O mercado vê o Brasil à beira do precipício. Já o povo está otimista
A pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira 22 mostra que a reação de Dilma Rousseff nas pesquisas pode estar diretamente relacionada com o otimismo da população com a economia, segundo conclusão da Folha de São Paulo.
Ou seja, a população está reagindo positivamente aos fatos, ao contrário do mercado financeiro, que apregoa catástrofe atrás de catástrofe. Enquanto a Bolsa de Valores cai, o povo manifesta satisfação. Já foi maior a capacidade do mercado financeiro e de seus porta-vozes na mídia de influenciar a chamada "opinião pública". Leia a matéria da Folha abaixo.
Otimismo com economia aumenta e ajuda Dilma na disputa eleitoral
Pesquisa Datafolha mostra que só 31% acham que inflação irá subir, o patamar mais baixo registrado desde 2007
Levantamento desta terça mostra que a petista mantém 52% das intenções de voto ante 48% de Aécio
DE SÃO PAULO
O mercado financeiro, a maioria dos economistas e alguns organismos internacionais podem estar muito pessimistas com a economia do país em 2015. Mas os brasileiros em geral estão na contramão desse sentimento, o que ajuda a explicar o aumento da aprovação da presidente Dilma Rousseff (PT) e sua reação na corrida pela reeleição.
O exemplo mais eloquente disso ᄅ o da inflação. Pesquisa Datafolha realizada nesta terça (21) mostra que a expectativa de aumento dos preços desmoronou para o patamar mais baixo da série do instituto, desde 2007.
Em abril, no momento de maior pessimismo, 64% achavam que a inflação iria aumentar. No fim de setembro, 50% continuavam esperando o pior. Agora, apenas 31% acreditam nisso.
No sentido oposto, a esperança de queda da inflação também é recorde. Para 21%, o índice irá diminuir.
Ao opinar sobre desemprego, poder de compra, situação econômica do país e a própria situação, a tendência é a mesma: otimismo crescente, pessimismo cadente.
Os dados da corrida eleitoral do Datafolha desta terça são quase idênticos aos da pesquisa da segunda, um dia antes. Em votos válidos, Dilma registrou 52%; Aécio Neves (PSDB), 48%. Empate técnico no limite máximo da margem de erro, de dois pontos.
Em votos totais, Dilma oscilou de 46% para 47%, Aécio manteve os 43%. Brancos e nulos foram de 5% para 6%; indecisos, de 6% para 4%.
A explicação para o aumento do otimismo pode ser a própria campanha eleitoral. Inclusive a de Aécio.
Isso porque tanto a maioria dos eleitores da petista quanto a maioria dos adeptos do tucano apostam que seus respectivos candidatos irão vencer. Então, naturalmente, todos tendem a crer que o próximo presidente terá condições de promover melhorias.
Entre os que votam em Dilma, 82% acham que ela será reeleita. No grupo dos que votam em Aécio, 78% acham que o vencedor será ele.
O descompasso com as perspectivas econômicas parece grande. Depois de entrar em recessão entre janeiro e junho, a economia teve leve recuperação em julho e agosto, mas nada que altere a previsão de que o PIB deve crescer perto de 0,3% neste ano.
Já a inflação, que havia perdido fôlego entre junho e agosto, voltou a acelerar em setembro, com aumento dos preços dos alimentos. O aumento do custo de vida superou o limite fixado pelo próprio governo e está em 6,75%.
Nos segmentos sociais, a pesquisa confirmou avanços de Dilma entre as mulheres (de 42% para 47% desde o dia 9), no grupo dos que recebem entre dois e cinco salários mínimos (de 39% para 45% desde o dia 15) e no Sudeste (de 34% para 40% desde o dia 9).
Também detectou um forte aumento do interesse pela disputa: 50% dizem ter "grande interesse" pela eleição (no fim de agosto, eram 39%).
Combinado com o acirramento da disputa, isso torna o último debate ainda mais importante. O encontro da TV Globo será na próxima sexta.
O Datafolha ouviu 4.355 eleitores.
(RICARDO MENDONÇA E MARIANA CARNEIRO)
Fonte: Contraf-CUT, com Folha e Jornal GGN