Comando dos Bancários deixou claro aos bancos: trabalhadores querem valorização. Aumento real, vales refeição, alimentação e PLR maiores são prioridade
São Paulo – O Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) voltaram à mesa de negociação para debater as reivindicações de remuneração da Campanha Nacional Unificada 2014. Nenhum número foi apresentado pelos negociadores das instituições financeiras nas reuniões realizadas nos dias 10 e 11. Valores, de acordo com a Fenaban, só serão anunciados quando trouxerem uma proposta global, o que deve acontecer nas rodadas previstas para os dias 16, 17 e 19.
Reajuste – Os representantes dos bancários deixaram claro para os bancos que o aumento real é fundamental para a categoria. O índice de reajuste reivindicado é de 12,5%. A Fenaban informou que este ponto será debatido com os bancos na tentativa de buscar caminho sem conflito. “Só não haverá conflito se as reivindicações forem atendidas”, salienta a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Mas se repetirem a postura dos anos anteriores, vão levar os bancários ao embate e isso ficará claro a partir do dia 19.”
PLR – Os bancários querem se apropriar de uma parcela maior do lucro das instituições financeiras e cobraram que sejam pagos a título de PLR o valor de três salários mais R$ 6.247,26. Os bancos, no entanto, não aceitam mudar a atual regra que prevê o pagamento de 90% do salário mais parcela fixa de R$ 1.694, além do valor adicional de 2,2% do lucro líquido limitado a R$ 3.388 (valores de 2013).
“Deixamos claro que precisamos melhorar essa distribuição”, afirma a presidenta Juvandia, uma das coordenadoras do Comando. “Reforçamos que o crescimento do lucro líquido dos bancos foi muito mais significativo do que o crescimento da participação dos bancários nesse resultado. Por exemplo, entre 1995 e 2013 a PLR média de um caixa cresceu 338%. Enquanto isso, o lucro líquido dos bancos cresceu 1.067% acima da inflaᄃão. É muito desigual.”
O Comando reivindicou, ainda, a não compensação dos programas próprios. “Os bancos acabam escondendo a PLR com a compensação dos programas próprios. E os trabalhadores não conseguem saber o que receberam em função das metas ou da PLR que está prevista na Convenção Coletiva de Trabalho”, ressalta Juvandia.?
14º salário – Essa demanda é muito importante: 69% dos trabalhadores que responderam à consulta feita pelo Sindicato consideram a conquista do 14º salário uma prioridade. Mas para os bancos, a categoria tem “salários e benefícios bem significativos”. Juvandia rebate: “significativos são os lucros dos bancos, o que tiram da sociedade, a pressão que os bancários sofrem. Vamos insistir nessa pauta”.
Isonomia – O Comando cobrou respeito dos bancos à Convenção 100 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece salário igual para trabalho de igual valor. “Há um problema claro de gestão nos bancos, que não dá igualdade de oportunidades para seus empregados. Também é comum ver pessoas na mesma função com salários diferentes ou que não recebem promoção. Por isso, queremos colocar na CCT o respeito a essa norma da OIT”, explica a presidenta do Sindicato.
Férias – Os bancários querem o parcelamento do adiantamento de férias em dez vezes iguais e sem juros. A Fenaban ficou de levar o debate aos bancos.
VA e VR – O Comando informou aos bancos sobre a inflação maior para a alimentação fora de casa (em torno de 10,3%) e cobrou aumento para os vales alimentação e refeição. “Antes do final do mês, os bancários já estão gastando do salário para comer”, reforça a presidenta do Sindicato. A Fenaban informou que essa reivindicação será debatida, mas se recusaram a tratar da 13ª cesta-refeição.
Creche – Os bancos voltaram a dizer que o valor trata apenas de um auxílio para custear a creche ou a babá, mas ficaram de levar a reivindicação da categoria de pagamento de R$ 724 mensais (salário mínimo nacional). A Fenaban informou, ainda, que quer alterar a redação desta cláusula na CCT, colocando prazo de 30 dias para entrega do comprovante dos gastos com auxílio-creche/babá.
Auxílio-educação – Não há consenso entre os bancos sobre os critérios ou os valores para pagamento de auxílio-educação para todos os bancários. O Comando cobrou que o debate seja feito, lembrando que todas as grandes instituições – exceto o Bradesco – já pagam e o custo é pequeno.
Vale-cultura – Importante conquista da Campanha Nacional Unificada 2013, os bancários reivindicam a extensão do pagamento do vale-cultura para todos. A posição dos bancos é de manter somente o que está previsto pela lei: o pagamento de R$ 50 para quem ganha até cinco salários mínimos.
Cláudia Motta - SEEB/São Paulo