Em discurso em evento da CUT, presidenta – em seu primeiro ato pela reeleição – diz que não vai faltar energia no Brasil, mas em SP pode faltar água' e que campanha vai confrontar verdade e pessimismo
por Eduardo Maretti, da RBA
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff começou hoje (31), em Guarulhos, na Grande São Paulo, a campanha à Presidência da República com críticas à oposição. "Não vai faltar energia no Brasil. Agora, aqui em São Paulo, água pode faltar. Tomamos todas as providências para que no Brasil não faltasse energia elétrica", disse, comparando previsões de que o país sofreria crise no sistema e com os graves problemas de abastecimento de água no estado governado pelo tucano Geraldo Alckmin.
"Quando Lula foi eleito em 2002, dizíamos: 'a esperança vai vencer o medo'. Agora, temos de saber que é a verdade que tem de vencer o pessimismo", afirmou, como em discursos recentes. "A verdade vence a falsidade e o pessimismo quando a gente lembra do que aconteceu na Copa (do Mundo), quando a gente lembra que todos os jornais diziam que ia faltar luz elétrica, energia no Brasil."
A presidenta usou uma imagem futebolística ao repetir o discurso sobre o sucesso da Copa. "A Copa deu certo, foi aquele sucesso. O povo brasileiro, junto com o governo, deu uma goleada nos pessimistas."
Segundo ela, o início da campanha de fato vai colocar em evidência as diferenças entre as propostas dela e da oposição. "Vamos fazer uma campanha respeitosa. Não precisamos xingar ninguém. Mas é uma campanha que vai confrontar a verdade ao pessimismo que querem implantar no Brasil e criar um ambiente de quanto pior melhor. Nós queremos quanto melhor mais futuro, quanto melhor mais saúde, educação, segurança e direito pros trabalhadores."
No discurso a militantes da CUT, durante a realização da 14ª plenária da central, ela indiretamente alfinetou o adversário do PSDB, o senador Aécio Neves (PSDB), e se comprometeu a garantir e ampliar os direitos dos trabalhadores conquistados nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no dela. "Não fui eleita nem serei reeleita para reduzir salário de trabalhador, para desempregar trabalhador. Não fui eleita nem serei reeleita para colocar nosso país de joelhos diante de quem quer que seja", declarou. "Um dos nossos compromissos fundamentais é com a valorização do salário mínimo. Essa continuidade vocês podem esperar de mim, consolidar as conquistas que nós conseguimos juntos conseguimos para o país."
De acordo com ela, o projeto de inclusão social, garantia dos direitos dos trabalhadores e a manutenção dos fundamentos econômicos baseados, entre outros pilares, no mercado interno, são mais importantes do que o nome colocado na disputa eleitoral. "Mais uma vez nós vamos eleger um projeto, não é A, B, C ou D, mas quem representa esse projeto. Um projeto que garantiu que esse país jamais voltasse a recorrer três vezes, como eles recorreram no passado, em 1999, 2001 e 2002 ao FMI", lembrou.
"Eles (os governos de Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2002) ficaram de joelhos diante do Fundo Monetário Internacional. Deviam US$ 37,8 bilhões. Hoje nós temos dez vezes mais do que isso, temos reservas de US$ 380 bilhões. É por isso que eles tossem. Nós atualmente temos remédios contra essas tosses, e esse remédio não passa pelo desemprego", disse a presidenta.
Após admitir, há alguns meses, que adotaria medidas "impopulares", o candidato tucano à presidência tem sido questionado sobre o tema, mas tem despistado. "Não existem medidas impopulares, são medidas necessárias. Eu tomarei medidas necessárias", afirmou, por exemplo, em sabatina realizada pelo um portal de notícias há duas semanas.
Dilma disse ainda que não pretende ser unanimidade, mas que é fiel aos compromissos assumidos. "Posso não agradar a todos o tempo todo, aliás posso desagradar alguns , mas podem ter certeza de uma coisa: eu não traio meus princípios, meus compromissos."