Em 2023, o Brasil registrou uma redução expressiva no número de jovens entre 15 e 29 anos que nem estudam e nem trabalham, os chamados “nem-nem”. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2024, divulgada pelo IBGE, a taxa caiu para 21,2%, abrangendo 10,3 milhões de brasileiros. Em comparação com 2022, quando o percentual era de 22,3% (663 mil pessoas a mais), houve uma queda de 5,8%. Este é o menor índice da série histórica iniciada em 2012, marcando um avanço significativo.
“O avanço é ainda mais significativo quando comparado aos anos críticos entre 2016 e 2020, período marcado por uma taxa de 28%. Esse pico refletiu o impacto da recessão econômica, da pandemia de Covid-19 e de políticas insuficientes adotadas pelos governos Temer e Bolsonaro, que agravaram as vulnerabilidades sociais”, avalia a secretária da Juventude da Contraf-CUT, Bianca Garbelini.
Em nota de divulgação do estudo a analista do IBGE, Denise Guichard, afirma que “esta redução se deve à melhora do mercado de trabalho, ao aumento no número de jovens que estudavam e estavam ocupados e também às mudanças demográficas que levam a uma gradual diminuição da população mais jovem no país”.
O estudo ressalta, porém, que a proporção de jovens afetados (20%) ainda é preocupante, especialmente entre mulheres negras e jovens de famílias em situação de pobreza. “Apesar do cenário atual ser mais positivo, os dados revelam o impacto contínuo das desigualdades sociais”, diz o texto do IBGE.
Para Bianca Garbelini, no entanto, é um sinal dos avanços, da diferença de ter um governo que dialoga com a classe trabalhadora e que escuta as demandas e se preocupa com os problemas reais das pessoas da classe trabalhadora. “No final das contas, é sobre isso, sobre resolver problemas reais, sobre dar oportunidade de estudo, de trabalho, de colocar comida na mesa, para que esses jovens possam, enfim, se desenvolver, crescer e ter uma vida melhor.”
Os dados demonstram que quanto menor a faixa de rendimento, maior a proporção de jovens de 15 a 29 anos fora do sistema de ensino e sem trabalho. Nos domicílios com menores rendimentos, 49,3% dos jovens (praticamente a metade) não estudavam e não estavam ocupados. Nos 10% de residências com maiores receitas, esta porcentagem era de apenas 6,6%.
Apesar da boa notícia dos jovens que saíram do estado apelidado de “nem-nem” (nem trabalham e nem estudam), o Brasil ainda não alcançou os níveis registrados antes da pandemia de covid-19 no grupo de crianças de 6 a 14 anos no ensino fundamental. Em 2019, a taxa era de 97,1%, mas caiu para 95,2% em 2022 e 94,6% em 2023.
A principal razão apontada pelos homens de 15 a 29 anos para deixarem os estudos foi a necessidade de trabalhar. Já entre as mulheres da mesma faixa etária, a gravidez (23,1%) e as tarefas domésticas (9,5%) juntas foram mais prevalentes do que a necessidade de trabalhar (25,5%) como motivo para o abandono escolar.
Os afazeres domésticos também impulsionam uma grande quantia de mulheres para fora da força de trabalho, ou seja, elas não estão estudando ou trabalhando e nem procurando emprego. Esta situação ocorre com 76,5% das jovens sem trabalho e estudos com idade entre 15 a 29 anos, contra 61,7% dos homens da mesma idade e situação. A diferença é de 14,8 pontos percentuais entre os gêneros.
Fonte: Contraf-CUT