E ainda acham que podem terceirizar tudo, prática classificada pela Fenaban como muito importante para o setor. Bancários cobram fim do corte de vagas em setor que lucra tanto
São Paulo – A rodada de negociação da Campanha 2014 que tratou de emprego nos bancos escancarou o que está por trás das milhares de demissões no setor: ganhar ainda mais com essas dispensas, utilizando cada vez mais da terceirização dos serviços. A reunião entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) foi realizada na quarta-feira 3 e continua na quinta 4 tratando de emprego, além de piso salarial e plano de cargos e salários.
As instituições financeiras cortaram 18.123 postos de trabalho na última década – 5.512 só nos últimos 12 meses, o que para a Fenaban “não é muito alto”. Enquanto isso, terceirizam uma série de serviços.
“Isso é um absurdo para um setor que ganha tanto, mas a única preocupação dos bancos na mesa foi questionar nossos dados, que são públicos e apurados junto ao Ministério do Trabalho”, relata a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
“A Fenaban assume que a terceirização é muito importante para o setor bancário e parte da premissa de que pode terceirizar tudo. E agora ainda conta com um projeto de governo, anunciado pela candidata Marina Silva, que reforça a terceirização, feito sob encomenda para acabar com os empregos bancários. Os trabalhadores estão muito preocupados com esse retrocesso”, afirma a dirigente.
O Comando criticou o que considera ser uma reestruturação feita pelos bancos para lucrar mais, extinguindo empregos. E cobrou o fim desse corte de vagas colocado em prática especialmente pelas instituições privadas. Para a Fenaban, os trabalhadores é que trocam de empresa diante da qualidade do trabalho e por melhores salários. Mas os representantes das instituições financeiras não souberam informar de onde retiraram esses dados.
“Nós levamos à mesa números reais que apontam uma grande injustiça cometida pelos bancos. Só no primeiro semestre, o lucro líquido do setor cresceu 17,7%; a receita com prestação de serviços e tarifas por empregado aumentou 11,1%; a carteira de crédito subiu 14,4% e o número de contas correntes por empregado foi elevado em 4,6%. Mas o número de bancários por agência caiu 2,2%”, informa Juvandia, uma das coordenadoras do Comando, questionando o que os bancos chamaram de “ajuste”. “Esse tal ajuste é de fato uma forma de aumentar os lucros.”
De acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE), mais de um milhão de trabalhadores atuam no setor financeiro, mas pouco mais de 500 mil são bancários, com os salários e direitos do setor.
Rodadas – Esta é a terceira rodada de negociação. Na próxima semana, dias 10 e 11, está prevista a quarta, para dar continuidade aos debates sobre remuneração. Outras duas foram realizadas tratando das reivindicações de saúde, condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades.
“Estamos passando toda a pauta, ponto por ponto de acordo com o que foi definido pelos bancários na Conferência Nacional. Para os trabalhadores cada item é importante, buscar avanços em saúde, segurança, igualdade de oportunidades, emprego e não somente na remuneração. O Comando leva as negociações a sério e esse é um espaço para avançar caso os bancos tenham a mesma postura”, ressalta Juvandia. “A Fenaban ainda deve respostas para a questão das metas e do adoecimento dos trabalhadores, além da extensão dos itens de segurança do projeto piloto de Recife para todo o Brasil. Esse é um anseio dos bancários e não vamos sair da Campanha 2014 sem conquistas também nessas áreas.”
Fonte: Cláudia Motta - Seeb/São Paulo