Crédito: RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA
Em maratona na Grande São Paulo, ex-presidente critica 'nervosismo' do setor financeiro, alerta que não se pode brincar com eleição, cita Jânio e Collor e diz que não é hora de aventura: 'Deu no que deu'
por Redação RBA
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou hoje (30) a ideia de associar as oscilações do mercado financeiro ao desempenho eleitoral de Dilma Rousseff. Durante ato em Itapevi, na Grande São Paulo, o petista pediu que os militantes e os admiradores da candidata do PT à reeleição trabalhem para ganhar votos.
“Esta semana vão começar as mentiras como sempre começou. Hoje ouvi dizer que o mercado tá nervoso porque a Dilma vai ganhar. Eu ganhei em 2002 e não pedi voto para o mercado. Eu ganhei em 2006 e não pedi voto para o mercado. A Dilma ganhou em 2010 e não pediu voto para o mercado. Ela vai ganhar em 2014. A gente pede voto é para cada mulher e para cada homem deste país, que aprendeu a andar de cabeça erguida.”
Ontem a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 4,52%, com destaque para as ações da Petrobras e de outras estatais. Hoje a Bovespa registrou queda de 0,93%. No fechamento do mês, o dólar fechou 9,33%. Os movimentos do mercado têm sido associados por consultorias e pela mídia tradicional ao desempenho de Dilma nas pesquisas: altas da presidenta resultariam em oscilação negativa no mercado financeiro, e quedas da candidata serviriam de estímulo para elevações de ações.
Ontem, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a forte queda da Bovespa estava associada a uma série de fenômenos internacionais, e não ao cenário eleitoral. Ao comentar o tema, na última semana, Dilma afirmou que a situação está ficando ridícula e que até para especulação tem limite.
Já Lula criticou a postura da elite brasileira e de veículos de comunicação, atribuindo a atitude de atacar o PT a certo inconformismo com as mudanças ocorridas no país ao longo dos 12 anos de administração do partido. “Eu vejo a madame nervosa porque na sexta-feira vai jantar com seu marido na alta sociedade, ela bota um perfume e sai. Na segunda-feira, a empregada doméstica vem trabalhar com o mesmo perfume que ela usou na sexta-feira. Ela comprou em doze vezes, em dez vezes. Não importa. Ela tem direito”, disse.
A caminhada em Itapevi foi parte de uma maratona mantida pelo ex-presidente nos dois últimos dias. Na segunda-feira ele participou de atos com Dilma e Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo do estado, na zona sul de São Paulo, e em Franco da Rocha, na região metropolitana. Hoje, esteve em Itapevi, Barueri, Carapicuíba e Osasco, todas na Grande São Paulo, e amanhã faz atos nas zonas sul e leste da capital. Nos atos, Lula tem feito comparações entre o que a população pobre tinha antes de seu governo e o que tem hoje.
Em Carapicuíba, Lula fez menção indireta a Marina Silva (PSB), que não foi citada nos discursos feitos nas outras cidades. O ex-presidente retomou ideia difundida pela propaganda do PT na televisão associando a ex-ministra do Meio Ambiente às imagens de Jânio Collor e Fernando Collor de Mello, presidentes eleitos sem base política e que não concluíram seus mandatos.
“A gente não pode brincar com eleição. A gente não pode fazer aventura. Este país já votou numa vassoura, que foi o Jânio Quadros. Este país já votou no caçador de marajás, que foi o Collor. E nós sabemos que deu no que deu. Precisamos votar numa pessoa responsável, com caráter. Pessoa que quando tinha vinte anos de idade estava presa e torturada para lutar por dignidade e democracia neste país.”