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22 de Setembro de 2014 às 08:51

22/09/2014 - Dilma: "Banco Central independente é ter quarto poder no país"


Presidente voltou a criticar duramente, nesta manhã, a proposta da adversária do PSB, Marina Silva; "A candidata diz: vou tornar o Banco Central independente. Ora, Banco Central independente nos termos do Brasil é colocar um quarto poder na Praça dos Três Poderes. Aí vai chamar Praça dos Quatro Poderes", declarou, durante entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo; segundo ela, todas as suas críticas são baseadas no que está escrito no "programa da candidata"; "Mas não é só isso. Ela diz que vai reduzir o papel dos bancos públicos", alertou ainda a petista; Dilma Rousseff também afirmou que pretende manter os estímulos à economia enquanto a crise internacional for grave

247 – A presidente Dilma Rousseff voltou a criticar duramente, na manhã desta segunda-feira 22, a proposta da adversária do PSB, Marina Silva, de tornar o Banco Central independente. Para a petista, que concedeu entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, isso significaria criar um "quarto poder" no Brasil. O discurso é similar ao da propaganda eleitoral do PT, que diz que Marina pretende dar aos "banqueiros" poder de decisão de um presidente da República e do Congresso Nacional sobre assuntos que têm efeito direto "sobre a sua vida e de sua família", como "os juros que você paga, seu emprego, preços e até salários".

Os jornalistas Ana Paulo Araújo e Chico Pinheiro criticaram o programa e questionaram se Dilma achava certo ficar "colocando medo nas pessoas". Dilma respondeu: "Tudo o que eu falo está no programa da candidata. A candidata diz: vou tornar o Banco Central independente. Ora, Banco Central independente nos termos do Brasil é colocar um quarto poder na Praça dos Três Poderes. Aí vai chamar Praça dos Quatro Poderes. Está escrito isso. Mas não é só isso. Ela diz que vai reduzir o papel dos bancos públicos", afirmou a presidente.

Chico Pinheiro trouxe à tona a posição do procurador-geral eleitoral, Rodrigo Janot, de que a propaganda era "tendenciosa" e que "poderia gerar estados emocionais desapegados da experiência real, ou seja, não é verdade". Dilma afirmou: "ele disse 'poderia', isso é uma opinião dele. Isso vai ser julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Do meu ponto de vista, eu quero meu direito de defesa". Questionada se não considera que está "amedrontando" as pessoas com essa linha de raciocínio, Dilma disse que "não", está "alertando as pessoas".

Voltando à proposta em si, Dilma foi questionada sobre exemplos de países que tornaram o Banco Central independente, como Chile e Reino Unido, e de acordo com a jornalista Miriam Leitão, tiveram resultados positivos. A presidente Dilma disse que o papel do BC é "única e exclusivamente controle da inflação" e que nem os Estados Unidos estão conseguindo fazer esse controle. "Hoje, no mundo, ninguém está conseguindo cumprir todas as metas no ponto. Oscila. Lá também oscila", disse.

Ao falar sobre a crise internacional, Dilma disse que pretende manter estímulos enquanto a crise for grave. Leia abaixo reportagem da Reuters:

Dilma diz que mantém estímulos enquanto crise for grave, mas pode "gastar menos" em retomada

(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, afirmou em entrevista exibida nesta segunda-feira que vai manter em um eventual segundo mandato os estímulos econômicos enquanto a crise internacional for grave para proteger o emprego e o salário, mas indicou que pode "gastar menos" em caso de uma retomada do crescimento.

"Nós estamos numa situação em que o Brasil está na defensiva em relação à crise internacional, protegendo emprego, salário e investimentos", disse Dilma, em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, gravada no domingo e exibida nesta manhã.

"Por que nós protegemos isso? Porque vamos apostar numa retomada. Na retomada, às vezes muda a sua política econômica de defensiva para ofensiva, e como que se faz isso? Se faz de duas formas: eu posso na retomada gastar menos do que estou gastando para sustentar emprego, salário e investimento", afirmou.

Questionada se sua fórmula para recuperar o crescimento da economia seria diminuir os estímulos, a presidente afirmou: "Não, mas eu vou manter os estímulos enquanto a crise for grave."

Nos últimos anos, o governo tem feito fortes desonerações tributárias para tentar estimular a economia, como redução de impostos para veículos e móveis, o que acaba afetando a arrecadação. Só no primeiro semestre deste ano, essas desonerações somaram cerca de 51 bilhões de reais, quase 45 por cento a mais do que em igual período de 2013.

Na entrevista, Dilma disse ainda que mudança na política econômica está vinculada a uma eventual recuperação da economia nos Estados Unidos.

"Nós achamos que a gente tem de ver como evolui a crise... Os EUA evoluindo bem, acho que o Brasil pode entrar numa outra fase, que precisa menos estímulos, pode ficar mais entregue à dinâmica natural da economia e pode perfeitamente passar para uma retomada", afirmou.

(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Edição de Patrícia Duarte)

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