Na noite desta sexta-feira, dia 24, o Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região comemorou seus 65 anos de luta em defesa dos direitos da categoria bancária, sendo uma das entidades mais antigas e atuantes de Mato Grosso do Sul.
Para marcar a data, foi realizada uma solenidade que reuniu bancários e bancárias, atual diretoria executiva, dirigentes sindicais, ex-presidentes da entidade e autoridades públicas.
A mesa da solenidade foi composta pelas seguintes autoridades: presidente do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues; ex-presidente da Contraf-CUT, Roberto Von Der Osten; deputado federal Vander Loubet; deputada federal Camila Jara; presidente da CUT/MS, Vilson Gimenes Gregório; presidenta da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias (FETIEMS), Cleo Bortolli; presidente do Sinergia-MS, Francisco Ferreira; presidente do diretório do PT em Campo Grande, Agamenon do Prado.
A presidente do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues, destacou a importância de comemorar os 65 anos de lutas e conquistas do sindicato. “É um sindicato que representa uma atividade muito forte e que serve de parâmetro para muitas outras entidades sindicais, porque somos a única categoria que tem uma Convenção Coletiva de Trabalho Nacional, e isso é fruto de muita luta, de muita batalha”, disse.
Neide lembrou que, quando o bancário entra no banco, os vários benefícios não são fornecidos pelo banco. “É importante lembrar que esses benefícios foram lutas. Por isso, é importante frisar que os trabalhadores sozinhos não alcançam nenhum benefício, que é o sindicato que faz a luta, é o sindicato que reivindica, que é o sindicato que ouve aquilo que os trabalhadores querem”. Mas a presidente ressaltou que as conquistas foram graças à unidade nacional da categoria, que a cada ano conquista avanços nas negociações.
Segundo a presidente do sindicato, as pautas da categoria e da classe trabalhadora só vão avançar com pessoas comprometidas ocupando espaços de poder. “Sem participação na política nós não somos ninguém. Se você não gosta de política, você está dando espaço para aquele que gosta, que vai fazer do jeito dele, que, muitas vezes, é totalmente contrário à luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Por isso, precisamos nos organizar e eleger políticos comprometidos, que nos auxiliem, que nos defendam”, ressaltou.
O deputado federal por seis mandatos, o bancário de carreira Vander Loubet, confirmou a importância do sindicato na política. Ele foi dirigente sindical entre 1985 e 1989, num momento de redemocratização do país, onde os trabalhadores não estavam organizados, não tinham seus direitos respeitados e nem condições adequadas de trabalho.
“Naquela época, tivemos várias conquistas, mas entendemos que só a luta de uma categoria não era suficiente para garantir os direitos e as necessidades da classe trabalhadora. Por isso, surgiu as centrais dos trabalhadores, para unificar a luta, a luta coletiva. Mas a luta sindical também não cumpria todas as nossas demandas, por isso, começamos a participar, gostando ou não, da atividade política, de ocupar os espaços no Legislativo e nos governos. Começamos uma bancada no Congresso para defender os nossos interesses. Como nós somos maioria, nós podemos ocupar esses espaços”, destacou o parlamentar.
A deputada federal Camila Jara também lembrou da importância dos sindicatos na construção dos direitos dos trabalhadores. “Se existe melhoria salarial, se existe briga para que as pessoas tenham sua dignidade respeitada, é porque os sindicatos são fundamentais nessa construção. Precisamos ter em mente que, para conseguir avançar mais ainda, precisamos de sindicatos fortes. Precisamos da luta coletiva para que os nossos direitos avancem e sejam reconhecidos”, completou.
Após a solenidade de abertura, o ex-presidente da Contraf, do SEEB-Curitiba e da CUT-PR, o bancário aposentado Roberto Von Der Osten, fez uma explanação histórica sobre a luta e conquistas do movimento sindical. Betão, como é conhecido, lembrou que o sindicato é uma invenção na época da revolução industrial, numa época que as indústrias começaram a explorar violentamente a mão de obra, com jornada diária de mais de 16 horas.
Ele também comentou sobre a vinda dos sindicatos para o país, junto com os imigrantes, e toda sua história de luta e repressão na época da ditadura militar. “Por que inventamos os sindicatos? Para equilibrar a luta de classe, entre os trabalhadores e os patrões. Quem media o conflito entre essas duas partes, são os sindicatos, que vão lá e negociam em nome dos trabalhadores”, disse.
Betão encerrou falando do desafio em informar os trabalhadores em tempo de redes sociais e fake news. “Informar os nossos trabalhadores não é fácil, mas temos que continuar a estimular a organização, a construir um futuro mais justo, fraterno e igualitário”, concluiu.
Durante as comemorações, a presidente do sindicato, Neide Rodrigues, assumiu o compromisso de criar o Departamento dos Bancários Aposentados para valorizar a experiência e o conhecimento de quem contribuiu para a categoria e o movimento sindical. “Muitos aposentados saem do local de trabalho e, muitas vezes, não tem mais aquele carinho, atenção ou até mesmo a possibilidade de contribuir com a entidade que ele também esteve ao lado na luta”, comentou.
Esse compromisso do sindicato foi dado ao lado das representantes dos aposentados do Banespa, Zoia Rodrigues de Lima e Epomira Bennet Rodrigues Ferreira, e também dos ex-presidentes do sindicato, Iaci Azamor Torrer, Edvaldo Barros e José Aparecido Clementino Pereira.
Em clima de confraternização, um coquetel foi servido aos presentes após a cerimônia. A noite foi animada pela apresentação musical do bancário Helamã Veiga Miranda Fonseca, marcando os 65 anos da entidade com muita música e alegria.
A história do sindicato começou no dia 25 de maio de 1959, com a criação da Associação Profissional dos Empregados Bancários de Campo Grande. Em 1963, por meio da Carta Sindical outorgada pelo Ministério do Trabalho, a Associação tornou-se o Sindicato dos Trabalhadores em Atividades Bancárias de Campo Grande.
Em 1992, foi assinada a Convenção Coletiva de Trabalho que passou a vigorar em todo país e com conquistas importantes para todos os bancários: aumentos reais de salários todos os anos (doze anos consecutivos de aumento salarial acima da inflação), licença-maternidade de seis meses, PLR, extensão de direitos a casais homoafetivos, cesta-alimentação, vale-cultura, entre outras.
E, em função da tradição de luta do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, a entidade passou a integrar, a partir de 2007, o Comando Nacional dos Bancários, órgão colegiado responsável pelas principais decisões sobre as campanhas bancárias em todo Brasil.
O trabalho realizado pelo SEEBCG-MS beneficia mais de 2.000 bancários e bancárias que atuam na capital e mais 27 municípios do Estado.
Confira algumas das conquistas após a assinatura, em 1992, da Convenção Coletiva de Trabalho, que garantiu à categoria os mesmos salários e os mesmos direitos em todo o território nacional:
1992 – Assinatura da primeira Convenção Coletiva de Trabalho válida para todo o país;
1994 – Conquista do vale-alimentação;
1995 – Bancários são a primeira categoria a conquistar a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em Convenção Coletiva de Trabalho;
1997 – Luta conquista a complementação salarial para bancários afastados por doença ou acidentes e a verba de requalificação profissional na demissão;
2000 – Inclusão na CCT da cláusula sobre igualdade de oportunidades;
2003 – Primeira campanha salarial unificada da categoria bancária com a inclusão dos bancários do BB e da Caixa. Após greve, trabalhadores dos bancos públicos conquistam a mesma PLR dos bancos privados;
2004 – Conquista, com a greve de 30 dias, de aumento acima da inflação, o que se repetiu por 12 anos seguidos;
2006 – Pela primeira vez, BB e Caixa assinam a Convenção Coletiva de Trabalho com os demais bancos. Implantação de grupo de trabalho para debater assédio moral;
2007 – Conquista da 13ª cesta-alimentação e do valor adicional à Participação nos Lucros e Resultados;
2009 – Licença-maternidade de 180 dias. Mudança no modelo de cálculo e melhorias da PLR adicional. Extensão de direitos aos casais homoafetivos;
2010 – Instrumento de combate ao assédio moral e a valorização do piso salarial. Na segurança ficou assegurado: a obrigatoriedade do registro de BO, a divulgação de estatística semestral do setor, a garantia de transferência do bancário de agência em caso de sequestro e atendimento psicológico no pós-assalto;
2011 – Valorização do piso salarial e da PLR. Proibição da publicação do ranking de performance no cumprimento de metas, usado para pressionar e assediar os trabalhadores. Na segurança, ficou proibido o transporte de valores por bancários;
2012 – Afastados por problemas de saúde, que ficam sem o salário e sem o benefício do INSS enquanto aguardam perícia ou devido à alta programada, passam a ter sua remuneração mantida. Conquista do segundo Censo da Diversidade (o primeiro foi realizado em 2008) com o objetivo de averiguar as condições de mulheres, negros e PCDs nas empresas. Os dados foram colhidos e divulgados em 2014;
2013 – Conquista do abono-assiduidade, que garante o direito a folgar um dia durante o ano. O combate ao assédio moral é ampliado com a proibição de envio de mensagens aos celulares dos funcionários para a cobrança de metas. Foi conquistada a não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados por doença ocupacional;
2014 – Aumento real para os salários; bancos passam a custear exames de CPA-10 e CPA-20 exigidos pelas instituições financeiras, se o bancário for aprovado. Mulheres que forem demitidas e engravidarem durante o aviso prévio proporcional serão readmitidas. Cláusula específica para combater as metas abusivas;
2015 – Mais um ano consecutivo de aumento salarial acima da inflação, além de reajuste ainda maior para vales refeição, alimentação e 13ª cesta. Combate ao assédio moral e às metas abusivas segue com a conquista de uma nova cláusula que trata de ajustes na gestão das instituições de modo a reduzir as causas de adoecimento;
2016/2017 – Pela primeira vez, os bancários fecharam acordo válido por dois anos, que se mostrou extremamente importante diante da aprovação da reforma trabalhista, que acabou com a validade dos acordos coletivos até sua renovação. Conquista da licença paternidade de 20 dias;
2018/2019 – Parcelamento do adiantamento das férias e a realização de novo censo da diversidade, para avançar na promoção da igualdade de oportunidades nos bancos para mulheres, negros e PCDs;
2020/2021 – Conquista do Programa de prevenção à violência doméstica e familiar contra bancárias: A empregada que for vítima de violência doméstica poderá pedir alteração de regime de trabalho; solicitar a realocação para outra dependência; e linha de crédito ou financiamento especial;
2022/2024 – Conquista da Cláusula de combate ao assédio sexual e regulamentação do teletrabalho.