Diante de alto número de dispensas, agências desfalcadas são orientadas pelo banco a fechar portas e fazer triagem de clientes. Denuncie prática ao Sindicato
São Paulo – O Itaú deu início há cerca de quatro meses a uma espécie de “operação tapa-buracos”. Diante das demissᄉes – somente de setembro de 2012 a setembro de 2013, a redução foi de quase 3 mil postos de trabalho –, fica inviável o atendimento em agências mais movimentadas e o Sindicato constatou a prática de esquemas de contingenciamento, com envio de funcionários de uma unidade para outra, ou triagem de clientes na porta.
A dirigente sindical Márcia Basqueira conta que agências da zona norte foram flagradas com poucos funcionários, o que dificulta o atendimento de três segmentos: preferencial, normal e Uniclass. A orientação do banco foi para que os trabalhadores fechassem a unidade e fizessem triagem dos clientes, autorizando a entrada de poucas pessoas por vez. “No caso, quem procura a agência no guichê de caixa é orientado a dirigir-se ao autoatendimento, pagar contas nas lotéricas ou em outros bancos, voltar no dia seguinte, ou ainda, esperar outros clientes saírem da agência para, então, poder entrar. Uma prática inadmissível. Suspeitamos que o mesmo esteja ocorrendo em outras regiões, uma vez que as demissões são em todo o país”, ressalta a dirigente.
Segundo Márcia, funcionários de agências com os três segmentos e com apenas dois caixas chegam a sofrer agressões verbais de clientes. “O cliente Uniclass quer poder contar com a promessa do banco, de atendimento exclusivo. Quando ele chega à agência e não encontra a exclusividade, se irrita com o funcionário, que não deve ser responsabilizado por essa falha de gestão. O banco quer lucrar, o trabalhador precisa vender mais, abordar cliente para oferecer produtos nos caixas, são pressionados para isso, enquanto enfrentam a situação impossível até de atender a população, pois com tantas demissões, não hᄀ funcionários suficientes”, destaca.
Segundo Márcia, as dispensas no Itaú causam adoecimento para quem fica e transtornos para os clientes. O banco reduziu o número de trabalhadores de 104.022 em março de 2011 para 87.440 em setembro de 2013 – corte de 16.582 postos de trabalho no período. Ou seja, a extinção de mais de 522 vagas por mês nos 30 meses anteriores. “Não é possível cobrir um santo descobrindo o outro. O banco coloca em prática uma operação tapa-buracos, mas penaliza o trabalhador. O remanejamento às pressas de funcionário de uma agência para outra, bem como o fechamento de unidades para triagem de clientes são irregulares e solicitamos que sejam denunciadas”, explica Márcia.
A dirigente alerta que nas denúncias de bancários e clientes serão preservadas as identidades e que os locais serão fechados por falta de funcionários. “Precisamos comprovar para o banco que quando uma meta não é atingida, não é por incapacidade do bancário, e sim por falta de investimento em funcionários. Falta estrutura para que o banco atinja a eficiência que deseja. Bancário não faz milagre”, conclui.
Para denunciar falta de funcionários em agências do Itaú ou unidades fechadas com esquema de triagem na entrada, acesse http://www.spbancarios.com.br/FaleConosco.aspx e escolha o setor site. Não se esqueça de enviar endereço da agência.
Fonte: Seeb/São Paulo - Gisele Coutinho