Elisa Soares
Valor Econômico - Rio de Janeiro
O Banco da Amazônia está em negociações preliminares com a União para um aporte que pode chegar a R$ 1 bilhão. A ideia é que os recursos, que vêm sendo pleiteados junto ao Tesouro Nacional, e aos ministérios da Fazenda e da Integração Nacional, alavanquem os ativos totais do banco de fomento, atualmente em R$ 27 bilhões.
A instituição atua na região Norte e quer elevar seus desembolsos em quase 40% em 2014 em relação ao ano passado, bem como dobrar seu resultado em cinco anos. Em 2013 o lucro líquido do Banco Amazônia alcançou R$ 182,5 milhões, 10% acima de 2012.
O presidente do banco, Valmir Rossi, afirmou que a instituição já tem os recursos necessários para a demanda prevista para este ano. A meta é desembolsar R$ 9,2 bilhões, 38,3% acima de 2013 (R$ 6,65 bilhões), sendo R$ 7,2 bilhões em projetos relacionados à carteira de fomento, ou seja, com repasses de fundos e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Caso a previsão se confirme, a liberação terá 34% de aumento em relação ao ano passado, que já tinha sido recorde.
A capitalização estudada deve vir na forma de capital nível 2, aquele que pode ser composto por recursos de terceiros, como dívida subordinada e que pode ser transformada em ações do banco. Entre as opções em debate, uma alternativa é que os recursos venham do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). Outra é o banco assumir 100% do risco nos empréstimos.
Hoje a instituição divide o risco com o Tesouro. Essa compra de dívida poderia ser em cima das operações já contratadas, ou daquelas ainda a contratar. As opções foram apresentadas aos órgãos competentes, e nova reunião para discutir o assunto, entre representantes do banco e União, está marcada para hoje.
Além do FNO, o Banco da Amazônia também repassa recursos do BNDES, do Fundo de Marinha Mercante (FMM), e do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA). "[Com o aporte] vamos ampliar o número de negócios e, como consequência, nossa receita. Hoje o banco tem estrutura de despesas e receitas muito próxima, então quando a inadimplência sobe muito, ou há algum fator extraordinário, ficamos no limite."
Para expandir receitas, a aposta é na expansão da base de clientes, trabalhando com limites de crédito pré-aprovados. Seria um "guarda-chuva" que abrigaria recursos para custeio, investimento, comercialização, compra de máquinas, ou seja, tudo que for analisado como necessário para determinada empresa. "Por exemplo, um produtor rural vem ao banco para financiar um conjunto de silos. Antes, a gente apenas financiava aquele bem. Agora a gente olha o produtor como um todo, para ver onde ele precisa de financiamento. É atender quem já é nosso cliente de uma maneira mais integral", explicou Rossi.
Projetos em agricultura estão na mira do banco para alavancar seus negócios neste ano. Entre os vetores de crescimento da carteira de crédito do banco, Rossi cita investimentos necessários em um novo corredor de exportação de grãos, em desenvolvimento na região. Produzidos no Centro-Oeste, os grãos serão transportados ao Norte via sistema rodoviário e aquaviário, e a partir da região, exportados para Europa e Estados Unidos.
Rossi estima que, no ano passado, R$ 400 milhões já tenham sido liberados para esses projetos. Mas na carteira de 2014, o banco já conta com R$ 1 bilhão em análise.
Fonte: Valor Econômico