Crédito: CUT
Entidades realizam ato em memória ao comício da Central do Brasil
Passados 50 anos, as reformas de base (agrária, educacional, fiscal, bancária e eleitoral) anunciadas publicamente pelo então presidente do Brasil, João Goulart (Jango), no histórico comício na estação ferroviária da Central de Brasil (RJ) em de 13 março de 1964, seguem pendentes ainda hoje.
Em ato nesta quinta-feira (13) no mesmo local do comício, representantes das centrais sindicais, entre elas a CUT, movimentos sociais e partidos políticos do campo popular e progressista destacaram a atualidade das propostas, principalmente a eleitoral.
Já em 1964 João Goulart declarava a necessidade de impedir "a intervenção do poder econômico nos pleitos eleitorais", no seu discurso para milhares de pessoas, em sua maioria trabalhadores convocados pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), além dos sindicatos combativos ligados à entidade e organizações sindicais livres.
Expedito Solaney, secretário nacional de Políticas Sociais e coordenador da Comissão Nacional, Memória, Verdade e Justiça da CUT, ressaltou que a reforma política é uma das bandeiras prioritárias da Central na luta para fortalecer e aperfeiçoar da democracia direta e participativa.
Em alusão ao movimento em resistência ao regime militar, Solaney ressaltou a coragem do governo brasileiro em constituir uma Comissão Nacional da Verdade. "Mas a expectativa dos trabalhadores, que mais sofreram com o golpe e repressão, é que a Comissão da Verdade apresente um relatório consistente incluindo em suas recomendações que sejam punidos todos agentes de estado e militares que torturam e assassinaram, além da reparação das vítimas do golpe, incluindo os familiares de companheiros e companheiras que foram mortos ou continuam desaparecidos", disse.
Duas semanas após o comício foi concretizado o golpe de estado, que perdurou durante 21 anos. Somente no primeiro dia, 409 sindicatos, duas confederações e seis federações sofreram intervenção. Há casos em que tanques de guerra foram colocados em frente às entidades.
Cerca de 50 mil pessoas foram detidas na primeira semana. Todos aqueles considerados suspeitos perderam a sua filiação aos sindicatos.
Solaney recorda que foram instituídos vários ataques aos direitos sindicais e trabalhistas, como a lei anti-greve, o arrocho salarial e o fim da estabilidade no emprego. "São fatos que necessitam ser recordados e contados por nós, trabalhadores e trabalhadoras."
Participaram também do ato: Darby Igayara, presidente da CUT-RJ; João Pedro Stédile, membro da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra); Joᆪo Vicente, filho de João Goulart; e Wadhi Damous, presidente da Comissão da Verdade do Rio.
Fonte: William Pedreira - CUT