Elizabeth Cristina Ferreira trabalha como manicure, o companheiro dela, é mototaxista. Cinco crianças, uma delas com síndrome de down, dependem financeiramente do casal, morador do bairro do Tapanã, sem renda fixa.

“Somos em sete, e nem todo mês, com o que eu e meu companheiro ganhamos, dá pra fechar todas as contas do mês; e nessa pandemia o que era difícil ficou ainda pior. O auxílio emergencial veio como um reforço extremamente necessário, mas mesmo assim, antes do final do mês, algum alimento falta e nem sempre conseguimos repor. A ajuda que vem da Campanha de Solidariedade Amazônia Viva é fundamental para que o básico não falte”, reconhece a trabalhadora.

A Campanha de Solidariedade ‘Amazônia Viva’ surgiu em meio a pandemia e foi planejada e criada pela Central Única dos Trabalhadores, entidade a qual o Sindicato é filiado. “A parceria de entidades como a do Sindicato dos Bancários do Pará tem sido essencial para que nossa Campanha continue levando comida à mesa de centenas de famílias paraenses, especialmente às mães solo e pessoas em situação de risco e que se recuperam da covid-19″, destaca a presidenta da CUT-PA, Euci Gonçalves.

O principal levantamento sobre a fome no mundo aponta que no período de 2018 a 2020 a insegurança alimentar grave, ou seja, fome, atingiu 7,5 milhões de brasileiros, quase o dobro dos 3,9 milhões registrados entre 2014 e 2016. Por outro lado, estudo igualmente confiável aponta que em 2021 o Brasil conta 19,3 milhões de pessoas vivendo em pobreza extrema.

Se somar aos que passam fome com aqueles que os organismos internacionais classificam de insegurança alimentar moderada – ou seja, têm alimentação precária ou estão sob risco de não tê-la todos os dias – são 49,6 milhões de pessoas subnutridas. Em 2014 eram 37,5 milhões.

Os dados são da pesquisa “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil”, elaborada pela Rede Penssan, e mostram que o Brasil retrocedeu 15 anos em cinco, voltando a ter a fome como problema estrutural. Os resultados evidenciam que, em 2020, a insegurança alimentar e a fome no Brasil retornaram aos patamares próximos aos de 2004.

“A pandemia junto a falta de políticas públicas eficazes fez com que o Brasil retrocedesse e milhares de família passaram fome ou não tinham certeza se teriam comida no dia seguinte e foi em meio a essa triste realidade que várias entidades sindicais se uniram à Campanha Sindicato Solidário e outras de doação de alimentos. Desde o ano passado estamos levando alimentos a diversas famílias paraenses e a intenção é continuarmos com essa proposta, por isso no dia da vacinação da categoria aqui na capital, fizemos o pedido aos bancários e bancárias que vieram se vacinar que doassem alimentos não perecíveis e assim conseguimos arrecadar meia tonelada que está sendo distribuída a vários projetos solidários na capital”, explica a vice-presidenta do Sindicato, Vera Paoloni.

Outra iniciativa que recebeu parte dos alimentos arrecadados pelo Sindicato é o ‘Núcleo Guamá Mobiliza’ que atende jovens de 8 a 16 anos, moradores do bairro mais populoso de Belém, o bairro do Guamá com uma população estimada de 94.610 moradores, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O projeto surgiu ano passado, em meio a pandemia e durante as eleições municipais. Foi quando conheci de perto as várias necessidades do meu bairro que antes só via em noticiários, uma delas é a fome, ela infelizmente é real. Mas nosso trabalho não se limita a doação de cestas, fazemos um acompanhamento multidisciplinar, que envolve assistência social, escolar, esportivo e nutricional”, conta o coordenador adjunto da organização política, Abelardo Cavalcante.

Bora ajudar?

A sede do Sindicato dos Bancários do Pará em Belém, e as subsedes em Marabá e Santarém, respectivamente, são pontos de coleta.

Belém (sede) – Rua 28 de setembro, 1210 – Reduto | (91) 3344-7799

Marabá (subsede) – Folha 27, Quadra 14, Lote 18 – Nova Marabá | (94) 2323-1522

Santarém (subsede) – Tv. Dom Amando, 787, Santa Clara | (93) 3523-4166

Fonte: Bancários PA com Brasil de Fato