O novo cenário pandêmico colocado pela variante ômicron somado à epidemia de gripe exige mais restrições sanitárias para garantir um ambiente de trabalho seguro. Foi, em síntese, o consenso a que chegaram dirigentes do Sindicato e os delegados sindicais do BB, da Caixa e do BRB em reunião organizativa realizada nesta quinta-feira (13) em ambiente virtual.
O encontro também apontou para expansão imediata do home office, realização de testagens, afastamento dos contaminados e contactantes, fornecimento ampliado de equipamentos de proteção individual (EPIs) entre outras medidas como saída para a alta proliferação dos vírus.
A reunião foi permeada de denúncias de descumprimento dos protocolos de saúde e segurança contra o coronavírus nos locais de trabalho dos bancários. Os trabalhadores contam que falta máscara, álcool para higienização das mãos e das estações de trabalho e testagem em massa. Também, lutam contra a imposição de retorno do grupo de risco ao trabalho presencial e a sobrecarga de trabalho em razão dos afastamentos por Covid, gripe e outras doenças como depressão ou transtornos de ansiedade, que pioram ainda mais o cenário das agências lotadas.
Presidente do Sindicato, Kleytton Morais, lembrou que mesmo diante do imenso desafio que é defender a vida e os trabalhadores em tempos de negacionismo e precarizações, “a ação conjunta e tempestiva da entidade e dos delegados e delegadas sindicais tem garantido a aplicação de medidas sanitárias e preventivas. O novo contexto, no entanto, requer ampliação a contento, capaz de preservar a vida e a saúde dos bancários, dos trabalhadores terceirizados e dos clientes e usuários do sistema bancário”.
O dirigente antecipou que vai procurar o Comitê de Crise do Governo do Distrito Federal, como fez em várias oportunidades desde o início da pandemia. “O absurdo e a intransigência dos bancos em afrouxar as medidas de segurança contra o coronavírus será rebatido com robusta luta em várias frentes, como a situação exige. Vamos atuar e cobrar a responsabilidade dos bancos e do governo local com respeito ao conjunto de medidas e protocolos com vistas à proteção dos trabalhadores bancários e da sociedade”, finalizou Kleytton.
Vanessa Sobreira, secretária de Saúde do Sindicato, abordou a atuação da Clínica do Trabalho do Sindicato, cujo atendimento profissional psicológico dá suporte a bancários e bancárias em sofrimento por causa do trabalho. “Dentro desse novo cenário, tanto do home office quanto do presencial, estresse e ansiedade estão sendo somadas às consequências do isolamento social prolongado e principalmente às perdas de entes e amigos. Assim, com a ômicron e seus altos índices de transmissibilidade,acreditamos que dar fim à modalidade do trabalho em home office é assinar uma política de extermínio físico e mental”, comentou a dirigente que é empregada da Caixa.
Com o filho mais novo nos braços, a diretora do Sindicato e secretária de Saúde da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) Rafaella Gomes demonstrou a realidade das pessoas que foram obrigadas a retornar do trabalho remoto, sem qualquer planejamento, além de reforçar a necessidade de rigidez no cumprimento das medidas sanitárias para todos os trabalhadores. “Impor atividades presenciais que já comprovadamente podem ser exercidas sem qualquer prejuízo à população ou aos bancos agora, quando o país está há poucos passos do colapso na saúde, é um completo absurdo. Sendo a agência bancária e os departamentos administrativos do banco espaços propícios ao contágio dos vírus Influenza e SARS-CoV-2, o mais prudente é o lockdown, o home office, PFF2 para todos os trabalhadores e vacinação”, listou a dirigente.
Encaminhamentos
Dentre outros direcionamentos, o encontro definiu como ações gerais para os próximos dias:
– 18/1 plenária geral dos bancários e demais trabalhadores do sistema financeiro, virtual, a partir das 20h;
– 20/1 Dia de luto e luta (vista preto);
– 25/1 Paralisações e retardamento de atividades contra demissões, por novas e imediatas contratações, contra metas abusivas e desumanas, por testagens e protocolos universais para todos os trabalhadores nos bancos;
– Estado de alerta e mobilização a ser levado a apreciação de plenária;
– Adequar horário e situações de atendimento nas agências restrito a casos essenciais e de urgência;
– Assegurar adoção de protocolos robustos de acesso às agências, diminuindo o número de pessoas em atendimento;
– Instituir comissão de fiscalização nos locais de trabalho (agências e prédios);
– Aplicar e difundir questionário de fiscalização e monitoramento das condições de trabalho e riscos à COVID;
– Retorno massificado do home Office imediatamente, evitando as aglomerações de trabalhadores nos prédios administrativos;
– Estender home office a todas atividades possíveis até 28/1, de modo a contribuir no achatamento da curva de contaminação;
– Orientar a emissão de CAT nos casos de COVID;
– Reforço e adesão à nota de repúdio à conduta antissindical do Banco do Brasil.
Outras premissas fundamentais a serem adotadas e praticadas pelos bancos:
Pautas específicas do BB
– Convocar reunião de delegados e delegadas sindicais do BB, virtualmente, na próxima segunda-feira, às 19;
– Instituir as comissões de fiscalização e enfrentamento à COVID no EDF BB, Sede 3 e agências;
– Promover debate sobre a situação do atendimento Cassi;
– Reforço e adesão à nota de repúdio à conduta antissindical do Banco do Brasil;
Pautas específicas do BRB
– Retorno dos empregados do grupo de risco e coabitantes ao home office;
– Exigir que o banco reforce e cobre de maneira mais constante os protocolos, principalmente na obrigação do uso de máscaras, controle de entrada dos clientes e medição de temperatura, principalmente nas agências que estão fazendo pagamento dos benefícios sociais;
– Exigência de mais qualidade e maior quantidade de material de limpeza;
– Exigência de testagem em massa para os terceirizados, seja pela empresa ou banco ;
– Realizar manutenção ou troca de equipamentos como as proteções de acrílico (algumas estão caindo pois foram mal colocadas) e suportes de álcool em gel ( estão quebradas e outras não saem mais o álcool).
Pautas específicas da Caixa
– Retorno dos empregados do grupo de risco e coabitantes ao home office;
– Exigir que o banco reforce e cobre de maneira mais constante os protocolos;
– Fiscalização no uso do elevador
– Exigência de testagem em massa;
– Adequação da rotina das agencias para executar apenas atividades de cunho emergencial como pagamento do benefício PIS e Auxilio Brasil de modo a resguardar a vida dos empregados e cidadãos.
Joanna Alves
Do Seeb Brasília