Fabiana Lopes e Daniela Machado
Valor Econômico
Em linha com o esperado por analistas, o Bradesco viu seu lucro crescer no primeiro trimestre ajudado pela melhora da inadimplência e por uma redução nas provisões para créditos duvidosos. O banco abriu a temporada de divulgações do setor nesta quinta-feira (24), mostrando lucro líquido contábil de R$ 3,44 bilhões, com alta de 18% sobre o mesmo período do ano passado, conforme o jornal Valor Econômico.
O lucro ajustado, que exclui itens extraordinários, também subiu 18% e alcançou R$ 3,47 bilhões. Analistas consultados pelo Valor esperavam que o banco tivesse lucro de R$ 3,38 bilhões de janeiro a março.
Como já vinha ocorrendo recentemente, o crédito cresceu mais em linhas menos arriscadas, como o financiamento imobiliário e o consignado. Essa tem sido a estratégia dos grandes bancos no país, após as dificuldades enfrentadas com o aumento dos calotes, e a expectativa de analistas é que isso se mantenha ao longo deste ano.
A carteira de crédito expandida do banco cresceu 1,2% sobre o fim do ano passado e 10,4% em 12 meses, para R$ 432,29 bilhões. As operações com pessoas físicas totalizaram R$ 132,65 bilhões, com expansão de 11,5% em relação ao primeiro trimestre de 2013, enquanto os empréstimos a empresas atingiram R$ 299,64 bilhões, com alta de 9,9% na mesma base de comparação. Os dados incluem, por exemplo, avais, fianças, cartas de crédito e antecipação de recebíveis. Por esse conceito expandido, o Bradesco espera que sua carteira de crédito feche este ano com crescimento entre 10% e 14%.
A carteira pelo conceito do Banco Central (BC), que pode ser comparada com a de outras instituições financeiras, somou R$ 328,25 bilhões, com alta de 10,2% em relação ao primeiro trimestre de 2013 e de 1,6% sobre o trimestre imediatamente anterior.
"O volume de crédito cresce a taxas sustentáveis e compatíveis ao risco, enquanto a inadimplência de pessoa física continua recuando e a de pessoa jurídica está controlada. Diante do intenso e contínuo processo de mobilidade social dos últimos anos, que segue em curso, o cenário para os setores bancário e de seguros no Brasil continua bastante promissor", avaliou o banco em comunicado.
O índice de inadimplência, considerando atrasos há mais de 90 dias, caiu para 3,4%, ante 4% no mesmo período do ano passado e 3,5% no quarto trimestre. A redução se deu, principalmente, pela mudança no mix da carteira. Os produtos que mais cresceram no crédito para pessoa física foram o imobiliário e o consignado. Para as empresas, os destaques ficaram com financiamento imobiliário (plano empresário) e operações no exterior.
No caso das pessoas físicas, o nível de calotes caiu para 4,7%, ante 5% em dezembro e 6% um ano atrás. Nas grandes empresas, o índice ficou em 0,4%, frente a 0,6% no fim do ano passado e 0,3% há um ano. As micro, pequenas e médias companhias registraram inadimplência de 4,2%, ante 4,1% em dezembro e 4,6% em março de 2013.
Esse quadro permitiu uma redução das despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) para R$ 2,86 bilhões. A queda na comparação com o mesmo trimestre do ano passado foi de 8% e em relação ao quarto trimestre, de 3,4%. "Essa redução no trimestre torna-se relevante se considerarmos a existência da sazonalidade de concentração de pagamentos de impostos e tributos e de despesas relacionadas ao início do ano, que tendem a impactar, negativamente, a capacidade de pagamentos de nossos clientes", destacou o Bradesco.
As despesas também se mostraram relativamente comportadas. Os gastos administrativos e com pessoal somaram R$ 6,76 bilhões no primeiro trimestre, com alta de 3,9% sobre o mesmo período do ano passado mas queda de 7,5% na comparação com o fim do ano.
O retorno sobre o patrimônio líquido ajustado do banco alcançou 20,5%, o melhor nível dos últimos sete trimestres.
Na próxima terça-feira (29), Itaú e Santander Brasil apresentam seus números referentes ao primeiro trimestre.
Análise do Dieese
A Subseção do Dieese na Contraf-CUT já está analisando o balanço do primeiro trimestre do Bradesco. O resultado, incluindo os dados sobre emprego, será divulgado ao longo do dia.
Fonte: Valor Econômico