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24 de Março de 2015 às 13:19

24/03/2015 - Globo sacrifica seus artistas para poupar seus políticos, diz Luis Nassif


Crédito: Jornal GGN
Jornalista analisa divulgação seletiva de nomes na lista do HSBC na Suiça

Luis Nassif

A primeira desculpa de Fernando Rodrigues para não divulgar nomes da lista do HSBC é que não queria cometer injustiças. Por isso, selecionou poucas centenas de nomes - entre quase 8 mil - e remeteu para a Receita Federal (!).

Na verdade, amarelou ao se deparar com nomes delicados e suas limitações jornalísticas impedirem de montar uma estratégia de divulgação politicamente palatável para os veículos de mídia.

Aí entra O Globo, que faz jornalismo enviesado mas, enfim, sabe fazer jornalismo.

O que interessa na lista é o embricamento entre crime organizado, lavagem de dinheiro e sistema político e financeiro brasileiro - os políticos e financistas que se aliaram no sistema de caixa 2 desde as incursões pioneiras de Marcelo Alencar com o Garantia, ainda nos anos 80, ou do Opportunity nos anos 90. É por aí que se levantará a aliança financistas-políticos-doleiros.

O resto é perfumaria.

O que O Globo vem fazendo - com Rodrigues a reboque - é aplicar o princípio do biquíni - de mostrar tudo, menos o essencial. Divulga com estardalhaço nomes ligados ao grupo ou à mídia, mostrando com isso isenção, aliás uma falsa isenção porque não há nada de mais significativo nas informações divulgadas, a não ser contas abertas e fechadas há décadas.

A primeira leva de nomes é de jornalistas e proprietários de veículos flagrados em contas não comprometedoras. Até Horácio de Carvalho - dono do Diário Carioca - falecido há décadas, foi lembrado. Os demais eram titulares de contas já fechadas, muitos deles já falecidos. De novo, apenas Luiz Frias.

A segunda rodada foi com personagens de grandes golpes com dinheiro público.

Na terceira rodada, enfia na relação de suspeitos seus artistas, usando como álibi para esse carnaval o fato de terem captado recursos através da Lei Rouanet. O que as denúncias insinuam? Que o dinheiro foi desviado para paraísos fiscais? A prestação de contas é tão severa que dois artistas que não deram conta do recado - Norma Bengel e Guilherme Fontes - tiveram suas vidas quase liquidadas.

Valendo-se do álibi inicial de Rodrigues - de poupar inocentes -, qual a justificativa de colocar Tom Jobim, Jorge Amado e Paulo Coelho na lista de suspeitos, sabendo-se que são autores que recebem direitos autorais de todos os países do mundo? Ou então expor suas próprias estrelas à suspeita?

Se sonegaram, que paguem.

Mas o jornal os está remetendo ao altar de sacrifícios, com a suspeita de terem desviado dinheiro público, apenas para desviar o foco de personagens políticos e financeiros que certamente compõem a lista - já que existe uma relaçᆪo ampla entre os nomes até agora divulgados e aqueles que constavam da CPI do Banestado.


Fonte: Jornal GGN

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