O jornal Folha de S.Paulo publicou no domingo, dia 6 de abril, uma reportagem sobre depressão no trabalho. Os sintomas da depressão são baixo-astral ou tristeza, perda de interesse em atividades cotidianas, mudanças no peso e atitude, dificuldades em planejar atividades diárias, dificuldade de concentração, indecisão e esquecimento. A pesquisa foi feita com 1.000 trabalhadores, com idades entre 16 e 64 anos.
"A pesquisa é impactante porque demonstra que esta é uma doença não tratada adequadamente na maioria dos casos, especialmente por um grau de preconceito que há quanto ao tratamento das doenças relacionadas com o sofrimento psíquico", avalia o advogado Antônio Vicente Martins, assessor jurídico do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre.
"Outro elemento importante que sobressai da pesquisa é que a grande maioria dos episódios depressivos é desencadeado por algum aspecto relacionado com o trabalho", salienta o especialista.
Para ele, uma pressão exagerada por parte do chefe, uma responsabilidade a que não se está preparado, um ambiente hostil com relação a colegas, uma empresa despreocupada com o ambiente laboral, a ausência de perspectivas profissionais, estabelecimento e cobrança de metas inatingíveis, são alguns exemplos de fatos cotidianos que envolvem os trabalhadores nos locais de trabalho e que acabam desencadeando um processo depressivo.
"Outro elemento interessante na pesquisa é a constatação de que o fato do trabalhador permanecer laborando, mesmo apresentando os sintomas da doença (presenteísmo) por pressão do empregador, objetiva ou subjetiva, pode custar mais caro para a empresa do que quando ele se ausentar (absenteísmo). Isto porque a presença de empregado com a doença acarreta em uma significativa queda de produtividade", enfatiza o advogado.
Para a professora de farmacologia da Universidade de São Paulo, Clarice Gorenstein, as empresas precisam implementar políticas para casos de depressão: "A baixa de produtividade decorrente da depressão já é reconhecida. O que as empresas precisam é implementar políticas para lidar com esses efeitos, principalmente de cunho educacional."
O advogado ressalta que "diariamente atendemos trabalhadores que acabam sentindo os efeitos de péssimos ambientes de trabalho e tendo diagnosticado problemas relacionados com a depressão. Nossa preocupação com os efeitos devastadores da depressão relacionada com o trabalho permanece. O Estado também precisa se preocupar com o aparecimento desta doença que traz um elevado custo para a previdência social".
"As empresas precisam ser responsabilizadas por provocar o aparecimento da doença nos trabalhadores. Precisamos procurar soluções que melhorem as condições de trabalho e não provoquem sofrimento nos trabalhadores", conclui Martins.
Fonte: Contraf-CUT com AVM Advogados Associados