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4 de Setembro de 2014 às 00:04

04/09/2014 - Comparativo de políticas econômicas: Governo FHC x Governos Lula-Dilma


Hélio Mairata (*)

Se estamos próximos a escolher nossos governantes – Poderes Executivo e Legislativo – para o próximo quadriênio, é de bom alvitre comparar os desempenhos dos dois últimos governos de partidos diferentes, o PSDB que manou no país em 1995-2002 e o PT com os números de 2003-2013. Todos os dados serão de fontes oficiais, em especial, IBGE, IPEA. MTE e Banco Central.

O mais conhecido indicador é o Produto do país, o PIB. No período FHC ele experimentou crescimento anual à taxa mᄅdia de 2,29%. Já em 2003-2013 essa taxa anual média pulou para 3,22%.

Consistentemente, a taxa de desemprego refletiu esse maior dinamismo na era Lula-Dilma. Enquanto fechou 2002 (fim do período FHC) com 10,5%, atualmente está na casa os 5% apenas. Nos seus oito anos FHC criou 5.016.672 postos; nos seus oito, Lula criou o triplo: 15.384.442. E Dilma, em três anos, quase o mesmo que nos oito do FHC: 4.880.078.

Mas não foi só a empregabilidade o que melhorou: os salários também. Com uma deliberada política de valorização real (ou seja, do poder de compra) do salário mínimo, este obteve um ganho real (isto é acima do custo de vida) de 72,31% de 2003 a 2014. No período 1995-2002 houve uma perda real de 6,49%. Enquanto ao final do mandato FHC (2002) um salário comprava 1,4 cestas básicas (média nacional apurada pelo DIEESE) em janeiro de 2014 passou a adquirir 2,2 cestas, a maior relação desde 1979.

Essa melhoria (o salario mínimo referencia os ganhos mensais de 48,2 milhões de pessoas segundo o DIEESE) e mais as transferências, em especial o Bolsa-Família, reduziram a concentração da Renda no país. Há um indicador que mede o grau dessa concentração chamado Índice de Gini (quanto maior, mais concentrada é a Renda). Este caiu: em 2002 era 0,588; em 2013: 0,493, comprovando a melhoria da distribuição da Renda no país.
Paralelamente, a inflação teve reduzida a sua força: enquanto a média anual no período FHC (95/02) foi de 9,09%, nos governos do PT (03/13) caiu para 5,95% na média anual (medida pelo IPCA).

FHC deixou o governo com uma dívida explosiva. Ao final de 2002 a razão Dívida Interna Líquida do Setor Pᄎblico / PIB era espantosa: 55,5 com o governo à beira da falência, ressaltando que quando FHC assumiu essa relação era de apenas 29,2, ou seja, ele vendeu quase todas as estatais e mesmo assim a Dívida Pública elevou-se. Atualmente essa razão é de 34,9 apenas.

Por outro lado, no final de 2002 o país estava à beira da insolvência. Para uma Dívida Externa de US$ 210,711 bilhões possuíamos reservas de apenas US$ 16,339 bilhões, o que nos deixava com uma dívida externa líquida de US$ 194,372 bilhões. Atualmente, enquanto nossa Dívida Externa é de US$ 330,2 bilhões, possuímos no exterior, aplicadas, reservas de US$ 380,5 bilhões, ou seja, no líquido, somos CREDORES do resto do mundo na ordem de US$ 50,3 bilhões.

Relativamente a isso, examinemos outro dado. O Risco-País é um índice que mede o grau de estabilidade econômica de um país. O Risco-Brasil, portanto, seria uma medida do nível de risco de nosso país. O indicador mensura o excedente que se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do governo norte-americano. Significa dizer que a cada 100 pontos expressos pelo risco Brasil, os títulos do país pagam uma sobretaxa de 1% sobre os papéis dos EUA.

No último ano de FHC ele registrou seu maior nível em toda a série histórica, alcançando 2.446 pontos em setembro de 2002. O Brasil ostentava um dos quatro maiores riscos entre todos os países do mundo, superado apenas por Argentina (que acabara de entrar em default), Nigéria (em guerra civil) e Equador.

A recuperação dos fundamentos macroeconômicos, trazendo estabilidade à economia, resultou em que o índice alcançasse a mínima de 137 pontos em maio/07. Atualmente o risco está em torno de 200 pontos.

O que achar desse confronto de fatos, não de “vamos conversar”?

(*) Professor de Macroeconomia da Universidade Federal do Pará

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