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18 de Novembro de 2013 às 08:23

18/11/2013 - Discriminação no mercado de trabalho tem origens históricas no Brasil



Crédito: Seeb Rio
Seeb Rio Professor Ramatís Jacinto liga racismo à estruturação do capitalismo

O professor Ramatis Jacinto, mestre e doutorando em História Econômica pela USP e presidente do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial, disse nesta quinta-feira (14), no II Fórum Nacional pela Visibilidade Negra, realizado no Rio de Janeiro, que o "branqueamento do mercado de trabalho" no Brasil possui causas históricas. O evento foi promovido pela Contraf-CUT em parceria com o Sindicato dos Bancários do Rio e a Fetraf RJ-ES.

Em sua palestra, ele explicou que a escravidão fazia parte da lógica mercantilista do período das grandes navegações e do colonialismo. "A escravidão tem uma relação estreita com a formação do capitalismo", destaca.

O historiador lembrou que "toda riqueza acumulada no país pela burguesia é resultado de dois crimes hediondos: o assalto das terras indígenas e o sequestro dos negros africanos como força de trabalho".

"A maioria da burguesia de hoje tem sua riqueza originária desta forma de acúmulo de capital feita por seus pais e avós", afirma.

Para o acadêmico, o fim da escravidão é fruto da luta dos negros e dos interesses do império britânico, que precisava criar mercados consumidores no mundo para vender seus produtos excedentes.

Estruturação capitalista

"Os ex-escravos começaram a ser excluídos do mercado e lançados ao mercado informal e na marginalidade. O governo brasileiro incentivou a imigração de europeus para absorvê-los como mão-de-obra. Os imigrantes também não possuíam qualificação, mas eram contratados pelo único fato de serem brancos. O discurso de que os negros não tinham qualificação ou não queriam trabalhar pois preferiam o ócio foi absorvido não só pelo mercado, mas também pelo meio acadêmico brasileiro", disse.

Ele citou como exemplo o economista Celso Furtado, considerado uma referência nas faculdades de economia. "Há no Brasil uma ideologia racista no meio acadêmico que passa pelo sociólogo Gilberto Freire e chega ao economista Celso Furtado", critica.

Ramatís deu como exemplo de racismo institucional a legislação, desde a Lei do Sexagenário. "Esta Lei só concedia a liberdade ao escravo quando ele já se encontrava inutilizado para o trabalho e o proprietário queria se livrar do custo de ter de mantê-lo sob sua responsabilidade".

O especialista ressaltou também que as leis de imigração favoreciam os brancos que vinham para o Brasil. "Europeus católicos que chegavam ao nosso país recebiam terras, 160 réis em dinheiro, bois, cavalos, além de isenção de impostos por 8 anos e acesso às universidades, enquanto os negros eram excluídos. Isso explica a desigualdade em nossos dias", afirma.

O palestrante mostrou dados que revelam a discriminação nos dias de hoje. Em São Paulo, para cada R$ 100 que um trabalhador branco recebe, os negros ganham R$ 59,8 e as mulheres negras, R$47,4.

"Entre as lacunas da questão racial, que temos de enfrentar, estão a violência policial, a necessidade de democratização da mídia, o acesso à saúde e à educação e a discriminação no mercado de trabalho", destaca.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb Rio


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