O governo de Mato Grosso criou equipe de trabalho, liderada pela delegacia-geral da Polícia Civil, para apurar quatro mortes neste mês
por Redação RBA
São Paulo – Desde janeiro foram registrados 23 assassinatos em conflitos no campo no Brasil, segundo o Centro de Documentação Dom Tomas Balduino, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Só neste mês, quatro lideranças morreram em Mato Grosso. De acordo com Paulo César Moreira, da coordenação da CPT no estado, a violência tem foco em sindicalistas e lideranças, e muitas delas denunciaram a situação para órgãos públicos, que poderiam ter evitado assassinatos.
"Lideranças foram mortas um dia depois em que houve uma audiência pública com a Ouvidoria Agrária Nacional, com o Ministério Público Federal, com o Incra, órgãos competentes que deveriam atuar tanto na regularização fundiária, tanto nas questões relativas à reforma agrária como na proteção a essas pessoas ameaçadas", afirma o representante da CPT, em entrevista hoje (25) à Rádio Brasil Atual.
No último dia 16, Josias Paulino de Castro, presidente da Associação de Produtores Rurais Nova União (Asprounu), e sua mulher, Ireni da Silva Castro, foram mortos, a tiros de pistolas, no município de Colniza.
Maria Lúcia do Nascimento, ex-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura de União do Sul e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi assassinada no último dia 13, também a tiros. A militante morreu dentro do assentamento em que vivia, no município União Sul. Maria Lúcia lutava pela regularização de seu assentamento, Nova Conquista II, onde vivem 25 famílias.
Diante dessa situação, o governo estadual criou uma equipe de trabalho, liderada pela delegacia-geral da Polícia Civil, com o secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, para apurar os crimes. "Queremos acreditar que vai ser levado à frente, que vai ser realmente apurado", diz Paulo.
O coordenador da CPT pontua que a situação no campo está "muito complexa" e que ocupações de famílias e pequenos agricultores estão arriscadas. "Essas famílias ocupam e ao mesmo tempo tentam pressionar os órgãos para que terras da União sejam destinadas à reforma agrária", afirma.
Durante protesto no último dia 12, que reuniu cerca de 1.500 sem terra em Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, Maria Paciência dos Santos, de 59 anos, foi atropelada por um caminhoneiro e também morreu.
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