Movimentos entregam resultado do plebiscito pela mudança do sistema político e apontam que tema esteja em no segundo mandato, em caso de reeleição
Escrito por: Luiz Carvalho, de Brasília
Ao receber o resultado do plebiscito pela reforma do sistema político, com quase oito milhões de brasileiros favoráveis à convocação de uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o tema, a presidenta Dilma Rousseff disse sentir a força e o cheiro de uma transformação social.
O encontro com a presidenta abriu 5ª Plenária Nacional da campanha do Plebiscito Constituinte, que reúne diferentes movimentos do campo e da cidade para debater os próximos passos de mobilizações regionais e nacional.
Diante de militantes de vários estados do país e uma plateia majoritariamente jovem que lotou um teatro da capital federal nesta segunda (13), ela traduziu a importância da campanha que os movimentos social e sindical promoveram na semana da pátria como a comprovação de uma tese na qual acredita: o Brasil deseja mudar as regras do sistema político.
“Eu sou a favor, mas não houve correlação de forças para fazer isso”, apontou, ao destacar a importância de os movimentos ampliarem ainda mais a pressão para que o Congresso convoque uma consulta oficial.
A presidenta ressaltou ainda que não acredita numa autoregulação do Legislativo, o que explica a necessidade de convocar uma Constituinte Soberana, conforme defendem organizações como a CUT, com representantes eleitos pela população exclusivamente para discutir as novas regras do jogo.
Dilma defendeu também que o plebiscito coloque em consulta um programa mínimo, sob risco de questões fundamentais perderem espaço no debate, caso alguns pontos não cheguem aos parlamentares com a chancela do crivo popular.
Para ela, a paridade entre as candidaturas de homens e mulheres, o fim das coligações proporcionais parlamentares – que hoje permitem a um deputado com boa votação eleger outro com baixa, desde que o patido esteja coligado – e o financiamento privado de campanha são questões essenciais.
A presidenta referiu-se ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), citando que, mesmo sem ter filiados de partidos na direção da Polícia Federal e um “engavetador-geral da União”, como era conhecido o ex-procurador-Geral da União, Geraldo Brindeiro, por engavetar denúncias contra parlamentares e ministros de FHC, só haverá um combate efetivo à corrupção com o fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais.
Vocês podem se perguntar aonde estão os vários denunciados como tendo feito crimes, malfeitos ou atos de corrupção ao longo de toda a história política desse país. Todos soltos. Nós mudamos essa prática.
A presidenta disse ainda que os programas sociais permanecerão como prioridade em um possível segundo mandato e mais uma vez comparou os projetos em disputa nestas eleições, ao dizer que “gratuito” e “subsídio” são duas palavras que a oposição detesta.
Dilma falou também da vitória em primeiro turno do presidente Evo Morales, na Bolívia, como uma prova da consagração de um projeto popular e de integração da América Latina, segundo ela, que estará em risco, caso os setores conservadores sejam eleitos.