Seeb/São Paulo repudia dispensas imotivadas no país que é responsável por 24% do lucro do Santander e se reúne na sexta 8 com representantes do banco para debater empregos
São Paulo – Os trabalhadores do Santander estão enfrentando um clima tenso com demissões diárias em agências e centros administrativos. A realidade não condiz com a importância do Brasil para o banco espanhol, uma vez que o país é responsável pela produção de 24% do lucro líquido da instituição financeira.
Se no fim de 2012 o banco espanhol estragou o Natal de centenas de trabalhadores ao praticar dispensas imotivadas, até mesmo de bancários adoecidos – reintegrados graças à ação vitoriosa do Sindicato –, de junho deste ano para cá, os problemas dos funcionários se agravaram e a insatisfação aumentou. Jesús Zabalza assumiu a presidência do Santander Brasil e, de junho a setembro, 1.124 postos de trabalho foram cortados.
Para a diretora executiva do Sindicato Rita Berlofa, o modelo de gestão anunciado por Zabalza não será aceito. “Esse modelo, que já foi testado no México, prevê a redução de despesas com cortes de postos de trabalho. É um modelo equivocado”, ressalta a dirigente sindical ao destacar a falta de funcionários em agências e centros administrativos, além da precarização do trabalho por meio de terceirizadas.
Mesmo diante de alto número de dispensas, no dia 25 de outubro, Zabalza declarou ao jornal O Estado de S. Paulo que “não haverá mais demissões” e que “vaga aberta por rotatividade não deve ser preenchida”. No entanto, não é o que acontece no banco, haja vista os 1.124 cortes realizados no Brasil até setembro.
> Santander fechou 1.124 vagas no trimestre
Também em outubro, o Santander anunciou lucro líquido gerencial de R$ 4,335 bilhões. No mesmo mês, Javier Marín, presidente mundial do banco, criticou aumento de 8% obtido pelos bancários brasileiros e afirmou que cortará despesas em 1 bilhão de euros até 2016, dos quais 400 milhões de euros – cerca de R$ 1,2 bilhão – serão podados na operação do Brasil. A ideia é reduzir em 40% as despesas no país. “Não podemos permitir que trabalhadores brasileiros, centenas de pais e mães, paguem a conta dessa gestão que visa apenas o lucro e trata o empregado como um número. Não é possível aceitar isso quando nos referimos a uma das cinco maiores instituições financeiras no país.”
Terceirização x bonificação – Como se não bastasse situações precárias enfrentadas pelos funcionários do Santander dentro de empresas terceirizadas, o banco iniciou um processo de terceirização internacional.
Segundo denúncias recebidas pelo Sindicato, atividades no setor de câmbio passarão a ser executadas por trabalhadores no México e em Madri. “O banco quer lucrar à custa da retirada de emprego no Brasil e precarização do trabalho. Enquanto isso, as bonificações dos executivos aumentam”, afirma Rita.
O Santander aumentou em 38,9% a bonificação dos integrantes do alto escalão. “Essa é a maior demonstração do quanto essa gestão é equivocada. Se o Santander precisa cortar gastos, pensar em reduzir os bônus dos executivos é uma excelente ideia, ao invés de sacrificar o trabalhador brasileiro, verdadeiro responsável pela construção do lucro da empresa”, completa a dirigente.
A instituição financeira é a segunda entre as empresas brasileiras que distribuíram valores mais altos para diretores e conselheiros de administração em 2011, de acordo com levantamento feito pelo Valor Econômico. O Santander destinou R$ 246 milhões em bônus aos seus executivos neste período.
Enquanto o Santander demite, apenas no Brasil, nos últimos 12 meses, o banco conquistou 2,1 milhões de novos clientes e ampliou o número de contas correntes em 1,5 milhão. “Isso é resultado do empenho e da dedicação dos bancários, que, apesar do clima organizacional proporcionado pelo banco, de terror com tantas dispensas, os funcionários conseguem se superar e aumentar a visibilidade da instituição financeira”, conclui a dirigente.
Reunião sobre emprego – Nesta sexta-feira 8, representantes do movimento sindical se reúnem com a direção do Santander para debater empregos.
Fonte: Seeb/São Paulo - Gisele Coutinho