Crédito: Augusto CoelhoAbertura do 30º Conecef, que está sendo realizado no Holiday Inn, em São Paulo Os trabalhadores do sistema financeiro têm três desafios importantes em 2014: continuar avançando nas conquistas da Campanha Nacional, tanto nas reivindicações específicas da Caixa quanto em relação às demandas gerais da categoria; lutar para evitar que o Legislativo e o Judiciário aprovem legislação que retire direitos trabalhistas e se engajar na campanha eleitoral de outubro para impedir o retorno das políticas neoliberais da década de 1990.
Essa foi a síntese dos pronunciamentos dos dirigentes que participaram da mesa de abertura do 30º Congresso Nacional dos Funcionários da Caixa Econômica Federal (Conecef), realizada nesta sexta-feira 6 no hotel Holiday Inn, em São Paulo. O encontro termina domingo com a aprovação da pauta específica de reivindicações dos bancários da Caixa para a Campanha Nacional 2014.
Depois de lembrar que no ano passado os bancários comemoram uma dupla vitória, barrando com mobilização a PL 4330 e conquistando um bom acordo coletivo, o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, disse que a categoria tem três grandes desafios em 2014.
"O primeiro é nos mobilizar para não permitir que os projetos de terceirização, que visam destruir a qualidade dos empregos e acabar com os concursos públicos, passem na Câmara, no STF e no Senado. O segundo, é a nossa participação no processo eleitoral. Temos dois projetos muito claros e distintos em disputa: um que representa o retrocesso, a ameaça de privatização e a volta de coisas como a de ter que entregar a pauta de reivindicações na portaria da Caixa, como acontecia nos anos 1990", lembra Cordeiro.
"O outro projeto - prosseguiu - é o que nos permitirá avançar ainda mais nas questões sociais, na diminuição da pobreza, valorização do salário mínimo, aumento dos investimentos em educação, e continuar a dialogar para a busca por emprego de qualidade. Temos que nos engajar e avançar mais, apoiando a reeleição da presidente Dilma Rousseff."
Para o presidente da Contraf-CUT, o terceiro desafio "é avançar na melhoria das condições de trabalho na Caixa. Queremos uma Caixa cada vez mais pública, que seja uma referência para os bancos privados tanto na sua prática no mercado, no respeito ao cliente, quanto na relação com seus funcionários, acabando com o assédio moral e garantindo o pagamento das horas extras e a contratação de mais funcionários". Para isso é fundamental dialogar com os todos os bancários da Caixa e principalmente com os que estão ingressando, trazê-los para o nosso lado, lutar com a gente, e com isso alcançarmos todas essas vitórias na campanha nacional.
Primeira mulher na coordenação da CEE Caixa "Nós iremos lutar muito para que nossas reivindicações sejam atendidas pela empresa", disse Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Fenae, ao abrir o 30º Conecef.
Fabiana foi apresentada como a nova coordenadora da Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa). É a primeira vez que a comissão é coordenada por uma mulher.
"Isso representa mais um avanço para se chegar à igualdade de gênero dentro do movimento de empregados da Caixa", disse Fabiana, lembrando resolução do Conecef do ano passado de buscar a paridade de gênero (50% homens e 50% mulheres) em 2014. Nesse processo de transição, este ano a paridade de cota de gênero é de 40%
A Fenae na luta dos empregados O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, lembrou que desde a sua fundação a entidade tem atuado na organização dos trabalhadores e na luta da categoria bancária. Lembrou que os primeiros congressos dos empregados foram organizados pela Fenae e Apcefs, com apoio de alguns sindicatos, inclusive o primeiro deles, realizado em 1984.
Jair destacou as importantes conquistas que os empregados da Caixa tiveram nas três últimas décadas, como a construção da mesa única, melhorias nas condições de trabalho e aumento real de salário. "Somente com a organização dos trabalhadores será possível avançar mais", ressaltou o presidente da Fenae.
Ele também destacou a importância das eleições presidenciais deste ano: "Em outubro, vamos votar um projeto de país. Queremos um Estado inclusivo e que respeite as pessoas. Não podemos retroceder."
Resistir aos ataques contra os trabalhadores
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, disse que a categoria bancária precisa refletir sobre a atual conjuntura econômica mundial, na qual os trabalhadores estão sofrendo inúmeras investidas para redução de direitos.
"Nós não podemos deixar que nossos direitos sejam reduzidos e devemos lutar para avançar. Este 30º Conecef mostra a combatividade dos trabalhadores ao longo desses anos. Vemos que nossa estratégia de luta tem sido acertada com 20 anos da nossa Convenção Coletiva de Trabalho e 10 anos da nossa luta unificada com uma Campanha Salarial Única que trouxe avanços para todos os bancários", lembrou Juvandia.
30 anos de luta dos empregados Maria Rita Serrano, representante eleita do Conselho de Administração da Caixa, fez um breve histórico da luta dos empregados da Caixa desde o 1º Conecef, realizado em 1984.
"Nesse processo de luta, 1986 foi um marco quando os trabalhadores da Caixa conquistaram o direito de se sindicalizar e se tornaram bancários, conquistando ainda a jornada de 6 horas", rememorou Maria Rita.
"Os anos 90 foram de intensa luta contra o projeto neoliberal de privatizações para que a Caixa se mantivesse como uma empresa pública. Em 2004, uma nova fase começou, com a campanha nacional unificada, o início das conquistas de aumento real de salário e aumento do número de empregados. Neste ano de 2014, devemos estar atentos aos novos rumos do sistema financeiro que passa por um processo de demissões", alertou a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa.
Fabiana Uehara, diretora da Contraf-CUT e do Sindicato dos Bancários de Brasília, destacou a importância da "pauta solidária e unificada com a categoria para sairmos vitoriosos e fortalecidos. Trabalhador e meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo."
Também participaram da mesa de abertura representantes da Fetec São Paulo, da Federaᄃão Nacional dos Aposentados (Fenacef), Feeb São Paulo e Mato Grosso do Sul, Fetec Paraná, Feeb Bahia e Sergipe, Fetrafi Nordeste, Fetraf Rio de Janeiro e Espírito Santo, Fetrafi Rio Grande do Sul, Fetec Centro-Norte e Fetec Santa Catarina. Representando a empresa, participou da mesa de abertura a vice-presidente de Gestão de Pessoas, Márcia Guedes.
Análise de conjuntura Depois da sessão de abertura, o coordenador de Atendimento Técnico Sindical do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesse), economista Airton dos Santos, fez uma exposição sobre conjuntura econômica internacional e nacional.
A dobradinha redução de juros e aumento da remuneração do trabalhador durante o governo Dilma Rousseff foi lembrada na apresentação do técnico do Dieese. A taxa Selic foi de 12,50% ao ano em 2011 para 7,25% ao ano em 2013. Já está em 11% e a previsão é que continue nesse patamar até o final do ano.
Segundo o economista do Dieese, a conjuntura mostra que a valorização do emprego bancário, bem como dos trabalhadores brasileiros, é positiva para o país e pode seguir no ritmo de avanços.
"A diminuição da taxa de juros gera um ciclo que incentiva a economia, o empréstimo de dinheiro que traz mais investimento produtivo, mais compra e geração de empregos. Salta aos olhos que o padrão de vida do trabalhador brasileiro está aumentando e pode-se manter essa linha porque a valorização dos trabalhadores aquece a economia", afirmou Airton dos Santos.
Rede de Comunicação dos BancáriosAndrea Viegas, da Fenae Antônio José, da Fenae Maria Ester Costa, da Contraf-CUT Thaís Rohrer, do Sindicato de Brasília