A ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, participou neste domingo (22), no Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, da cerimônia em homenagem à escritora e feminista Rose Marie Muraro, que morreu no sábado (21) de câncer.
Ela informou que, na última semana deste mês, será lançado o Prêmio Feministas Históricas para contemplar as que se destacaram da luta pelos direitos das mulheres e hoje têm mais de 75 anos. O prêmio, uma parceria entre a Secretaria de Políticas para as Mulheres e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, receberá o nome da escritora. O nome de Rose Marie Muraro foi dado ao prêmio por determinação da ministra.
Na cerimônia em homenagem a Rose Marie, a ministra demonstrou tristeza pela perda da amiga, dizendo que ela se foi, mas deixou o exemplo de sua vida. "Estou triste porque perdi uma amiga, porque sou amiga dela há muito tempo, e uma companheira, pelas mulheres terem perdido, e pelo Brasil ter perdido esta grande mulher."
Eleonora ressaltou o legado extraordinário de Rose Marie com a publicação do livro "Sexualidade da Mulher Brasileira - Corpo e Classe Social", que considera um marco em uma questão fundamental, que é a relação de classe social e sexo.
"Foi uma pesquisa feita no Nordeste e No sul e foi um marco. Como "O Segundo Sexo" (livro da escritora e feminista francesa Simone de Beauvoir), (a obra de Rose Marie) foi um marco. Aquele livro foi um marco também, porque cruza a discriminação de sexo, de gênero, com classe social, e ela mostra que as mulheres pobres e trabalhadoras deste país sofrem muito mais a discriminação sobre o corpo e a sexualidade", ressaltou a ministra.
Ela destacou ainda a vontade de viver "com toda força" e ousadia de Rose Marie Muraro para ampliar e fazer valer os direitos das mulheres. Ela lembrou que a escritora lutou todo o tempo pela democracia no país: "participou do Partido dos Trabalhadores, foi defensora árdua das políticas sociais do presidente Lula e da presidenta Dilma e achava que o Brasil ter conseguido eleger uma mulher para Presidência foi uma mostra para o mundo de como nós estávamos mostrando o protagonismo das mulheres."
Eleonora acrescentou que Rose Marie demonstrou também muita determinação na vida e enfrentou uma deficiência visual. "Desde pequena, era cega e não deixou de estudar, não deixou de escrever, não deixou de ler. Isso é muito importante, como exemplo para as pessoas com deficiência. Ela era uma mulher com deficiência e mostrou que é possível vencer", afirmou.
Para a ministra, uma forma de homenagear a escritora é lutar para que as mulheres tenham o mesmo direito dos homens em todas as esferas da sociedade, com trabalho e salários iguais. "Que a gente melhore a vida das mulheres dentro e fora de casa e, sobretudo, que a luta das mulheres seja uma luta junto com a consolidação da democracia brasileira. E não termos medo das escolhas que cada uma faz", completou.
Rose Marie Muraro participou do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher desde a sua criação, em 1985, e só se afastou, em 2012, por causa do tratamento do câncer.
Fonte: Agência Brasil