas ao presidente do Santander Brasil, Jesús Zabalza, foram recebidas pela diretora de Recursos Humanos, Vanessa Lobato, após uma manifestação de dirigentes sindicais no saguão do imenso prédio onde fica a direção do banco. Houve também entrega de uma carta reforçando a solicitação de uma reunião com Zabalza. Vanessa se comprometeu a levar o pedido da reunião para o presidente do banco.
> Clique aqui para ler a carta entregue ao banco.
As cópias das cartas foram também afixadas em cordas, formando um enorme varal, e deram três voltas na sede do banco no Brasil, valorizando o recado de milhares de clientes solidários com a luta dos bancários contra as demissões.
Milhões para altos executivos
Um enorme cartaz com um cheque gigante no valor de R$ 465 mil foi estendido, mostrando a remuneração mensal de um alto executivo do banco.
"Enquanto o Santander paga milhões de reais por ano para um punhado de executivos, os bancários e as bancárias que permanecem no emprego recebem um dos menores salários da categoria, o que revela a falta de valorização para quem produz os lucros bilionários do banco", disse a secretária de Mulheres da Contraf-CUT, Deise Recoaro.
Os dirigentes sindicais ainda seguraram cruzes pretas, com a inscrição "Demitidos", simbolizando os milhares de bancários que o banco mandou embora desde as demissões em massa na véspera do Natal de 2012. Além das dispensas, o Santander cortou 4.833 empregos entre março de 2013 e março de 2014, sendo 970 no primeiro trimestre deste ano, o que inaceitável.
"É o banco que mais fechou vagas no ano passado e no início de 2014, apesar de continuar lucrando muito, tendo obtido R$ 1,428 bilhão no primeiro trimestre", salienta o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Mário Raia. "As demissões não têm justificativa. Queremos que o Santander respeite o Brasil e os brasileiros", completou.
Gestão equivocada
Nos pronunciamentos, os dirigentes sindicais criticaram a gestão do banco, sobretudo as demissões, o que piorou as condições de trabalho e o atendimento. Não é à toa que o banco tem liderado quase todos os meses o ranking de reclamações de clientes no Banco Central. Além disso, o banco tem reduzido custos por meio do corte de serviços, como transporte e limpeza, causando a indignação dos funcionários.
"Ao assumir o posto, no ano passado, o atual presidente declarou à imprensa que implantaria a mesma política adotada quando comandou o banco no México: redução de custos por meio das demissões, mas aqui não é o México. Respeite quem é responsável por 20% do lucro mundial do Santander", disse a secretária de finanças do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa.
"O banco é uma concessão pública e como tal deve atender aos anseios da sociedade, que deve vir com o aumento do número de postos de trabalho, a diminuição das tarifas e a concessão de crédito barato", afirmou o diretor do Sindicato, Ramilton Marcolino.
Funcionários assustados
"A sensação que temos é que podemos ser demitidos a qualquer momento. Não fazemos planos financeiros a longo prazo porque não sabemos se vamos continuar no banco", contou uma funcionária do banco.
"A retirada dos fretados é uma das principais reclamações dos meus colegas aqui na Torre, que é um lugar de difícil acesso. O trânsito aqui é horrível em qualquer horário, a estação de trem fica longe. Avisaram sobre o fim dos fretados dois dias antes [do serviço terminar]. Simplesmente falaram para a gente se virar", relatou uma funcionária do banco.
Bancários cobram mudanças
"Os trabalhadores aceitam o desafio de fazer deste banco o maior do país desde que a direção nos dê condições para isto, fazendo deste banco o melhor para se trabalhar. Neste sentido, é preciso parar imediatamente com as demissões e contratar mais bancários para atender melhor o cliente", ressaltou Rita Berlofa.
Os dirigentes sindicais deixaram claro que não irão descansar enquanto não pararem as demissões e não houver uma reunião com o presidente do banco. "Esperamos dialogar com Zabalza para mostrar que o caminho para o banco crescer no Brasil não é cortar ainda mais custos, mas sim mudar a gestão, criar empregos, melhorar as condições de trabalho, ampliar o crédito, reduzir juros e tarifas, e investir no desenvolvimento econômico e social do país", concluiu Ademir.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo