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6 de Fevereiro de 2014 às 09:14

06/02/2014 - Sindicato global da construção denuncia ‘escravatura moderna’ em grandes eventos esportivos


Trabalhadores fazem protesto no próximo dia 6, em Genebra, em defesa do trabalho do decente

Escrito por: Internacional de Trabalhadores da Construção e Madeira (ICM)

Com protesto e piquete, serão denunciadas, no próximo dia 6, em Genebra, as mais de 60 mortes na preparação dos Jogos de Inverno de Socchi, marcando o início de uma campanha internacional pelos direitos dos trabalhadores da construção na Copa FIFA 2018

A Internacional de Trabalhadores da Construção e Madeira realizará no próximo dia 6 de fevereiro, em frente à embaixada da Rússia em Genebra (Suíça), um protesto para denunciar ao mundo a grave situação dos trabalhadores da construção em Sochi e a possibilidade dessa exploração do trabalho se repetir nas onze cidades-sede da Copa 2018, na Rússia. O protesto prevê um piquete na porta da embaixada e conta com o apoio da Confederação Sindical Internacional (CSI) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio da ACTRAV – Oficina de Atividades aos Trabalhadores.

As estatísticas oficiais 2009-2011 mostram 71 acidentes durante as preparações dos jogos em Sochi, sendo metade deles com vítimas fatais.  A ICM estima que mais de 60 trabalhadores morreram em Sochi e as checagens locais feitas por sindicalistas revelam 20 mortes só em 2010 , e 25 mortes em 2012. Ainda em 20 de novembro de 2013, um trabalhador morreu e dois ficaram feridos no principal estádio (Fisht).

O sindicato global ICM também elenca como legado dos jogos de Sochi os salários não pagos, condições inseguras de trabalho, turnos de mais de doze horas de trabalho, falta de moradia, e os trabalhadores migrantes traficados, em especial da Sérvia.  Com o apoio sindical, por exemplo, cerca de 150 trabalhadores sérvios, abandonados sem salário e sem documentos, foram repatriados.

 

Escravatura moderna

Os trabalhadores na Rússia estão iniciando a Campanha pelo Trabalho Decente Antes, Durante e Depois da Copa, semelhante à campanha desenvolvida no Brasil, com o objetivo de derrubar a lei da copa aprovada pelo governo russo. Em junho de 2013, a Rússia aprovou a sua “lei da Copa” abolindo numerosas normas trabalhistas no trabalho de preparação do evento de 2018, incluindo a liberdade para empregar trabalhadores imigrantes sem o cumprimento das normas trabalhistas.

“Esta campanha global pretende ser um grande alerta sobre a ameaça que essa situação representa aos trabalhadores de todo o mundo. Sem proteção laboral, os mega eventos vão se tornando uma disputa dos piores padrões, das piores práticas. A Copa UEFA 2012 custou a vida de 16 trabalhadores ucranianos e quatro poloneses. Isso precisa parar!”, comenta o representante regional da ICM na América Latina e Caribe, Nilton Freitas.

 

COPA 2014: sindicatos fizeram a diferença no Brasil

Diante das polêmicas causadas pelo evento da Copa no Brasil, a ICM destaca o importante papel dos sindicatos nas discussões e negociações da organização de mega eventos.

“Ao contrário da Rússia e agora Qatar, que já contabiliza 185 mortes de trabalhadores na preparação da Copa 2022, a união dos sindicatos dos trabalhadores da construção, liderados pela ICM, garantiu o respeito aos direitos trabalhistas. Mais que isso, garantiu um legado de ganhos reais nos salários, melhoria nas condições de trabalho e aprimoramento da qualificação profissional.

No Brasil, a campanha Trabalho Decente Antes, Durante e Depois da COPA 2014, teve início em 2011 como uma iniciativa da ICM, que aglutinou diversos sindicatos em todo o país, organizando reuniões os governos locais, visitas a estádios, realizando assembleias com trabalhadores nos locais de trabalho e conseguiu um acordo nacional tripartite (governo, empregadores e trabalhadores) melhoria das condições de trabalho e de vida para os trabalhadores.

“Foram muitas greves, mobilizações nas obras, a campanha se estendeu a cidades não sede. Mesmo assim ainda contabilizamos 5 mortes de trabalhadores na preparação da Copa 2014. Mas o acordo tripartte impediu a imigração interna de trabalhadores da construção, que no Brasil tinha um histórico de trabalho análogo à escravidão”, pontua Freitas.

 

Serviço:

Protesto e piquete para lançar campanha global sobre os direitos dos trabalhadores na preparação da Copa do Mundo de 2018

Dia 6 de fevereiro, quinta-feira, às 14h (11h no horário de Brasília), na Embaixada da Rússia em Genebra (Suíça).


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