Globalizando lutas: redes sindicais do Santander, Itaú e HSBC Terminou no início da tarde desta sexta-feira (6), em Lima, capital do Peru, a 10ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais. Representantes das seis redes organizadas (Itaú, HSBC, Banco do Brasil, Santander, BBVA e Scotiabank) apresentaram os relatórios dos debates e os encaminhamentos com as propostas de ações sindicais.
O encontro, iniciado na manhã desta quinta (5), foi promovido pela UNI Américas Finanças e Comitê de Finanças da Coordenadoria de Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), com o apoio de sindicatos peruanos.
Participaram 90 dirigentes sindicais de 13 países das Américas (Brasil, Peru, Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Colômbia, México, Costa Rica, Jamaica, Trinidad y Tobago, Antígua e Barbados), além da Espanha. O evento foi coordenado pelo diretor regional da UNIAméricas, André Rodrigues.
Também estiveram presentes o chefe mundial da UNI Finanças, Márcio Monzane, o novo presidente da UNI Américas Finanças, Sérgio Palazzo, o presidente da UNI Américas, Ruben Cortina, e a secretária-geral da UNI Américas, Adriana Rosenzvaig. No primeiro dia ainda compareceram o secretário-geral da UNI Global Union, Phillip Jennings, e o presidente da Contraf-CUT e agora vice-presidente da UNI Américas Finanças, Carlos Cordeiro.
Para Mário Raia, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, "as redes sindicais são muito importantes e os encontros reforçam a unidade e as lutas conjuntas para ampliar diretos e conquistas para os trabalhadores".
HSBC Os participantes fizeram um balanço da atuação do banco inglês nas Américas, focando as atividades no Brasil, Argentina, Uruguai e México.
Os brasileiros destacaram o dia nacional de luta, realizado no dia 23 de abril em todo o país, para que cessem as demissões e o fechamento de agências, bem como a carência de pessoal e a falta de respeito aos clientes. A política no Brasil é a redução de custos e a constante troca do modelo de negócio para poder cumprir as ordens de Londres. No primeiro trimestre de 2014, o banco fechou 20 agências e jogando 150 pais e mães de famílias no olho da rua.
Os integrantes da rede sindical do HSBC decidiram realizar a campanha "Um banco para todos e por todos", buscando o fim das demissões e do processo de ajustes sem a participação dos trabalhadores. Outro objetivo é a negociação e assinatura de um acordo marco regional das Américas.
Eles também querem uma definição sobre a venda do banco no Uruguai. Também foi apontado que a falta de interlocutores com poder de decisão no Brasil pode agravar a situação. Ainda foi cobrado que o banco chame os sindicatos nas Américas antes de implementar de forma arbitrária e unilateral os modelos europeos de precarização do trabalho.
Santander Os dirigentes sindicais do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e México, bem como os representantes das Comisiones Obreras e da UGT da Espanha, fizeram relatos sobre a situação do banco em cada país. Há metas abusivas e condições de trabalho, prejudicando a saúde dos trabalhadores.
Mas o grande problema existente é a gestão equivocada do banco no Brasil, com redução de custos através de demissões e fechamento de agências. Conforme dados do balanço, ocorreram 4.833 cortes de empregos entre os meses de março de 2013 e 2014, sendo 970 no primeiro trimestre deste ano.
Todos os participantes da rede sindical se solidarizaram com os brasileiros e decidiram lançar uma campanha internacional contra as dispensas no Brasil. A campanha também será feita nas mídias sociais, com o uso de hastag
#SantanderBastadeDemissões e
#SantanderBastadeDespidosenBrasil.
Foi ainda definido reforçar lutas conjuntas em defesa do emprego, bem como por melhores condições de trabalho, sobretudo pelo fim das metas abusivas.
Banco do Brasil Os participantes discutiram as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores da Prosegur, empresa que não respeita os direitos sindicais no Brasil, Paraguai, Bolívia e Peru. Foi definido que a maneira de pressionar a empresa é através de seus clientes, tendo sido proposta uma reunião com representantes do Banco do Brasil. A intenção é informar o BB sobre a atuação de uma empresa contratada pelo banco e mostrar o que trata o artigo 21 do acordo marco global.
Na próxima segunda-feira (9) haverá reunião em Brasilia com a área de RH do BB para tratar exclusivamente do impasse nas negociações dos trabalhadores do banco no Paraguai, que estão há mais de dez anos sem assinar acordão coletivo.
Foi decidido realizar uma nova reunião da rede sindical na segunda quinzena de julho para discutir os problemas existentes nos países onde se encontra o Banco do Brasil.
Os argentinos informaram que os principais problemas do Banco Patagonia, adquirido pelo BB, é o não pagamento de horas extras e a extensão da jornada de trabalho. Também se tem notado a pouca participação das mulheres em cargos hierárquicos, pois elas enfrentam dificuldades para obter ascensão profissional.
Os brasileiros salientaram ainda que estão avançados os esforços para a fundação de um sindicato dos bancários do BB nos Estados Unidos. Lá, ainda não existem sindicatos para representar a categoria.
Itaú Os participantes frisaram a assinatura no dia 21 de março pela primeira vez do acordo marco global entre a UNI Américas e o Itaú, garantindo direitos fundamentais aos trabalhadores em todos os países onde o banco atua.
Pelo acordo, o bancos reconhece a liberdade sindical e os sindicatos para a negociação coletiva. O banco se compromete a eliminar a discriminação e todas as formas de trabalho escravo e obrigatório e assume o compromisso de solucionar o problema de saúde do trabalhador, promover a capacitação dos trabalhadores e promover a igualdade de oportunidades, dentre outras demandas. O acordo possui vigência de 24 meses contados a partir da data de assinatura e foi considerado uma conquista histórica para a organização em nivel internacional.
Houve também discussão de vários problemas como o Banco CorpBanca Colômbia, a redução de empregos e as precárias condições de trabalho. Os brasileiros denunciaram ainda o horário estendido de atendimento de forma unilateral pelo banco e a abertura de agências de negócios com a retirada dos itens de segurança.
Os dirigentes sindicais definiram a realização de uma nova jornada internacional de luta em 2014, em data a ser confirmada pela UNI Américas Finanças.