Presidenta do Sind-UTE/MG rebate campanha de Aécio Neves e revela como o ex-governador deixou o sistema educacional no Estado
Escrito por: William Pedreira
São Paulo - Uma conversa com a presidenta do Sind-UTE/MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) e da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, e aos poucos vai se conhecendo a realidade da educação no estado de Minas Gerais.
Beatriz foge do discurso subjetivo. Traz um conjunto de informações que retrata apenas os fatos e as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores da educação, alunos e alunas do ensino público.
Desde 2003 o Sindicato promove campanhas para conscientizar a sociedade sobre o descaso dos governos do PSDB com a educação. O tão endeusado ‘choque de gestão’ representou um profundo corte nos gastos públicos com consequências diretas na área educacional.
Ao invés de trabalhar pelo diálogo buscando uma melhora na qualidade da educação estadual, o governo utiliza uma série de ferramentas para amordaçar o Sindicato e propaga em peças publicitárias e na mídia tradicional inverdades sobre a gestão tucana em Minas.
No governo do PSDB, compromisso com a população fica só no discurso – em todos os anos na gestão Aécio Neves (2003-2010), Minas Gerais deixou de investir o mínimo estabelecido pela Constituição Federal em educação (25%) e saúde (12%). Por isso, o Estado teve de assinar um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) com o Tribunal de Contas do Estado, sendo obrigado a aumentar progressivamente os repasses para os dois setores.
O relatório de 2013, já finalizado pelo Tribunal de Contas, aponta que Minas deixou novamente de investir o mínimo constitucional em educação (23,90%). Somado todos os anos, o Estado apresenta um déficit na casa dos R$ 8 bilhões. “É um prejuízo não somente para o professor, mas para toda população”, condena Beatriz.
Como resultado desse corte nos investimentos, dados comprovam que a educação de Minas Gerais é ruim. Números inclusive do próprio governo confirmam essa realidade.
O Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), elaborado pelo estado, revela que no período em que Aécio deixou o governo (2010), o percentual de alunos do 3º ano do ensino fundamental com nível adequado de proficiência em leitura foi de 86%, ou seja, quase 15% não conseguiu ser alfabetizado.
Do 5º ano do ensino fundamental mais da metade não possui nível recomendado em língua portuguesa. Em matemática a situação se repete.
Somente 31% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental possuem proficiência em língua portuguesa. Em matemática, 18,6%.
No 3º ano ensino médio menos de um terço dos alunos têm nível recomendado em língua portuguesa. Em matemática o resultado é ainda pior: 9,4%. “Se estamos falando que a melhor educação do País é ter menos de 10% dos alunos com nível recomendado em matemática, se é esse o nível de qualidade que Aécio identifica, temos um grave problema”, apontou Beatriz.
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